Opinião
Opinião – Edição 5424
Mais uma tragédia anunciada
Uma lição que custa a ser aprendida pelas autoridades, ainda que seja conhecida por todos os governantes em todas as esferas de poder público. Habitações em áreas de risco não podem ser toleradas, mas elas ainda proliferam. E em muitos casos, contam com o olhar míope dos governos para se alastrar.
O momento é de chorar e viver o luto por nossos mortos e, também, lamentar o mau uso político que se fará de mais esse triste episódio em nossa história.
Ao se procurar a responsabilidade por esta e todas as tragédias que vitimaram cidadãos por causa de enchentes e deslizamentos de encostas em Guarujá e outras cidades do país, ela recai sobre todos os órgãos governamentais que não lidam com a questão com o devido empenho e atenção.
A tragédia que se abateu em Guarujá nesta semana em decorrência dos deslizamentos em dois morros que até o momento contabilizam vinte e tantos mortos, sempre foi uma ‘tragédia anunciada’ na cidade. Assim como nas demais cidades da região da Baixada Santista.
Não estão esquecidas as outras vítimas de deslizamentos no Morro da Vila Baiana e região da Cachoeira, na última década.
Essas tragédias já anunciavam que as encostas da cidade não são seguras contra as forças da natureza. E, por mais irresponsável ou ignorante que seja o cidadão que se abriga e sobrevive nesses locais, os governos tem sim, responsabilidade sobre essa população.
Por que, então, as pessoas continuam a viver nestas áreas? É preciso reconhecer que a questão habitacional em Guarujá vem avançando com mais celeridade no atual governo. Mas esta é uma prioridade de ontem e sempre. Há um déficit de mais de 30 mil moradias na cidade.
Considerando uma família de 5 pessoas em cada casa, temos cerca de 150 mil pessoas vivendo em condições precárias e em áreas de risco. E somos uma cidade com pouco mais de 311 mil habitantes. São dados alarmantes e o momento é de repensar prioridades em nossas políticas públicas.
Momentos de tragédia e dor como os vividos nesta semana servem para medir o quão perversa nossa política se tornou. Planos e projetos para retirar a população dos locais de risco, já mapeados diga-se de passagem, existem e aguardam a vontade política de fazer. Não é questão de governo A ou B. É questão de querer fazer.
Essas mortes e as que eventualmente se confirmarão nos próximos dias serão manchas indeléveis em nossa história. Resta agora cobrar por soluções que não se percam na burocracia da corrupção, nem nas gavetas do poder, ou nas vaidades de maus governantes.
Bombeiros
Esta coluna se solidariza com a família e amigos do policial morto durante a ação de resgate às vítimas nos deslizamentos de terra nos morros de Guarujá. O corpo do bombeiro Rogério de Moraes Santos, que morreu soterrado tentando salvar uma mãe e bebê no Morro do Macaco, foi sepultado na terça, com muitas homenagens de amigos, parentes, companheiros de farda e autoridades do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar.
Bombeiros II
O cabo Marciel Batalha ainda está entre os desaparecidos e desejamos forças à família de mais um herói da tragédia que se abateu sobre a cidade. Vale ressaltar que a atuação dos bombeiros nos dois locais mais afetados pelas chuvas extremas do início da semana em Guarujá e região da baixada não deve nada aos esforços da corporação nas tragédias em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.
Bombeiros III
Agentes de corporações de diversas cidades do Estado também se mobilizaram e estão auxiliando nas buscas a sobreviventes nos locais de desmoronamento de terra em Guarujá. A eles, a gratidão de todas as famílias tocadas por essa tragédia.
Executivo
A atuação do prefeito de Guarujá Válter Suman, e equipe de secretários do executivo e servidores públicos está sendo impecável diante dessa enorme crise. Desde a madrugada de terça-feira, a comunicação e as ações de governo no socorro e resgate de todos os atingidos pela tragédia não param e vem trabalhando sem descanso, acionando todas as secretarias e setores no auxílio às vítimas.
Ação social
A grande corrente de solidariedade que se formou na cidade é o destaque maior em meio a tanta tristeza. Associações, agremiações, igrejas, e entidades sociais diversas se uniram para angariar doações aos abrigados e desabrigados da tragédia. Parabéns a todos pelo exemplo de união e solidariedade com o próximo.
Somando
Além dos esforços da prefeitura e do governo do Estado, Guarujá também recebeu na madrugada desta quinta-feira (5), um caminhão que atende a três necessidades da população: preparo de alimentação quente, lavagem e secagem de roupas e atendimento de apoio psicológico. O veículo foi utilizado no desastre de Brumadinho (MG), e vem somar esforços no apoio às vítimas da tragédia em nossa cidade.
