Ato por segurança tem homenagem a servidor morto na Fundação Casa

Manifestação ocorreu em frente a unidade de Guarujá, local onde o servidor Evaldo Gomes de Souza foi morto no último domingo (11), vítima de violência por parte dos adolescentes internos durante fuga

Karina Mingarelli
Da Reportagem

Na manhã desta quarta-feira (14), agentes socioeducativos ligados ao sindicato da categoria promoveram manifestação em frente à Fundação Casa de Guarujá pela morte de um funcionário em serviço na unidade e pelas condições precárias de trabalho.

O servidor Evaldo Gomes de Souza era de Miracatu (SP), e estava de serviço na unidade por falta de pessoal, dizem os companheiros de trabalho, que pediram para não ser identificados na reportagem. O trabalhador foi estrangulado e morto por menores internados durante uma fuga no último domingo (11).

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Fundações Públicas de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Privação de Liberdade do Estado de São Paulo (Sitsesp), Claudia de Jesus, reuniu um grupo de funcionários da Fundação Casa vindos de diversas unidades do Estado para o ato em Guarujá. Eles utilizaram um carro de som e cartazes para protestar.

Claudia ressalta que o efetivo destacado às unidades da Casa está muito abaixo do necessário e que a maior queixa da categoria é a falta de diálogo com o governo. “Eles colocaram um circuito de câmeras interno que pouco efeito surte sobre os jovens, mas penaliza o trabalhador, pois reduziram o pessoal da vigia a noite nas unidades. Ora, a quantidade de adolescentes à noite e de dia é a mesma, como fica a segurança?”, questionou Claudia.

A representante da categoria ainda destacou a insegurança dos agentes em suas horas de lazer, pois sofrem ameaças constantes de internos e ex-internos também às suas famílias. “Os funcionários estão cada vez mais se afastando por causa de doenças, pois trabalhamos sem apoio do governo, mas carregamos toda a responsabilidade por esses jovens”, conta Claudia.

O Sitsesp também reivindica treinamento aos servidores para lidar com situações de risco, além dos poucos equipamentos de contenção, como armas não letais e escudos.

A Fundação CASA afirma em nota que foram tomadas providências cabíveis quanto à morte do servidor no último domingo (11), mas refuta a denúncia de que falta segurança para o trabalho dos servidores nas unidades.

A instituição destacou que nos últimos anos ofertou cursos de qualificação aos servidores e, sobre a segurança, elencou os investimentos nos sistemas de Circuito Fechado de TV (CFTV), das unidades, em todos centros e cinco áreas administrativas, além da instalação de 1.728 câmeras e da central de monitoramento e criação das Equipes de Suporte regionais, para auxílio preventivo e emergencial nos centros socioeducativos.

Recado ao novo governo

No fim do ato, a presidente do Sindicato dos Servidores da Fundação Casa, Claudia de Jesus fez um apelo ao novo governador Tarcísio de Freitas e sua equipe. “O que nós mais estamos sentindo falta é de uma comunicação com o governo, precisamos ser ouvidos. Estamos adoecendo, estamos pedindo socorro, há anos, e não nos ouvem”, disse Claudia, que também é servidora da Casa há mais de 20 anos.

“Esperamos mesmo com muita fé que o novo governador chame os trabalhadores da instituição para conversar e buscar um meio termo para que a socioeducação avance, para que as coisas melhorem para os adolescentes infratores tanto quanto para os funcionários”, completou.

Por fim, Claudia ressaltou a valorização aos servidores. “Os funcionários que trabalham todos os dias estão de boa fé, de boa vontade, permanecem porque gostam do trabalho. Há pessoas com mais de 20, 30 anos dentro da instituição, e que precisa ser valorizado. E sua família tem que ter a certeza de que ele está saindo para trabalhar e voltará para casa vivo”, finaliza.