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Até quando?

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Eduardo Hughes Galeano foi um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de 40 livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História.

Ele defendia o direito de pensar e sentir ao mesmo tempo, negando-se qualquer pretensão de objetividade. O nome de Eduardo Galeano é sinônimo de boa literatura, compromisso social e valores éticos à prova de tudo.

Em 1971, Galeano publicou sua obra mais conhecida, “As Veias Abertas da América Latina”, que se torna referência para compreensão das mazelas do continente. Um clássico entre os intelectuais de latino-americana, o livro analisa a América Latina desde sua origem.

Tive a oportunidade de ler em minha juventude e nunca mais esqueci das sujas indagações e indignações do que os “colonizadores” europeus fizeram com a riqueza dos países da América do Sul e o que as grandes potências de então ainda continuavam a fazer.

»» Leia também: E o salário, ó!

Desesperado, um dia desabafou: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos”.

E qual era a utopia? A independência da América Latina dos grilhões do capitalismo selvagem, espoliador, que nos mantinha como sonhadores de um futuro que nunca vinha, e que eu sinto em dizer que continua não vindo.

Contudo, ele tem um texto, que mais parece um poema, e retrata muito bem o momento em que o mundo está vivendo. É o que transcrevo abaixo.

“Nenhuma guerra tem a honestidade de confessar ‘eu mato para roubar’”. As guerras invocam sempre motivos nobres, matam em nome da paz, em nome de Deus, em nome da civilização, em nome do progresso, em nome da democracia.

E, se por via das dúvidas, nenhuma destas mentiras for suficiente, aí estão os grande meios de comunicação dispostos a inventar novos inimigos imaginários para justificar a conversão do mundo em um novo manicômio, um imenso matadouro.

Em ‘Rei Lear’, Shakespeare escreveu que, neste mundo, os loucos guiam os cegos, e quatro séculos mais tarde, os senhores do mundo estão loucamente apaixonados pela morte, porque a cada minuto morre de fome ou de doença curável dez crianças e a cada minuto se gastam três milhões de dólares na indústria militar, que é uma fábrica de morte.

As armas exigem guerras, e as guerras exigem armas e os cinco países que dominam as Nações Unidas, que tem poder de veto nas Nações Unidas acabam por serem também os cinco principais produtores de armas.

Alguém perguntará: até quando? Até quando a paz mundial estará nas mãos daqueles que fazem o negócio da guerra? Até quando vamos continuar a acreditar que nascemos para extermínio mútuo e que o extermínio mútuo é o nosso destino? Até quando?”

Esta é a pergunta que todos ainda fazemos: até quando? E infelizmente não vemos um final neste túnel escuro, triste e tenebroso.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão.

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