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novembro

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Coluna Patriotas e mercenários

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Indubitavelmente, a guerra é algo sobre o qual não devemos gastar linhas de glamour, tamanha a dor que ela traz aos que convivem com ela.

Não somente os combatentes, mas as famílias, as cidades, as ruas, a destruição em massa que bombas e tanques e mísseis provocam.

Desde sempre, quando jovens somos convocados para fazer o serviço militar e a informação que recebemos é que nosso dever primeiro é com a Pátria. Por isso estamos ali, nos quartéis.

— Leia também: Coluna Na calada da noite

Lá aprendemos a combater, a manusear armas, dirigir blindados, enfim, nos capacitamos – dentro do possível tempo de um ano – para, quando nossa Pátria estiver em perigo, sabermos como agir frente a um inimigo.

Inimigo que naquele momento, é o grande terror que poderá fazer a Pátria sucumbir, poderá fazer nossos irmãos brasileiros morrerem, nossas famílias pagarem um preço altíssimo por tudo o que possa nos acontecer.

Quando jovens, víamos os pracinhas caminhando com o uniforme das forças armadas e imaginávamos o orgulho de vestir aquela roupa quando nossa vez chegasse. Muitos amigos meus foram convocados. Não tive esta sorte – acabei dispensado pelas regras de então e não servi o exército, como se dizia àquele tempo.

Teria sido um negligente frente ao dever? Será que ficaria entristecido por falta do dever a ser cumprido? Era o que me ocorria na mente naqueles tempos dos 18 anos ou um pouquinho mais.

O tempo passou e aquela angústia de ter sido dispensado, pelo tal chamado “excesso de contingente”, desapareceu, mas o conceito de que, na guerra, lutamos pela Pátria, ficou.

Quem sabe este seja o maior dos deveres que um cidadão pode fazer pelo seu país.

Entretanto, a guerra da Rússia contra a Ucrânia nos colocou frente a frente a uma decepção terrível. Não por parte da Ucrânia, afinal todos vimos jovens e adultos serem convocadas a defender a Pátria, deixando atrás suas famílias. Estes soldados, os legítimos filhos da Ucrânia, estão morrendo pela mãe-Pátria até hoje.

Mas o país mais rico nesta contenda tem outro perfil de combatentes. E mais, não só os russos, mas outros como os EUA têm a mesma prática. Isto é, os combatentes de frente, que vão à luta e que primeiro morrem, não são patriotas, são mercenários, isto é, soldados profissionais assalariados!

Aquele tal grupo russo denominado Wagner, que ganhou as manchetes e ainda figura nos noticiários, é composto por pessoas contratadas que acabam desempenhando, talvez, a mais cruel das profissões: a de matar ou morrer.

Incrível como até a guerra foi terceirizada neste mundo capitalista que desnacionalizou a economia com as empresas internacionais; o mesmo capitalismo selvagem que está deixando os ricos mais ricos e os pobres mais pobres; que descaracterizou a cultura de muitos países, trocando hábitos de vida, produtos e interesses, afinal até na China de Mao Tsé Tung, existe o antes impensável hábito de se beber Coca-Cola, enquanto ela, não por sua vontade, é justo reconhecer, exporta a Covid. Retrato do cotidiano num mundo globalizado.

Não há mais glamour, nem patriotismo. E eis que os soldados russos – e de várias nacionalidades – que estavam na frente soviética contra a Ucrânia resolveram, “entrar em greve”.

Imagine. Queriam mais dividendos, melhores condições de trabalho”, em outras palavras, mais máquinas pesadas e mais mortíferas.

Até que foi bom este tempinho de paralização grevista porque menos morreram, mas como todas as greves os “trabalhadores “voltaram a seus postos e a missão de extermínio seguiu e segue seu rumo nefasto.

É pena. Não que haja guerra, o que seria ótimo se não existisse, mas aceitar que até ela seja hoje terceirizada e cada vez mais se torna fácil de se empreender por isso, principalmente aos países que possuem dinheiro. É demais, é tornar mais selvagem um capitalismo que já é selvagem por índole de nascença.

Afinal, estes países, gigantes da economia, protegem seus filhos e mandam mercenários à frente para matar os verdadeiros patriotas.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante

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