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novembro

Só Para Pensar – Sergio Trombelli

Coluna Só Para Pensar

Publicado

em

A FUNÇÃO SOCIAL DE CADA UM

Ruas, casas, edifícios, praças, fábricas, escritórios, lojas, supermercados, se somarmos todos estes elementos, além de outros não citados, não temos dúvidas de que estamos falando de uma cidade. Contudo, cidade é muito mais do que isso. Aristóteles, há mais de dois mil anos sentencia que “o todo é mais do que a soma das partes”.

Por esta razão, não bastam os elementos citados acima para termos uma cidade, é preciso que a somatória destes elementos gere uma organicidade capaz de estabelecer relações produtivas de tudo que nela está contido. E quem faz com que os relacionamentos se estabeleçam, é o ser humano.

Os tijolos, o asfalto, os telhados por si sós, seriam referências apenas de uma cidade fantasma. Quem faz as coisas funcionarem são as mãos humanas, o pensamento criativo humano, o progresso gerado, a generosidade das condutas, a caridade humana, a ordenação das ações humanas, o amor entre os humanos, a convivência humana entres os entes envolvidos, mesmo sendo diferentes, porque a convivência dos contrários também é salutar, criativa, progressista.

A história da humanidade, obviamente, começa quando o ser humano entra em cena. De outra parte, quando se estabelece o agrupamento dos seres humanos temos uma comunidade. A palavra por si só é explicativa: comum unidade.

Em suma, é na unidade dos interesses comuns que a união se faz e uma cidade existe e progride. Neste contexto, o trabalho individual e coletivo é o que garante a comum unidade da comunidade onde vivemos. Por isso, o trabalho tem uma dimensão que vai além da sua própria materialidade humana.

Qualquer comunidade subsiste graças ao trabalho individual das pessoas. Veja, você acorda, toma café, come alguma coisa que comprou no supermercado, onde o atendente ou a atendente o serviu. Sai de casa, pega seu caro, cujo frentista do posto abasteceu, ou pega o ônibus e vai ao seu emprego. Lá você dá aulas se for professor, ou se médico atende doentes, ou faz serviços de escritório, enfim cada um dentro da comunidade exerce uma função cujo objetivo é tornar orgânico o todo, a unidade que existe naquela comunidade.

Por isso, cada ser humano é importante a seu modo e os que não trabalham são parasitas sociais que vivem só recebendo e nada dando de si mesmos. Ou mais, há ainda os que executam mal o trabalho que fazem e com isso nada contribuem para o sucesso do todo.

Esta harmonia, embora esteja embasada na materialidade das ações, no emprego, no salário, é uma harmonia espiritual. Na verdade, tudo para mim tem uma dimensão espiritual, o que não exige a mesma interpretação do caro leitor.

Contudo, Hermes Trimegisto, dentro do Cabaillon, nos assevera que “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima. Existe uma correspondência entre as leis e fenômenos de todos os planos de existência e de vida. O microcosmo humano é governado pelas mesmas regras que o macrocosmo universal e vice-versa”.

É o Princípio da Correspondência hermética, de milenar existência.

Não foi sem sentido que Jesus afirmou em João 5:17-47 que “Meu pai trabalha até agora e eu trabalho também”. No que trabalharia mais o Pai, criador de tudo? No que trabalhava à época Jesus senão na harmonia espiritual da comunidade cristã de então?

Por esta razão é que qualquer trabalho é digno, ele serve ao Todo. Ao equilíbrio espiritual do Todo. Entretanto, se o trabalho dá dignidade ao ser, o ser, igualmente, deveria dar dignidade ao trabalho, coisa que não vemos ocorrer quando políticos corruptos deixam de lado a dignidade, se é que possuem, para apenas locupletarem-se do bem alheio, e em vez de servir aos outros – posto que foram eleitos para isso – o que vemos é que eles trabalham apenas para si, e expoliam a maioria operária.

Todo ente comunitário que desfigura sua função social, não contribui para o bem e o progresso que a comunidade precisa ter. Por isso, aqueles que estão pensando apenas em si neste momento de pandemia, ou que buscam enriquecer neste caos, explorando ou se omitindo, nada fazem pelos outros e nem por si mesmos aos olhos de Deus. São os espíritos vazios que habitam esta vida e habitarão na outra.

A espiritualidade existe em todos os cantos do espaço terrestre. Assim, ela está a nosso lado, no nosso lar, no nosso emprego, e, sobretudo está no próximo. Os tempos são difíceis, o nosso país sofre, por esta razão que o trabalho humano é mais requerido do que em tempos normais, e a caridade faz abrir os braços de quem sabe que ela precisa ser doada aos necessitados.

Exercendo nossa função espiritual dentro de nossa comunidade através do trabalho consciente e sadio podemos fazer isso, e a hora é já. Afinal, faz parte da crença cristã na palavra de Paulo de Tarso: “Caritas Christi urget nos“, 2 Cor 5,14.

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário
Pós-Graduado em Comunicação e Palestrante

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