Só Para Pensar – Sergio Trombelli
As cadeiras que podemos conquistar – Só Para Pensar
Retomando o assunto da semana matéria anterior, partidos políticos, através de seus diretórios estaduais e federais, sempre querem que suas siglas nos municípios lancem candidatos à Assembleia ou Câmara Federal, mesmo quando as possibilidades de sucesso são mínimas. A justificativa é que isto dá visibilidade ao partido.
Conversa fiada. No fundo, eles querem diretórios municipais ativos porque as candidaturas dos caciques estaduais e federais precisam de “soldados” para a batalha de conquistar votos para si. Em palavras políticas, precisam de cabos eleitorais, geralmente de custos baixos, mesmo que sejam “bois de piranha”.
Principalmente no caso da Baixada, já que ela fica perto de São Paulo, onde os maiores “papadores de voto” estão fundeados. Com isso, cidades litorâneas ficam sendo currais eleitorais da “Supercap”.
Gritar independência disso é mostrar maioridade política. Pode parecer temerário, mas é justamente o oposto. Político só respeita recursos e votos.
Se uma cidade, no caso a nossa, mesmo sem recursos, conquistar votos suficientes para eleger candidatos, estes terão o respeito dos pares eleitos de seus partidos respectivos, e até dos adversários. Afinal, quem chegou lá, sabe como é difícil chegar, então tem valor.
Com eleitos no parlamento, a municipalidade não precisará bater à porta do estado ou da união com pires na mão, na espera de obter algumas migalhas. Poderá falar alto, porque atrás de si estarão os votos que conduziram estes “players” políticos às cadeiras em que estariam sentados em São Paulo e Brasília.
Todo político, no fundo, se acha dono dos votos que possui. Mas não é verdade, não são donos, os votos foram emprestados por 4 anos. Assim, deverão ser devolvidos com juros. É como a Parábola dos Talentos, que está no Evangelho de Mateus, XXV:14 a 30.
Deem uma lida e vejam que, àquele que tem, mais lhe será dado. É o que geralmente acontece com a cidade de Santos. Nós tivemos voz apenas uma vez quando conseguimos dois deputados estaduais e um federal.
Daí ser preciso trabalho, e quem trabalha politicamente, cresce; e quem cresce tem respeito local, regional, nacional. Política, a despeito de alguns gurus adeptos do marketing porque lhes rende mais, é também coragem para luta, e quem é bom de briga politicamente vence e é ouvido.
Nossa cidade só será ouvida outra vez, se formos briguentos o suficiente para fazer deputados nossos, com responsabilidade para com a nossa gente. Aí sim, nossa voz será alta e forte.
Como eu disse em artigo anterior, está na mão do prefeito a coordenação deste processo. Porque somente ele poderá unir o que pode ser unido, separar os que devem esperar, apoiar aqueles que podem chegar lá, comprometer-se fielmente com os que tiveram bom senso e paciência e por isso abriram mão do momento.
No palco da disputa, deverão estar os que são bons de briga. Um prefeito sabe quem são, porque já lutou, venceu e faro político não é para qualquer um.Existe o voto fanático de esquerda e/ou de direita; existe o voto consciente num candidato eventual que apresenta uma boa história na comunidade e/ou uma boa perspectiva de futuro; e existe uma massa de eleitores, seguramente a maior parcela, que deseja acreditar que um melhor amanhã é possível. Mais que isso, precisa acreditar, porque muitas vezes é a única esperança que resta no prato vazio de cada dia.
Se o nosso povo for estimulado a pensar na importância do voto municipal, teremos cadeira no parlamento. E eu falo em se fazer mais do que pedidos de votos nas ruas na hora da eleição. É preciso fazer campanha municipal, planejada, emocionalmente colocada aos nossos eleitores para mostrar a importância disso na vida deles e suas famílias. E não é campanha para longe, é para breve, quem sabe até para amanhã.
Com deputados eleitos, os pratos não ficarão, pelo menos, tão vazios, porque onde tem força política, tem mais recursos; mais recursos trazem mais empresas; mais empresas produzem empregos e empregos colocam comida na mesa.
Urge uma campanha para isso, e para esta ação não é cedo demais, basta que seja conduzida por mãos certas: as mãos de quem conduz a cidade, porque ter deputados eleitos é um poderoso instrumento de desenvolvimento municipal.
Assim, é necessário investimento e trabalho, pois temos que dar um jeito e ir buscar as cadeiras que temos direito. Nossa gente merece isso e nosso município também merece … e muito.
Sérgio Motti Trombelli é professor universitário, Pós Graduado em Comunicação e Palestrante.
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