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Coluna Vem aí um novo mundo

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Robô HAL 9000, do filme 2001- Uma Odisseia no Espaço (1968)./Reprodução

Jean-François Lyotard, um dos mais importantes filósofos da França na discussão sobre a pós-modernidade, em seu livro “La Condition postmoderne: rapport sur le savoir”, afirma, na década de 80/90, que em 50 anos os analfabetos seriam aqueles que não soubesse decifrar e entender a tecnologia moderna.

Não foram precisos 50 anos, e sim um pouco mais de 30. Não só, cada vez mais o volume dos analfabetos modernos vai aumentando com o avanço espetacular da tecnologia atual. Os analfabetos tecnológicos evoluem em P.A [progressão aritmética]; a tecnologia, em P.G. [progressão geométrica]. A cada ano que passa, ou melhor, a cada dia, o “gap” aumenta e as dificuldades de se conviver dentro das nuances do mundo atual se tornam mais difíceis, principalmente para a geração passada, enquanto se torna absurdamente mais fácil para a geração atual.

Não é de se espantar que hoje jovens, crianças até, dominam a potencialidade que existe em notebooks e nos celulares de última geração, montando programas, decifrando esta linguagem nada, nada analógica de antes, demonstrando que possuem a capacidade de entender e praticar os jogos computadorizados mais complexos que existem. E mais, escrevem com os dedos tanto da mão direita como da esquerda nos celulares numa velocidade espantosa.

Mas isto basta? Não! Atualmente, tudo o que se sabe nesta área de internet, comunicação, a IA atual, parece que vai se tornar obsoleta com o advento da LaMDA, que é a sigla em inglês para Modelo de Linguagem para Aplicativos de Diálogo, que vai além do Deep Learning: parte do machine learning, o “aprendizado profundo” diz respeito a uma maior capacidade de aprendizado do sistema, pois utiliza redes neurais complexas. Essas redes seguem a mesma lógica da ligação neurônio-cérebro humano.

Desta forma, estamos no limiar de uma era fascinante onde computadores e robôs poderão rivalizar com o ser humano.

O que antes só se via nos filmes de ficção científica, temática na qual o campeão de bilheteria foi, há décadas, o filme Uma Odisseia no Espaço, onde um computador, chamado HAL 9000, passou a controlar uma nave e assim controlar os tripulantes espaciais, foi um filme pioneiro e hoje não passa de história da carochinha da IA.

Entretanto, esta magia moderna, esta facilitação de tudo e abertura do conhecimento para todos tem um lado perverso e até cruel.
A informatização, como disse Lyotard, escraviza aqueles que, por impotência ou falta de repertório, ou mesmo instrução, estão definitivamente alijados.

Um exemplo clássico disso são os bancos atuais. O caixa de banco vai simplesmente desaparecer das agências. Aliás, a denominação funcional “caixa” já nem consta mais o rol de empregos de muitos bancos modernos. Com isso, cada cliente terá que operar os caixas eletrônicos sozinhos, máquinas de última geração que serão capazes de executar todas as operações do antigo funcionário do caixa. Mas a questão é: os clientes estarão capacitados para operar estes caixas eletrônicos?

A geração passada, com pessoas acima dos 60 ou 65 anos, não fazem parte do mundo da tecnologia atual. E justamente estes é que serão “analfabetizados” para o sistema financeiro do mundo IA.

Entretanto este púbico não é o mais interessante para os bancos, apenas do crédito consignado, porque esses negócios são pequenos neste país. Por outro lado, pessoas de baixo repertório, com pouco conhecimento de leis não sabem de seus direitos e por isso não reclamam. É o “prato cheio” de muitos políticos nacionais, os quais acreditam na ignorância e na esperança vã deste tipo de eleitor para se reelegerem.

Quem promoveu a mudança na forma de operacionar as atividades bancárias, foi Temer, um presidente tampão que tinha cerca de 30 anos de Câmara Federal. Sintomático, não é?

Assim, a IA virá com força. Nossa esperança é que neste mundo novo que se avizinha, a IA tenha força suficiente para mudar o sistema político brasileiro. Se isto de fato acontecer, devemos todos sair às ruas e gritar para que os robôs venham, que venham e ocupem espaço lá em Brasília.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante

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