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Sociedade e Progresso II

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Só para pensar

Depois de três laudas sobre as sociedade, há duas semanas, perguntamos hoje: afinal, qual a finalidade da sociedade?

Simples, criar o progresso. Qual deles? Todos, individual e coletivo, moral e religioso, ético e justo de forma a tornar a vida das pessoas melhor do tem sido, com distribuição de riqueza, democratização de oportunidades e crescimento econômico, enfim, uma vida mais digna para o ser humano.

No fundo, o que é o progresso? É uma ideia e uma aspiração do século XVIII; o desenvolvimento, uma ideia e um projeto do século XX que continua no século XXI. Progresso vem do latim Progressus, que significa “um avanço”, daí ser a ideia de que o mundo pode se tornar gradativamente melhor no que diz respeito à ciência, tecnologia, modernização, liberdade, democracia, qualidade de vida, enfim.

É a aspiração pelo melhor, pelo bem; nas grandes e pequenas coisas e, sobretudo, dentro de nós na busca de nossa evolução interior.

O progresso é uma Lei que se realiza independentemente da vontade do homem. Tudo evolui, o mundo, criado e planejado por Deus, não visa nada além do melhor para todos os seus filhos, que somos nós.

Segundo o Espiritismo, o sentido maior do Progresso abrange a ideia de aperfeiçoamento e perfeição da sociedade e do ser, lembrando sempre: perfeição relativa da criatura, o máximo que a criatura pode querer, porque a perfeição absoluta é atributo unicamente do Criador.

O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente, contudo nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira. Daí o valor da sociedade na troca de experiências, na difusão do saber e criação de competências para todos. É a aldeia global.

“O ser humano é um conquistador insuperável”, afirma Joana de Angelis, por isso, o objetivo prioritário em relação ao progresso material, que é mais convidativo, acaba sendo privilegiado, enquanto que moralmente o ser humano é acomodado e só a vontade do indivíduo pode fazê-lo progredir.

Felizmente o progresso intelectual tem recebido, no decorrer deste século, mais incentivos, por isso mesmo tem atingindo um grau de desenvolvimento mais intenso, embora no Brasil, que é 9ª economia do mundo, mas ocupamos o 79º lugar no IDH – moralmente somos um péssimo exemplo para o mundo.

Desta forma, a desigualdade social é o que impede o progresso no Brasil, inúmeras pesquisas demonstram isso. A maioria dos brasileiros, cerca de 88%, diz que o progresso do país está diretamente ligado à redução da desigualdade econômica entre ricos e pobres, e 94% concordam que os impostos pagos pela população devem ser usados em benefício dos mais pobres.

É este o ponto vital deste assunto. Temos uma sociedade vibrante, bonita, capaz e com vontade de progredir. Mas há entraves sérios que impedem isso. O mais importante deles é a falta de planejamento dos governos na busca de mais justiça social.

A introdução da reeleição, no processo político do país, acabou tornando o primeiro mandato de prefeitos, governadores e presidentes num tempo de construção política em vez de construção do progresso.

Os mandatários planejam perpetuarem-se no poder e gastam os quatro primeiros anos maquinando maneiras de se reelegerem em vez de cuidar efetivamente do progresso do país. Claro que algo aqui ou acolá é feito, mas está longe de ser o que deveria ser feito para atender às necessidades da sociedade brasileira.

Isto desrespeita a ordem natural da finalidade da política, isto é, quem chega ao poder, deve deixar de lado suas prioridades para cuidar das prioridades do povo. É bíblico.

Entretanto, a ambição humana acaba superando todas as atenções sociais. Projetos de auxílio social são levados em conta não para o atendimento dos que mais precisam, mas como forma de cabalarem votos da perpetuação por mais quatro anos.

Todos os projetos sólidos e fundamentais, que devem ser pensados a longo prazo, são trocados por ações imediatistas com objetivos às vezes inomináveis.

Ressalvadas exceções, falta uma maior solidez espiritual a muitos políticos brasileiros. Espiritualidade não é privilégio da religião. Vemos em todos os cantos religiosos não espiritualizados, e muitos agnósticos com uma espiritualidade sólida, ética, capaz de colocar o ser humano num patamar de desenvolvimento social desejável.

Assim, sociedade e progresso caminham juntos, quando são unidos por vontades sérias de crescimento individual e social do povo, por parte daqueles que possuem, pelo voto, a obrigação de fazer deste país uma nação mais digna de todos os brasileiros.

Em tempo, a CPI terminou, vamos ver que progresso ela nos traz.

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário,
Pós-graduado em Comunicação e palestrante

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