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Artigo: Carta aberta à Sabesp

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Válter Suman, Prefeito de Guarujá

Uma das características essenciais a todo gestor público é a capacidade de se antecipar aos problemas e planejar para garantir direitos e o bem estar da coletividade. Em Guarujá, o trabalho para cumprir essas premissas é diário, com investimentos pesados, inclusive, em obras subterrâneas, fora do alcance dos olhos do contribuinte. Tudo para enfrentar desafios históricos, deixados de lado ao longo de décadas.

— Leia também: Coluna Opinião ed. 5582

Só em sistemas de drenagem, micro e macrodrenagem, capazes de amenizar os conhecidos alagamentos que atingem diferentes bairros, Guarujá investe hoje quase R$ 400 milhões em um conjunto de obras, a principal delas a construção de piscinões na Bacia do Rio Santo Amaro, além de novos canais, guias e sarjetas, entre outras ações.

Sobretudo em tempos de eventos cada vez mais extremos causados pelas mudanças climáticas, sabe-se que há problemas que não desaparecerão por si só se não forem encarados de frente e com coragem, como se espera de um bom gestor público.

Nessa esteira, não é preciso ser meteorologista para antever que, com a chegada do outono, se aproximam também períodos mais longos de estiagem. E isso nos preocupa desde já, uma vez que Guarujá é a única cidade da Baixada Santista atendida pela Sabesp que não possui um sistema de reservação de água suficiente para garantir a autonomia do abastecimento à população durante todos os meses do ano. Em resumo: logo as torneiras do Município começarão a secar, como em todos os outonos.

Por isso, a Sabesp, uma empresa de economia mista cujo maior acionista é o Governo do Estado – amparada por um contrato inédito assinado com o Município em 2018 –, começou a desenvolver, nos últimos anos, o projeto da Cava da Pedreira, capaz de armazenar 3 bilhões de litros de água e manter a Cidade plenamente abastecida mesmo nos meses em que a seca castiga os rios Jurubatuba e Jurubatuba Mirim, que a atendem.

Guarujá foi surpreendida há cerca de um mês com a revogação, por parte da Sabesp, do edital que tratava da Cava da Pedreira, lançado em 2021, e que logo tornou-se uma disputa judicial entre a companhia e a empresa que atualmente explora o local.

A explicação, plausível, era de que o edital precisaria ser revisado, na medida em que, diante do imbróglio, o texto original acabou ficando obsoleto. O que preocupa, entretanto, são outros elementos que nos fazem concluir que, embora inicialmente negados, os planos de abandono gradual do projeto da Cava da Pedreira parecem ganhar contornos reais.

E nem é o caso de citar a intenção de privatizar a Sabesp, uma das maiores empresas de saneamento do mundo. O que mais preocupa são as recentes declarações de seu presidente, André Salcedo, acerca de outras frentes de estudo para o abastecimento pleno de Guarujá.

Uma delas seria uma planta de dessalinização de água do mar, um processo caro e adotado apenas em casos extremos, em locais com baixa oferta de água doce, realidade, felizmente, muito distante da vivida pela Costa da Mata Atlântica, a nossa Baixada Santista.

Definitivamente, não é a solução célere que os clientes da Sabesp em Guarujá esperam para este que já é um velho conhecido na nossa região. O projeto da Cava da Pedreira é viável e depende apenas de boa vontade política e poder de negociação para sair do papel. É o que Guarujá e seus moradores esperam dos gestores da Sabesp e do Governo do Estado neste momento. Incluindo o prefeito, o primeiro a ser equivocadamente lembrado pela população quando as torneiras começam a secar.

Válter Suman
Prefeito de Guarujá

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