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novembro

Só Para Pensar – Sergio Trombelli

Coluna: A Lei de Adoração

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Na última matéria desta coluna nos dispusemos a falar agora sobre as Leis Naturais de Deus e sua aplicação na vida cotidiana. E assim será. O assunto da semana é a Lei da Adoração.

A primeira das Leis no Livro dos Espíritos é a Adoração. Etimologicamente adorar é amar profundamente e é justamente isso que os dicionários trazem. E ainda mais, chega a significar idolatrar.

–Leia também: Coluna: Sociedade e As Leis Naturais de Deus

Por isso que a Adoração é a primeira das atitudes humanas. Como lei divina é o amor a Deus, nosso pai espiritual, e devemos fazer isso da mesma forma que adorarmos nosso pai carnal desta terra.

Se Deus é o pai de todos nós, ele é meu pai, pai de meu pai, pai do pai de meu pai, pai do pai do pai de meu pai e assim sucessivamente. Deus é o pai primeiro, a causa primária, e tudo depois Dele vem sendo consequência do primeiro pai, Ele.

Assim, quando falamos de adoração devemos sempre lembrar esta referência de que sem Ele nada teria sido possível, nem este mundo, nem eu, nem você que lê estas palavras.

Contudo, adorar traz em si um outro significado. Desmembrando a palavra, teremos “ad+orar”, isto é, orar, rezar, mas acrescido do prefixo “ad”, cuja definição em Dicionários da Língua Portuguesa, nos dá conta de que exprime a ideia de “movimento”, “direção”, “junção”, etc.

É nesse sentido que devemos entender a palavra adorar: estar junto de Deus, nos movimentarmos em direção a Ele, elevarmos a Ele nosso pensamento.

Não há forma mais segura de nos conectarmos com Deus a não ser através da oração, da prece. Sobre isso é que precisávamos filosofar, não se trata de “amar a Deus sobre todas as coisas”, mas elevar o pensamento até Ele, SENTIR e SABER que Ele é por nós. “Ad+orar” é sintonia, identidade, buscar os propósitos do Criador, e agir nessa direção.

A adoração exige um fazer, uma ação, para nós, para os outros e para o universo É estar ligado a Deus; ligado na sua obra, que também é nossa, pois fazemos parte dela.

Daí, quando oramos, não é um papaguear de palavras às vezes as quais sequer conseguimos saber o significado. É uma conversa, um compromisso com o divino.

Por esta razão é que devemos cuidar do que dizemos, pedimos, e do que estamos desejando quando realizamos uma prece.
E aqui vem o caso. Ultimamente temos ouvido em demasia, lido em blogs, um versículo bíblico, que soa como oração: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, João 8:32. Assim, tirado do contexto o que significa isso?

O contexto está em entender João:32, mas também João:31, ambos juntos formam o conceito, e esta escrito desta forma: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos, E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

Ser verdadeiramente discípulo de Jesus, é mais que simplesmente viver, é viver respeitando uma doutrina disciplinar que Jesus pregou ao longo de sua vida. Quem é de fato seu discípulo nos tempos atuais?

Depois, vem o conhecer a verdade, qual verdade? De quem? Para que fim? Se não tivermos isso em mente, é só uma frase e não a palavra do evangelista.

E por fim, “vos libertará”. Estamos presos? A quem? Qual é nosso cativeiro?

Estes versículos de João pedem que devemos conhecer a verdade divina, antes de mais nada. E a verdade divina é a do amor, da paz, da igualdade entre os semelhantes, a verdade da justiça. Isto sim é verdadeiro.

Depois, poderemos dizer que estaremos libertos, mas do que? Do pecado, do errado em não entendermos a necessidade de fazer por prevalecer a verdade de Deus que, sobretudo, é o amor ao próximo. Como se vê, os “doutos” religiosos que citam este versículo estão meio que distantes do significado real destas palavras. Porque curiosamente, é justamente isso que não vemos na vida pública de nosso país, já que muitos usam o versículo citado acima.

Quem dentre os políticos pensa no próximo? Talvez alguns poucos, mas estes são os que não dizem “conhecereis a verdade e ela vos libertará”, e sabem por quê ? Porque estão fazendo isso, desnecessário seria, então, dizer.

Mas os que não fazem, ah, estes precisam repeti-la como um mantra, para que eles mesmos e o povo acreditem ser uma verdade. Quando figura no orçamento do governo nacional, verba de bilhões, sendo estes o resultado do esforço popular na criação da riqueza do país, que serviria para escolas, saúde, casa própria, e tantas outras necessidades, e em vez disso sendo deslocados para atendimento de campanha eleitoral, ou auxílio para manutenção de partidos políticos, está existindo de fato adoração a Deus? Esta é a verdade divina?

José Lázaro Boberg, em “ Da Moral social às Leis Morais”, falando da Adoração, assevera: “ Só efetivamente adoramos a Deus, quando nos manifestamos, não só por palavras, mas por atos, que expressam nossa ação do bem”.

Que atos podem nos mostrar os que apenas dizem “ Conhecereis a verdade e ela vos libertará” se na prática realizam outras coisas? Falta-lhes conhecimento verdadeiro da palavra de Jesus. Os evangelhos não são peças de retórica apenas, são convites à ação, cujo objetivo último é expresso em “amai o próximo como a si mesmo”.

Pelo visto, estes papagaios do evangelho fazem uma leitura míope daquilo que lá está, e com certeza não adoram a Deus, pois não conseguem ler o “amai o próximo”. Apenas leem o “como a si mesmo”.

Assim, deveriam calar a boca quando o assunto é o evangelho.

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário
Pós Graduado em Comunicação e palestrante.

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