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novembro

Só Para Pensar – Sergio Trombelli

Coluna Só Para Pensar – De Ponta Cabeça

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Sérgio Motti Trombelli

O site Orla Notícias nos dá conta de que cada deputado federal brasileiro custa mensalmente ao nosso país cerca de R$ 182 mil reais. Isto se ele não viajar em “missão parlamentar”, porque aí terá direito às passagens, estada em hotel, etc. e uma diária em torno de mais ou menos $600 dólares. Com isso, o custo total dos 513 deputados chega a ser, no mínimo, mais de um bilhão por ano.

Nas despesas, constam salário, verba de gabinete, carro, gasolina, plano de saúde, e tantas outras coisas que um trabalhador comum sequer imagina que exista e que o dinheiro do país, onde ele sua pelo pão de cada dia, possa bancar.

Some-se a isso que, conforme relatório da ONU, o Brasil tem a 2ª maior concentração de renda do mundo. Em outras palavras, poucos detêm a riqueza do país e muitos vivem na miséria que todos nós, da sociedade civil, conhecemos, vemos nos noticiários, e tentamos ajudar nas ONGs com cestas básicas, campanhas e auxílios em geral. É a ação generosa do nosso do povo em fatias da população onde o governo se omite.

E o que eu quero dizer com tudo isso?

É que no último dia 6, terça-feira, o governo federal começou a distribuir o auxílio emergencial. Uma “polpuda soma” que varia de R$ 150 a R$ 375 por mês aos pobres do país. Que ironia, quem realmente dá o sangue no dia a dia e produz a riqueza nacional, fica com a menor parte, e, repetidamente, o governo vem falar do número de milhões de “beneficiados” que ele atenderá com um auxílio pífio como este. Sinceramente, o que dá para comprar com os míseros R$ 250 de média mensal do auxílio emergencial?

Ademais, para um governo que fala a todo instante em salvar empregos e preservar a economia, não vimos nenhuma menção para oportunizar algum tipo de crédito para os microempresários.

O Brasil é um país rico, o problema é a má distribuição da sua riqueza. Dinheiro existe. É uma questão de opção de Brasília, que prefere dar aos deputados uma soma gigantesca de emendas parlamentares para gastar com política e facilitar a sua reeleição, em vez de atender às necessidades do povo brasileiro.

Mas, pior não fica, será? A Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicou este mês um estudo que no Brasil a pobreza cresceu quase três vezes em seis meses. Não dá para não ajudar a população, não é só uma questão de sair para trabalhar, o emprego está estagnado, tudo está em letargia, a pandemia diminuiu o ritmo do desenvolvimento no país, é preciso a intervenção efetiva do governo federal ajudando os necessitados e ampliando a capacidade de compra das pessoas.

No mundo, 1% dos mais ricos detém mais do dobro da riqueza possuída por 6,9 bilhões de pessoas, segundo o relatório global divulgado pela organização não governamental Oxfam, conforme o Portal G1, de janeiro de 2020. No nosso país, o governo parece que sempre fez coro com esta filosofia, e nunca investiu de fato para acabar com a pobreza.

O relatório de 2021 dessa organização a ser publicado, nem sei, mas o que sei é que rico fica “mais rico” em tempos de crise, porque é quando o dinheiro produz mais dinheiro, e pobre fica mais pobre, porque é quando a pobreza se acentua.

Quer uma mostra? No dia 2 de deste mês, as TVs noticiaram que o material usado para o Kit Intubação ficou 1.000% mais caro, “devido à demanda”. É o dinheiro em ação, produzindo mais dinheiro. Prefeituras e estados estão sozinhos, fazendo consórcio para importar este material e salvar vidas.

Enquanto isso, quem discute os rumos para a solução da pandemia neste país não são os cientistas, epidemiologistas, em um centro de contingências nacional de referência científica, para debelar a Covid. São outras pessoas que atuam (politicamente), as quais, terminadas as reuniões semanais (deveriam ser diárias) aparecem para dar entrevistas das “decisões” tomadas, são eles o Presidente da Câmara Federal, o Presidente do Senado e o Ministro da Saúde.

Aliás, o atual ministro fala que fala em milhões de doses que nunca chegam e em máscaras e máscaras, como se não soubéssemos da importância delas, mas se esquece organizar um esquema de fiscalização com punição a quem não as usa, e, o mais triste, nem toca no assunto do lockdown, pleno ou regional, tema tabu no Planalto, mas que tem se mostrado como a medida mais acertada para conter o vírus. A cidade de Araraquara é a prova cabal disso.

Por fim, tem a confusão do Orçamento Federal para 2021 que parou no Congresso. As emendas parlamentares para deputados e senadores somam cerca de 30 bilhões, mais do que o dinheiro previsto para combater a pandemia.

Assim não dá!

É como disse Cazuza na música Brasil:
“Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim”
Tá tudo confuso, de ponta cabeça.

Sérgio Motti Trombelli é Professor Universitário,
Pós-Graduado em Comunicação e Palestrante

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