Guarujá em Foco
Acúmulo de lixo nas ruas e água parada preocupa moradores
Nas Astúrias, piscina abandonada preocupa moradores do entorno, já na Enseada, problema são os pontos de descarte irregular de lixo
Marina Cavalcante
Da Reportagem
Com o aumento dos casos de dengue em Guarujá neste ano, a Secretaria de Saúde (Sesau) registrou 1.349 casos confirmados de dengue e nove de chikungunya, moradores de diversos bairros estão preocupados com os criadouros nas vias públicas.
Preocupados com a proliferação de mosquitos, representantes do Condomínio Unique, localizado na rua Cesar Ferragi, importante via de acesso da avenida dos Caiçaras à praia das Astúrias, ingressaram com uma reclamação junto a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), em janeiro deste ano.
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O documento, emitido pelo subsíndico do condomínio, Dálvaro Galvão Spínola relata que há uma casa vizinha, “com uma piscina abandonada acumulando água parada, o que torna o local um verdadeiro ninho para proliferação do mosquito da dengue. A presença deste foco de infestação é alarmante e representa um risco significativo para a saúde dos moradores próximos e à comunidade em geral”.
Em resposta à reclamação, no dia 20 de fevereiro a Sesau salienta que o problema relatado teria sido resolvido há meses atrás, com o depósito de peixes nesta piscina. O documento ainda traz a informação de que não há ninguém responsável no local.
Ao receber a resposta do órgão público Spinola destaca que “agora, a piscina abandonada do vizinho do Residencial Unique, virou aquário da prefeitura do Guarujá!”.
Diante da dificuldade em localizar o responsável pela propriedade e, na observação de que o local permanece do mesmo jeito, desde a época da reclamação, o representante do residencial procurou a redação deste jornal, municiados de fotos e vídeos, com o registro de que o problema permanece.
Além dele, uma moradora do local, também enviou imagens relatando o mesmo problema.
O local que transmite insegurança aos moradores está localizado na rua detrás ao condomínio Unique. O entorno é povoado por condomínios de alto padrão, colônias de férias e comércio pujante.
Moradores da Enseada cobram ação para velhos problemas
Já os moradores e transeuntes da orla da Enseada convivem há anos com resquícios de um local que já serviu a uma badalada casa de shows, a “Mistral”, que em seu entorno também abrigava bares e restaurantes na década de 90. Hoje vê-se estruturas destelhadas, ferros retorcidos, pichação nos muros e diversos depósitos de água empoçada.
Na mesma praia, no residencial Jardim Virgínia o acúmulo de lixo indiscriminadamente depositado nos jardins de todas as vias, incluindo naquelas poucas asfaltadas, preocupa moradores que registram suas reclamações à presidente da associação do bairro.
Segundo Joyce Helena de Carvalho, presidente da Associação dos Amigos do Jardim Virgínia, que reúne cerca de 100 associados, as autoridades competentes já foram acionadas, mas não houve resposta.
O que diz a prefeitura do Guarujá
A Secretaria de Saúde (Sesau) de Guarujá informa que tem reforçado as ações de combate à dengue, e de demais arboviroses, em todas as áreas do Município, sem qualquer distinção de bairro, mas com atenção mais concentrada nos bairros onde, segundo critérios técnicos epidemiológicos, a incidência de casos confirmados é maior.
Dentre os serviços realizados, os agentes de controle e combate às endemias estão diuturnamente reforçando os trabalhos de: vistorias casa a casa, bloqueios, vistoria em imóveis especiais (escolas, hotéis, mercados, hospitais, entre outros em que há grande circulação de pessoas), vistorias em pontos estratégicos (borracharias, ferros-velhos), nebulização veicular (o famoso fumacê) e costal; depósito de peixinhos “barriguidinhos” (para eliminar criadouros em piscinas, por exemplo), panfletagem, pedágios, palestras, e outras de cunho educacional, com teatro e apresentação de fantoches em escolas.
Barrigudinhos
Especificamente sobre a piscina mencionada em vídeo pela reportagem, a Prefeitura esclarece que o local já recebeu a ação estratégica dos peixinhos “barrigudinhos”, que são depositados em locais com grande quantidade e acúmulo de água. Trata-se da espécie Poecilia Reticulata, popularmente conhecidos como ”barrigudinhos”.
Por se alimentarem predominantemente por larvas do mosquito, esses peixinhos são escolhidos para essas ações por serem mais resistentes a variações de temperatura e à poluição orgânica da água. “Com eles, as equipes de Vigilância em Saúde alcançam uma eficácia no trabalho.”
“Em geral, os principais pontos escolhidos para a colocação dessas espécies são piscinas abandonadas, obras paradas ou em andamento, além de poços de elevador. O objetivo é evitar que as larvas se desenvolvam e se transformem no mosquito transmissor das arboviroses”, finaliza a nota da prefeitura.
(*) Origem do mosquito Aedes aegypti
O mosquito A. aegypti é originário da África e se espalhou pelo mundo. O vetor foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. Culex significa “mosquito” e aegypti, egípcio, portanto: mosquito egípcio. O gênero Aedes só foi descrito em 1818. Logo verificou- se que a espécie aegypti, descrita anos antes, apresenta características morfológicas e biológicas semelhantes às de espécies do gênero Aedes – e não às do já conhecido gênero Culex. Então, foi estabelecido o nome Aedes aegypti.
Quantas pessoas um mosquito é capaz de infectar?
Os mosquitos fêmea sugam sangue para produzir ovos. Se o mosquito da dengue estiver infectivo, poderá transmitir o vírus da dengue neste processo. Em geral, mosquitos sugam uma só pessoa a cada lote de ovos que produzem. O mosquito da dengue tem uma peculiaridade e é capaz de picar mais de uma pessoa para um mesmo lote de ovos que produz. Há relato de que um só mosquito da dengue infectivo transmitiu dengue para cinco pessoas de uma mesma família, no mesmo dia.
Por que só a fêmea pica?
A fêmea precisa de sangue para a produção de ovos. Tanto o macho quanto a fêmea se alimentam de substâncias que contêm açúcar (néctar, seiva, entre outros), mas como o macho não produz ovos, não necessita de sangue. Normalmente, três dias após a ingestão de sangue as fêmeas já estão aptas para a postura, passando então a procurar local para desovar.
Como o A. aegypti chegou ao Brasil? Há registro histórico de dengue no passado?
As teorias mais aceitas indicam que o A. aegypti tenha se disseminado da África para o continente americano por embarcações que aportaram no Brasil para o tráfico de pessoas escravizadas. Há registro da ocorrência da doença em Curitiba (PR) no final do século 19 e em Niterói (RJ) no início do século 20.
*Fonte: Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)
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