Boletim
De acordo com o último boletim informado pela Defesa Civil do Estado, as chuvas extremas que incidiram sobre a região da Baixada Santista na madrugada de terça-feira (3) provocaram, até quinta-feira (5), 28 óbitos e 42 desaparecidos, nos seguintes municípios: Guarujá (23 óbitos e 36 desaparecidos), Santos (3 óbitos e 5 desaparecidos) e São Vicente (2 óbitos e 1 desaparecido).
Desabrigados
O número atual de desabrigados é de 228 no Guarujá, 3 em São Vicente, 150 em Santos e 102 em Peruíbe. Além das doações da população da região, foram disponibilizadas 21,2 toneladas de materiais de ajuda humanitária do Estado aos municípios afetados, sendo: 15,6 toneladas (colchões, cobertores, cestas básicas, roupas, água sanitária, kits de limpeza, kits de higiene e água potável) para o depósito do Fundo Social de Santos, de onde serão distribuídos, mediante solicitação, às defesas civis municipais; 1,7 tonelada (colchões, cobertores e toalhas) ao Guarujá; 2,9 toneladas (colchões, cestas básicas, kits de higiene, limpeza e vestuário) a Peruíbe e 1 tonelada (colchões) a Santos.
Uma mulher refletindo sobre as mulheres: homenagem ao nosso dia
O dia da mulher vem se aproximando e imediatamente nos faz refletir sobre a trajetória da mulher na sociedade, sobretudo a respeito da sua árdua e majestosa presença no mundo jurídico.
E a luta começou quando o sexo “frágil” fez oposição ao autoritarismo machista de uma sociedade que preconizava que a função feminina se limitava às tarefas de servidão ao marido, à casa e à maternidade.
Nós queríamos mais! Não que as funções exercidas no seio do lar fossem menos importantes, pelo contrário, é que nós mulheres sempre pensamos na igualdade, na liberdade, na autonomia, na independência e na luta pelos mais variados direitos, em prol de um objetivo único e comum à todas: a FELICIDADE.
E foi esse impulso que nos fez adentrar numa dura batalha em busca de direitos iguais e de melhoria das condições as quais éramos subjugadas.
E a mulher, como um lindo botão de rosa aflorou, saiu para vida, começou a conquistar o mercado de trabalho, a trazer o sustento para seu lar, a reivindicar voz na sociedade, a dominar um território que anteriormente era controlado por homens.
A mulher passou a lutar por seus direitos face aos homens, pelos direitos humanos, pelo livre acesso à democracia, pela participação efetiva na política.
E a mulher começou a estudar, a se aperfeiçoar, colocar entusiasmo, carinho e paixão em cada atitude, como a oleira que molda a si própria e a sua própria história.
E a mulher avançou, e avançou, e avançou: adentrou e se destacou nas mais variadas áreas: dominou a medicina, a física e a química, também a administração, o marketing e a economia, outras áreas como a psicologia, a engenharia e a arquitetura, o secretariado, a gastronomia, o jornalismo. Chegou à política, alcançando os mais altos postos de gestão.
Abrilhantou com seu talento as artes nos palcos e teatros, como atriz, cantora, dançarina; trouxe encanto ao mundo da literatura, escreveu romances, contos e fábulas, tanto em verso quanto em prosa, tendo ela mesma figurando como personagem: deixou de ser coadjuvante e passou ao personagem principal.
Falando de personagens, lembremo-nos e exaltemos também as mulheres que arriscaram a própria vida para salvar homens e mulheres indistintamente, como quando do Holocausto e tantas outras tragédias da história: guerra, pobreza, fome, escravidão.
Não esqueçamos daquelas mulheres que ministram o saber: são elas que sujam os dedos de giz para evitar que os cidadãos sujem suas mãos com sangue.
E não existe profissão menos importante, tampouco distinção entre trabalhos manuais ou intelectuais. Desde a mulher agricultora, artesã, manicure ou daquela essencial, que coleta os resíduos que muito produzimos, até a mais alta executiva, gestora ou da bolsa de valores: cada qual faz parte de uma engrenagem social e afetiva que move o mundo.
Exaltemos for fim as mulheres que dominam o mundo jurídico, do qual eu e tantas outras fazemos parte. Somos aquelas que acordamos pela manhã com vontade de vencer, de pelejar pelo quê e por quem acreditamos.
Nós mulheres advogadas nascemos para defender, do caso mais simples ao mais complexo. De salto alto, de tênis, de sapatilha ou até mesmo descalças, nós mulheres advogadas vibramos com cada conquista particular e de nossos clientes; aprendemos a enxergar e examinar os acontecimentos da vida por um outro prisma, a ver que existe algo dentro de nós que faz dar sentido à existência. Atuamos com ética e princípios irrepreensíveis. E por fim, em cada amanhecer, relembramos do nosso propósito comum: advogamos apaixonadamente para melhorar o mundo!
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