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novembro

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Sociedade e Progresso I

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O ser humano é um animal gregário
Aristóteles

O ser humano só subsiste em sociedade, daí se ver que a sociedade não é aleatória, o ser humano “pensou” isso. Em outras palavras, a sociedade é uma escolha, imposta, sem dúvida, pela necessidade de subsistência, mas de fato uma escolha.

De maneira bem simplificada, no princípio, no mundo dos seres primitivos, se não fosse o grupo, o ser humano não teria subsistido, já que isoladamente ele teria sido exterminado por espécies mais poderosas da cadeia alimentar. Foi o grupo que possibilitou caçar junto para se alimentar, construir cabanas rudimentares contra o frio e assim sucessivamente, o que permitiu que a espécie humana vivesse e se tornasse a mais poderosa das espécies.

 — Leia também: Coluna convida a refletir sobre a transformação dos seres

Claro que há toda uma história bíblica que determina esta supremacia humana, fazendo com que Adão já nascesse pronto, senhor absoluto de tudo que havia num paraíso que a Bíblia descreve, convenientemente escondendo os perigos de então. Afinal, teria sido bom saber como Adão se livrou sozinho do Tiranossauro Rex, por exemplo.

Nos tempos primitivos, a inteligência humana era rudimentar, não desenvolvida, daí somente unindo esforços é que o grupo conseguiu perdurar no mundo. Depois veio a linguagem e a observação perspicaz da natureza: a cria dos animais, plantas que alimentavam, e aí o ser humano foi construindo um saber, lento, mas progressivo.

Kardec afirma que “Os espíritos foram criados por Deus ignorantes e iguais”, cuja função era evoluir. Junto dos demais, os homens e a mulheres evoluíram e a sociedade começou a dar os primeiros passos.

Na Língua Portuguesa o sufixo “dade” é acrescido a adjetivos para formar substantivos que expressam a ideia de estado, situação ou quantidade, desse modo temos “igual + dade = igualdade”, estado do que é igual, “leal + dade = lealdade”, estado de quem é leal, “mal + dade = maldade”, e assim sucessivamente, até social + dade, sociedade, situação do que é social.

Milênios e milênios e mais milênios após, a sociedade conseguiu se estruturar e se estabelecer, criou normas, princípios que redundaram em leis, de modo a permitir a convivência comum. O fazer coletivo proporciona unidade social. Quando temos, padarias, transporte, escolas, fábricas, hospitais, shoppings, polícia, escolas, hospitais, cada um dos indivíduos envolvidos faz esta engrenagem rodar e temos a sociedade organizada.

Assim, o comportamento humano não é resultado de instintos, mas fruto de normas que orientam suas ações e a organização social do grupo, as quais são acumuladas historicamente, e também podem ser modificadas ao longo do tempo de acordo com as necessidades de cada sociedade em especial.

É a sociedade que nos faz ser humanidade, onde as necessidades biológicas, psicológicas, econômicas, espirituais, se tornam comuns de modo a satisfazer os entes envolvidos, estimulando todos a produzirem trocas quer cognitivas, morais, econômicas, religiosas e isso nos proporciona interações como seres iguais.

As características fundamentais da sociedade estão por isso, embasadas na unidade de princípios e valores, e na diversidade de convivência entre os iguais e os contrários. Daí grupos diversos, ao longo do tempo fizeram associações diferentes e com isso as nações foram criadas.

Emmanuel nos ensina que:

Nenhum homem dispõe de faculdades completas e é pela união social que eles se complementam uns aos outros […] são feitos para viver em sociedade e não isolados.”

Daí a sociedade ser criada pelos indivíduos, ou então modificada por eles, por isso ela existe para o indivíduo, e todos trabalham para mantê-la, possuir objetivos comuns, fazendo com que eu esteja no outro e outro esteja em mim.
Assim, entre as formas de sociedade, a família é a mais importante, provavelmente, a mais perfeita, pois além do interesse material existe o amor entre os seus membros.

Ainda Emmanuel, “Não há medida para o homem, fora da sociedade em que ele vive. Se é indubitável que somente o nosso trabalho coletivo pode engrandecer ou destruir o organismo social, só o organismo social pode tornar-nos individualmente grandes ou miseráveis”.

Por este motivo, o Estado é fundamental para o fortalecimento da sociedade. Neste sentido, a vida política é a grande responsável para estabilidade do organismo social. A formulação das leis, a distribuição mais equitativa possível dos recursos e dos bens sociais a todos indistintamente, além da força para manutenção da ordem nas ações, forças estas tanto físicas quanto morais, legais, todas embasadas numa constituição que seja justa e obedecida, faz da sociedade, de fato, uma nação.

O problema é que esta ordenação e comando é feita por seres humanos, e por mais que as constituições possam ser perfeitas, os seres humanos não são. Daí a fragilidade do ser, muitas vezes, conduzir aqueles que comandam as ações, e assim acabam fugindo da ética, fazendo da corrupção uma norma que deturpa toda esta história milenar que nossa espécie lutou tanto para criar e conduzir até os dias de hoje.

Com isso, o próprio homem depois de tanto esforço para constituir a sociedade, contribui para que o progresso dela acabe acontecendo com a justiça social que lhe seja pertinente.

Mas, fiquemos por aqui, e quer pela falta de espaço ou não “encher mais o saco” do leitor, o progresso será uma outra história que acabaremos por fazer na coluna da semana que vem.

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário,
Pós graduado em Comunicação e palestrante

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