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Após um ano da tragédia, morros ainda preocupam moradores

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Passado um ano da tragédia que mobilizou por cerca de duas semanas muitos voluntários, Corpo de Bombeiros e agentes das Forças Armadas nas buscas das vítimas, região ainda vive os mesmos problemas de ocupação de solo irregular nos morros.

Da Redação – A madrugada do dia 3 de março de 2020 entrou para a história de Guarujá como uma das mais tristes já vividas pela população da cidade. Neste dia, há um ano, 34 pessoas perderam a vida devido aos deslizamentos ocorridos nas encostas dos morros Barreira do João Guarda, Bela Vista (Macaco Molhado), Cachoerinha, Engenho e Vila Baiana, e mais de 1,2 mil famílias ficaram desalojadas ou desabrigadas.

A Cidade decretou estado de calamidade pública devido aos deslizamentos em diversos pontos do Município. As chuvas intensas iniciaram no fim da tarde do dia 2 de março e adentraram a madrugada, acumulando 405 mm em 72 horas, sendo 282 só nas primeiras 12 horas, número superior ao previsto para todo o mês de março. No total, foram registradas 45 mortes na baixada santista devido ao temporal.

Só no Morro do Macaco e no Morro da Barreira, onde ocorreram os principais acidentes, desceu um total de 153 mil toneladas de sedimentos, materiais oriundos de origem vegetal, pedras e terras.
Passado um ano da tragédia que mobilizou por cerca de duas semanas muitos voluntários, Corpo de Bombeiros e agentes da Forças Armadas nas buscas das vítimas, a região ainda vive os mesmos problemas de ocupação de solo irregular nos morros.

No entanto, houveram avanços na parte de infraestrutura dos locais afetados pelas chuvas. O primeiro a ser concluído foram as obras de contenção no Morro da Bela Vista. Para recuperação da área foram repassados R$ 25 milhões pelo Governo do Estado, complementados com orçamento municipal.

Ainda faltam recursos
Uma semana após os deslizamentos, a Prefeitura de Guarujá solicitou R$ 77 milhões ao Governo Federal para obras de reestruturação dos pontos afetados e limpeza. Porém, até hoje, só foram repassados R$ 20,5 milhões, para uso específico no chamado plano de resposta rápida, que compreende a serviços de limpeza e correção de estragos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (Seplan), R$ 17 milhões foram designados para limpeza e remoção de sedimentos provenientes do escorregamento das encostas dos morros Barreira do João Guarda, Vila Baiana, Engenho e Cachoeira.

Já os R$ 3,5 milhões remanescentes, afirma a prefeitura, foram usados para limpeza de vias públicas, restauração de unidades de saúde deterioradas pelos impactos das chuvas torrenciais e remoção do entulho de casas que desabaram com o deslizamento de terra.

A Prefeitura ainda aguarda verba para as obras estruturantes de contenção de encostas e prevenção de novos deslizamentos, a exemplo do Morro da Bela Vista. Para isso, o Município espera, no mínimo, R$ 42 milhões.

Moradores se preocupam com novos deslizamentos

José Heleno da Cruz, de 34 anos, morador na região da Cachoeira, diz que nunca vai esquecer aquela madrugada (3 de março de 2020) e que toda vez que chove mais forte fica de sobreaviso. “Sei que moramos em uma área de risco de deslizamentos, mas não tenho para onde ir”, diz.

Assim como Heleno, a costureira Claudia Brás, agora moradora na Vila Baiana, não tem para onde ir e vive em medo constante por uma nova tragédia. “Estou desempregada desde a pandemia, não tenho como pagar aluguel, e tenho muito medo, pois a Defesa Civil já interditou casas próximas à minha. Não tenho dormido esses dias”, desabafou a moradora, que é uma sobrevivente da tragédia ocorrida no Morro da Barreira.

Claudia estava morando temporariamente com parentes. Ela conta que desceu do ônibus e quando foi chegando perto do morro viu que tinha muita água barrenta descendo e decidiu voltar e dormir na casa da colega de trabalho, onde mora atualmente, na Vila Baiana.

“Ainda tenho pesadelos com aquela noite. Quando me acordaram avisando que o morro tinha vindo abaixo fiquei em choque e só conseguia chorar”, conta emocionada, pois perdeu a prima e um amigo na tragédia.

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