Semana passada, Marta, querida irmã da Casa Esperança, enviou-me um WhatsApp com uma mensagem maravilhosa. De maneira diferente, pensava abordar o tema nesta coluna, mas como a mensagem coincide com meu pensamento e me emociona muito, vale a pena reproduzi-la e depois fazer alguns comentários. Assim dizia:
“Nascemos através dos outros;
Tomamos o primeiro banho através dos outros;
Fomos educados por outros;
A renda que temos vem por meio dos outros;
Adoecemos e somos cuidados por outros;
Casamos e dividimos a vida com outros(as);
Recebemos a graça de termos filhos junto com outros (as)
Nosso último banho será dado por outros;
Nosso funeral será feito por outros;
Nossos pertences serão herdados por outros
Nossas lembranças serão choradas dos outros.”
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Assim, temos que entender que nesta vida precisamos uns dos outros todo o tempo. Aliás, vale dizer que cada um de nós é o outro do outro. É por isso que devemos cuidar uns dos outros. Nesta imensidão do mundo quem não é você é o outro, daí se concluir que na vida são muitos outros cuidando de você. Da mesma forma que na vida, você é um dos outros que cuida de muitos outros e, com isso, a fraternidade se faz.
Por isso, os seres humanos devem ser vistos como irmãos, afinal, somos iguais. Aliás, todos são iguais, todos precisam de outros para que sua existência seja completa. E se unindo todos os outros teremos uma unidade. Esta unidade se consolida numa união comum. Uma com+unidade, isto é, uma comunidade. Esta cidade é a sua comunidade, este estado, este país, e uma expressão ainda maior, o mundo, é sua comunidade planetária nesta
bola, que gira e corre o infinito, chamada Terra.
Daí não ter sentido a miséria, a dor, a fome do outro sem que participemos de algo que possa minorar isso tudo. Nossa responsabilidade primeira é conosco, mas nossa missão de vida se completa através dos outros. Houve um tempo em que para se ganhar o céu, os seres humanos fugiam para os mosteiros, as abadias, e ficavam lá até o fim da vida. Com isso, não pecar era não fazer por alguém nada além de si mesmos. “A salvação é minha e de ninguém mais”.
Hoje, vivemos com a obrigação de nos completarmos nos outros. Nosso tempo não é o tempo de fugir da vida, mas lambuzar-se dela. E isto é o que espera Jesus de cada um de nós. Basta ler “Caritas Christi urget nos”, e como fazer a caridade se não para o outro. Teria sentido caridade para si mesmo?
Ser para si e para o outro é a significação das palavras, talvez mais importantes, da mensagem e Cristo “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Reescrevendo esta frase dentro do contexto desta matéria seria correto dizer também: Amai o outro como a ti mesmo.
Que assim seja.
Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão
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