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Coluna: “Up” e “Down”

Euforia e disforia. Euforia é “up”, disforia é “down”. Subir/descer, rir/chorar, satisfação/aborrecimento. E assim vai. Esta é a trajetória de quem tem mais de 70 anos no Brasil.

Quem viu o primeiro título mundial do futebol do nosso país, depois viu o tetra, mas viu também o 7 a 1, e mais, agora, o 4 a 1, pensando que iria ver uma seleção jogar e viu um timeco que deu dó. É “down pacas”.

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E não é só isso. Quem vivia com um salário mínimo, era ruim, mas se vivia. E agora com o atual salário mínimo passa fome, é “down que dá pena”. Mas já que estamos falando de Brasil econômico, desenvolvimentista, o “down” avança para um “downíssimo” que nos afunda numa disforia que nos deprime.

Vejamos: Houve um tempo em que o governo central tinha somente 12 ministérios, e funcionava. Hoje, desde janeiro de 2025, são 38 pastas ministeriais, sendo 31 ministérios, três secretarias e quatro órgãos equivalentes a ministérios. E como tá tudo? Melhor ou pior?

Antes se criaram coisas que tinham influência positiva na vida do brasileiro: o INSS, o PIS, o PASEP, regulamentou-se o 13º, instituíram a correção monetária, criou-se o Banco Nacional da Habitação, o FUNRURAL. Antes, o ritmo de construção de habitações com o BNH, chegou a alcançar mais de 4 milhões de moradias e os empregos, em 10 anos, mais ou menos, haviam sido criados 13 milhões de vagas.

O povo trabalhava, ganhava e era mais feliz. Hoje os ‘bolsas-isto’, ‘bolsas-aquilo’ deixam uma imensidão de gente em casa e os que trabalham pagam a conta.

Houve um tempo em que o crescimento educacional foi exponencial. A população estudantil no antigo primeiro e segundo graus, isto é a base, tinha atenção dos governantes e naquele tempo, chegou-se a 1.3 milhão de estudantes, uma marca de país desenvolvido.

Foi criada a merenda escolar, para a alimentação das crianças. E não é o certo? Quem mais precisava tinha mais atenção. E sobretudo, aos que nunca tiveram chances de ler e escreveu, para estes foi criado o Mobral. Chegamos a ter um PIB que cresceu 14%, as exportações saltaram de 1.5 para 37 bilhões, e atingimos a 7ª economia mundial. Agora, em 2024, o Brasil era a 10ª. economia do mundo.

Há um ditado que diz “desenvolvimento traz mais desenvolvimento”, conosco deu-se o contrário. Crescemos, mas para pior. Vamos ver como termina 2025. Não estou dizendo com isso que não houve crescimento daquele tempo para cá.

Sim, muitas coisas foram criadas, mas o ritmo diminuiu, a expectativa diminuiu, a esperança diminuiu e o sonho de um amanhã melhor diminuiu. Enfim, “down, down, down” e dá-lhe disforia. Tá tudo errado. O presidente, nestes dias, foi ao Japão. Na chegada do avião, enquanto ele cumprimentava as autoridades, as câmaras dos jornais filmaram as pessoas do Boing da FAB, a chamada comitiva, descendo as escadas. Parecia a rua 25 de Março no centro de São Paulo, e tudo isso quem paga somos nós. “Down”.

Nitidamente vemos hoje que a preocupação do comando nacional não é o Brasil, nem os brasileiros. A preocupação é ter o poder, para quê? Sabemos a resposta, e pra quê dizer aqui se todo mundo também sabe. Tenho saudades dos tempos “up”, eufóricos, em que se acreditava no país, nos governantes, na segurança das ruas, nos empregos que vinham, na boa educação.

Saudades, apenas saudades.

Antes tomávamos ansiolíticos tamanha a ansiedade para ver o quanto viria de bom no amanhã; hoje, tomamos antidepressivos, pois nos tornarmos “down” pelo que vivemos no ontem, no hoje e nas surpresas de mais “down” no que veremos amanhã.

Sinal dos tempos. Mas as farmácias estão indo bem.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante

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