Coluna: Sociedade e As Leis Naturais de Deus

O mundo é regido por leis. Não me refiro aqui àquelas leis criadas pelos seres humanos dentro das casas legislativas espalhadas pelos diferentes países do globo.

São leis maiores, cujo caráter é divino e, por esta razão, perfeitas. E uma das características mais fascinantes que elas possuem é seu amplo potencial de assimilação, não a um só país, mas a todos dentro desta nave que nos conduz pelo Universo, ao qual damos o nome de Terra.

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Pessoas e grupos humanos, dos mais diferentes níveis de consciência, cultura, e seja qual for a origem do povo, as respeitam e mesmo não concordando com elas, as seguem, porque leis divinas existem para facilitar a vida dos seres humanos.

São leis sociais que atuam e determinam a vida em sociedade; mais que isso, são leis que constroem a moral humana da qual não devemos nos afastar sob pena da barbárie.
Sabidamente a Ética se constitui nos princípios norteadores do entendimento correto das coisas desta vida.

De outra parte, a Moral é a Ética ao vivo, isto é, a aplicação dos princípios éticos que fazem do ser humano a verdadeira imagem e semelhança de Deus, tal qual fomos criados. A Ética é teoria; a Moral é a prática.

O Espiritismo nasceu com a finalidade de ser uma síntese filosófica das leis naturais de Deus, e deste desiderato não tem se afastado um milímetro sequer, desde 1857, quando foi publicado o primeiro livro da doutrina por Allan Kardec, o Livro dos Espíritos, a codificação fundamental dos pressupostos espíritas.

Na sua parte três, este livro-guia aborda as Leis Morais, tornando-se um paradigma que desde o início prenunciava não ser a negação das crenças e doutrinas de fé, ao contrário, viria para reinterpretá-las. Por isso mesmo, no livro citado elas aparecem como sendo as leis eternas e imutáveis da sociedade humana.

É importante dizer aqui que toda doutrina religiosa tem que ser teândrica, isto é, Teos, Deus, pela sua essência, e Andros, homem, pelo seu objetivo. Desta forma, doutrinas são princípios divinos orientadores dos seres humanos, para serem respeitados e seguidos.

Mas a característica fundamental do tempo é passar. Todos nós mudamos, e a sociedade e os povos evoluem e assim não são iguais para sempre. O princípio Teos da doutrina, Deus, é imutável por essência. Afinal, o que seria de um Deus que se acomoda aos tempos conforme a vontade dos homens?

Contudo, os seres humanos se atualizam ao seu novo tempo. Daí, como conciliar a imutabilidade divina com estas mudanças?

Por isso, toda doutrina realmente verdadeira tem em Deus o princípio da imutabilidade, e no ser humano, o princípio da maleabilidade. Desta forma, toda doutrina é imutável em seus princípios, mas maleável na sua aplicabilidade, perfeitamente capaz de entender a multiplicidade advinda com as mudanças do tempo.

Isto ocorre através de um processo de tradução da tradição. Em outras palavras, fazendo com que a tradição seja perfeitamente aplicável ao tempo moderno sem que ela seja descaracterizada.

Todas as LEIS MORAIS do Espiritismo ensinam isso e por esta razão elas são sempre perfeitas, porque divinas; e sempre atuais, porque humanas.

Ao todo são dez Leis: Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso, Igualdade, Liberdade e de Justiça, Amor e Caridade.

Não são leis Éticas, porque aí seriam só filosofia, são Leis Morais, cuja objetivo é sua aplicação no dia a dia e isto inclui a vida familiar, o trabalho, a política, enfim, as atividades humanas. São leis de vida, não para um grupo, ou uma nação, mas para todas.

Neste mundo confuso que vive nosso país – aliás, como todos os outros, precisamos entender como aplicar estas leis e por esta razão, a partir de hoje esta coluna se dedicará a isso.

Contudo, se enganam os que pensarem que iremos falar apenas de religião. Iremos falar de doutrina, mas aplicada à vida cotidiana, porque esta é a função da lei: servir de base para o entendimento do seu tempo, e da necessária ação humana.

Como diz a questão 614 do livro dos Espíritos “A Lei Natural é a Lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer, e ele só é infeliz quando dela se afasta”

Assim, sem dogmas, sem preferências, sem partidarismos religiosos e políticos, apenas com a Lei, vamos continuar caminhando neste espaço jornalístico, confirmando em cada matéria, a finalidade expressa no título desta coluna: “Só para pensar”.

Tomara que você pense.

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário
Pós Graduado em Comunicação e palestrante.