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Democracia ou o quê?

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Sérgio Motti Trombelli

A globalização concentrou a riqueza e com isso, os menos favorecidos foram os mais prejudicados, a desigualdade hoje é a mais flagrantes das injustiças, afinal, ela segrega as pessoas mais carentes.

»» Leia também: Os mesmos retalhos, a mesma colcha

Muitos países hoje possuem PIB inferior do que empresas internacionais. Isto gerou uma força “off” dentro da política universal. Nenhum país está isento da força “oculta”, das organizações atuando nos destinos das nações.

Com isso, os interesses partidários passaram a ter uma escolha a mais. A dicotomia que era ‘situação versus oposição’, gerou outra dicotomia entre o ‘estado e os interesses empresarias’.
Por isso, os partidos não contam mais. São importantes apenas para dividirem o bolo do dinheiro estatal para cada eleição.

A população mais esclarecida vê isso tudo e se desencanta com a política. Não era pra menos.
Contudo, a política ainda é o último bastião da esperança dos habitantes que sonham que um milagreiro seja eleito para promover a justiça social e a distribuição de riquezas que tanto almeja. Tem sido em vão.

A democracia como filosofia de governo chegou à exaustão das suas tentativas e “novas fórmulas”, as quais redundam sempre nos cansativos discursos: “mais do mesmo”, ou “vamos mudar tudo para quer tudo fique do mesmo jeito”.

O poder se estabeleceu nas mãos dos que estão, porque eles legislam para perpetuação de si mesmos, afinal são eles que criam as leis e com isso os feudos voltaram a se estabelecer. Estados estão nas mãos de famílias, filhos e netos de políticos famosos sentam na mesma cadeira de seus pais e avós, e o espaço na política que os atuais detentores do poder fingem abrir “democraticamente” a todos, cada vez mais é de apenas alguns.

Com isso, a democracia passou a soar como uma narrativa falsa, uma vez que promete demais para oferecer de menos. Para calar a boca e aumentar a ilusão de bem-estar, foram criados programas de distribuição de dinheiro e alimentos das mais variadas formas : bolsa família, vale gás, vale leite, vale isso, vale aquilo, e o povo, recebendo migalhas cala boca, e mantém a esperança, enquanto fica com os baixos salários e se alimenta de uma mesa magra.

A solução foi buscar uma outra forma de acreditar no amanhã, e onde foram aportar? No passado, no oposto da esquerda, isto é, na direita. A direita cresceu no mundo todo. Ainda não é hegemônico, mas vem assustando a democracia e a esquerda de maneira exponencial.

No Brasil, ocorreu o mesmo. Bolsonaro – direita – embora tenha perdido para Lula – esquerda, ainda mantém acesa a chama da direita.

Pensadores “fundem a cuca” para explicar o porquê desta mudança e um retorno ao que foi.
“A extrema direita era marginal há dez anos, hoje está sendo falada por todos. Sua maior vitória é puxar o centro à sua direção, mudando o eixo de gravidade de todo o espectro político”, disse Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (FGV NPII).

A China tem um papel importante. Ela representa o sucesso da direita pelo seu desenvolvimento e melhoria de vida da população. Essa nova hegemonia está embasada principalmente nas pautas de costumes.

É preciso combater o excessivo liberalismo da esquerda, cujos valores são permissivos e até antirreligiosos. A liberdade se confunde com libertinagem, ultrapassa os limites e isto assusta. Vide Erich Fromm no célebre obra “Medo à Liberdade”.

A popularização das redes sociais enfraqueceu a imprensa e deu combustível para o radicalismo. Antes um falava e muitos ouviam, era o tempo dos chamados veículos de comunicação de massa. Hoje essas redes estão permitindo que muitos falem para muitos ouvirem. Assim, a verdade não é privilégio de uma só voz, mas de muitos, todos podem falar.

A imprensa em geral, calada sempre por anúncios publicitários e benesses do poder, detinha o poder de mostrar a “verdade”. Hoje as verdades são muitas, dando ao povo a possibilidade de escolher aquela que acham que devem, acreditar.

Junto disso, a democracia não conseguiu acertar a vida econômica. Países democráticos, onde se dizia que a riqueza era “do povo, para o polvo, pelo o povo” não passa de uma retórica mentirosa.

“Onde há crise econômica, a juventude é muito prejudicada e não vê futuro. Daí a força da extrema-direita, disseminada pelas redes sociais, se explica ainda mais. As mensagens têm características de grupos sociais, e não de movimentos políticos.” Afirma Emerson Cervi, cientista político da UFPR.

Com tantos fracassos da filosofia democrática, principalmente pelo fato de que ela não tem contribuído para uma melhoria da vida da população, haja vista a miséria que aumenta, no mundo todo, a busca de um caminho que seja diferente, passou ser tônica na cabeça do ser humano. E onde foram buscar “seus sonhos”?

No retorno ao passado, onde a direita estava instalada, à espera apenas de uma oportunidade.

A direita é a solução? Não sabemos. O que sabemos é que a democracia, como atualmente se encontra, não nos conduziu a um melhor amanhã.

Surge, então, um problema universal que a mente dos políticos, cientistas, filósofos atuais terão que resolver: que formato deveria ter a governança se a esquerda e a direita não são os melhores caminhos?

Lembremos São Tomás de Aquino, frente aos extremos a virtude está no meio.

Qual seria o meio? A dialética nos ensinou que entre a tese e a antítese, a síntese é o caminho, isto é, a junção de dois pensamentos antagônicos numa nova forma de pensar que faça dos contrários uma nova identidade, um modelo novo que mantenha os valores de ambos em uma nova forma de ser.

Seria isso possível? Entre esquerda e direita, o meio, com certeza, não é o centrão, porque ele sempre, desde seu nascedouro, é um pêndulo entre esquerda e direita, dependendo dos acenos do poder estabelecido, e quem não tem forma definida não pode ser paradigma de nada.
A síntese, uma forma de governo que não desprezaria a necessidade paternalista da esquerda e não impediria o liberalismo empreendedor da direita.

Onde está este regime? Uma pergunta cuja resposta pode ser a verdadeira saída para a fome, a miséria, a pesquisa, a industrialização, o livre comércio, a distribuição da riqueza, criada pelo ser humano, dada ao próprio ser humano, enfim uma resposta que poderia fazer a concretização dos sonhos de toda a humanidade.

Sérgio Motti Trombelli

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