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Entre Sons e Tons

Amor da pandemia: impactos à intimidade e vida sexual das pessoas

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Vem chegando o Dia dos Namorados, o segundo, consecutivo, que passamos em meio à Pandemia do Novo Coronavírus.

Se a ideia é trazer temas atuais sobre comportamento, nada mais adequado do que discutir como anda o sexo e o amor na vida do Brasileiro, diante da orientação de distanciamento como prevenção à doença. Se para os solteiros esse é o aspecto mais considerado – a falta de encontros que proporcionam as oportunidades -, para os casados a expressão ‘bem juntinhos’ nunca foi tão literal (rs). Como agir, em ambas as condições, em busca da satisfação afetiva e sexual?

“SE AS COISAS NÃO VÃO BEM FORA DA CAMA É PRECISO ESFORÇO EXTRA PARA MANTER A RELAÇÃO”

Fui procurar referências com especialistas para discutirmos o tema. Claro, que estamos lidando com pessoas e, cada um do seu jeito, busca se satisfazer da melhor forma. Mas, alguns especialistas trazem algumas percepções interessantes. E é para isso que este espaço existe: para discutir ideias! Que seja uma via de mão dupla, e se você não concordar ou consentir, comente, nos escreva, argumente conosco. Afinal, esse espaço é mais seu do que meu, que estou aqui para te provocar!

PESSOAS ATÉ CRIARAM O HÁBITO DE PEDIR O EXAME PCR ANTES DE UM ENCONTRO

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Convívio sem concorrência de um lado, espera da vacina de outro

Para o psicólogo clínico Fábio Caló, do Instituto de Psicologia Aplicada, a pandemia trouxe mudanças positivas e negativas para quem já estava dentro de um relacionamento. “Parceiros com boa relação aproveitaram esse momento para um convívio maior e mais intimista, sem pressa. Com menos concorrência, puderam fazer mais programas juntos e descobrir novos hobbies”, analisa. Por outro lado, o profissional acredita que os “casais que vivenciavam problemas e crises na relação passaram por um período conturbado.”

Já para a psicóloga e terapeuta de casais Mariana Del Monte, os que mais foram afetados pela nova realidade foram os solteiros. Esse grupo ficou mais temeroso e preferiu pausar a paquera no início da pandemia. Contudo, após algum tempo, voltou a se abrir para conhecer novas pessoas. “Alguns criaram o hábito de só marcar encontros depois da apresentação do exame PCR. Outros optaram por encontros em locais públicos, mas com uso da máscara, o que gerou uma redução do contato físico. Hoje, o que eu vejo muito é a espera da vacina, ou seja, como se a imunização fosse um passe livre para conhecer pessoas. Você estar vacinado o torna mais atrativo para se relacionar”, acredita Mariana.

 

Pesquisa afirma que 30% dos brasileiros relataram insatisfação sexual

Segundo pesquisas realizadas no Brasil e no exterior, a atividade sexual dos casais entrou em declínio logo que o lockdown foi anunciado. Até aí a gente já sabe. No Brasil, um levantamento feito pelo Datafolha revelou que mais de 30% relataram piora na satisfação sexual, antes mesmo da situação da Covid-19 se agravar no país.

Mas, a pesquisa revela que esse declínio acontece não só para os solteiros. “Um reflexo de que se as coisas não vão bem fora da cama, é preciso esforço extra para manter um relacionamento sexual aquecido”. A afirmação é do psicólogo Felipe Miranda Barbosa, professor do curso de Psicologia do UniCuritiba. Segundo ele, o comportamento e a saúde mental estão alterados por conta de tudo o que estamos vivendo e os relacionamentos íntimos seguem a mesma alteração, contribuindo para esse declínio em comportamentos sexuais.

A orientação do neuropsicólogo, mestre em Psicologia e especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva, é ampliar o repertório romântico. “É preciso reforçar o afeto, o carinho e a sexualidade, observar os esforços e tentativas do parceiro (a) e respondê-los à altura. Um caminho é criar um momento a dois, com frequência planejada, organizada e fazer demonstrações diferentes do habitual na relação”.

 

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Para casados a dica é criar formas de reconquistar o ser par

Na avaliação do psicólogo Perci Klein, mestre em Psicologia da Saúde com atuação em psicologia social, dinâmica das relações interpessoais e psicologia da comunicação, as interferências externas causam impactos emocionais em graus diferentes em cada indivíduo, independentemente do gênero. “Cada pessoa reage de uma forma muito particular às crises, doenças, problemas familiares e no trabalho. Os reflexos disso no relacionamento íntimo e na libido são complexos e variados”, comenta.

Para manter o desejo em alta, continua Perci, que também é professor do curso de Psicologia do UniCuritiba, a saída é fugir da rotina. “Muitos casais deixam a relação amorosa se transformar em amizade ou cair na mesmice. A sugestão para evitar que o relacionamento a dois esfrie é criar novas formas de reconquistar o companheiro ou a companheira, despertando o amor e o desejo.”

Com a mudança abrupta nos modos de convivência e nos relacionamentos íntimos, “muita gente está sentindo falta do contato físico, como os namorados que tiveram de se manter afastados por conta do isolamento social. E há casais tendo que lidar com a convivência intensa dentro da própria casa. As pessoas não estavam preparadas para viver dessa forma e, de um dia para o outro, tudo mudou. É preciso mais comunicação e compreensão para reequilibrar as relações.”

 

Encontros: Virtual X Presencial

Um dos aplicativos de relacionamento virtual mais populares do Brasil divulgou mudanças no comportamento dos usuários ao longo de 2020: 16% recorreram ao recurso para conversar com pessoas de todo o mundo, já que sair de casa está mais difícil. A troca de mensagens aumentou, em média, 25%, e o tempo das conversas ficou 20% mais longo.

Para o psicólogo Felipe Miranda Barbosa, o fenômeno das relações digitais veio para ficar e se solidificou com as restrições impostas pela pandemia. “O meio digital contribuiu para que mais pessoas pudessem se conhecer e, com o uso de aplicativos, se aproximar de quem tem interesses em comum, facilitando a conversação, reforçando qualidades e promovendo encontros online, mas o contato físico e próximo jamais será substituído.”

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