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Só Para Pensar – Sergio Trombelli

Como será o que virá? Coluna Só Para Pensar

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Como será o que virá?

Não é para a minha geração. Talvez aqueles que têm 18 anos, mais ou menos, possam ver a consolidação de muitas coisas novas que vem ocorrendo mundo a fora.

Muito se falou no novo normal da pós Pandemia, mas não é só isso. Aos poucos uma nova ordem mundial vem se estabelecendo em inúmeros setores da vida humana. No fundo, é a saturação de conceitos antigos que vigoram há séculos, mas que não atendem mais aos anseios da população em todo o globo.

Não dá para falar de tudo neste artigo, mas alguma coisa vale a pena pensar.

  — Leia tambémAs cadeiras que podemos conquistar – Só Para Pensar

Veja o que ocorre com o dinheiro, por exemplo. Antes, cada país tinha a sua moeda e ela possuía o respaldo da solidez das reservas do país em questão. Hoje, temos o Bitcoin, não pertence a país algum, atua no mercado como se fosse um vírus econômico paralelo que vem contaminando a economia global.

Muito dinheiro sólido está sendo canalizado para esta moeda. E mais, novos Bitcoins semelhantes já se instalaram, todos com alta rentabilidade, fazendo novos milionários do dia para noite, mas sem lastro real nenhum. Isto pode gerar uma crise gigantesca capaz de desestabilizar a ordem econômica mundial.

De outra parte, a riqueza, conforme Relatório da Oxfam revelou que os bilionários do mundo possuem riqueza maior do que aproximadamente 60% da população global. Quer dizer, 4,6 bilhões de pessoas. Com isso, a miséria se tornou crônica e o mínimo que poderia dar a todo cidadão desta nave chamada Terra, que é viver com dignidade, sem passar fome e sofrer com doenças, está sendo negado em muitos lugares do globo. Por isso, esperem por mais miséria e novas pandemias.

As mídias socias fazem nascer e morrer verdades políticas e sociais, heróis e vilões. Os crédulos nestas mensagens reagem fisicamente a palavras, às vezes mentirosas, o que mostra a incapacidade de muitos em filtrar a verdade dos discursos por pura ignorância. Segundo Umberto Eco, a TV já havia colocado o “idiota da aldeia” em um patamar no qual ele se sentia superior, mas “O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”, acrescentou.

“O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”- Umberto Eco

A “legião de imbecis” que antes falava apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade, hoje disputa suas falas com ganhadores de prêmio Nobel”. Assim, para usar uma expressão bem ao gosto do brasileiro: tudo junto e misturado, dificultando separar o certo do errado.

O relacionamento urbano se modifica. A arquitetura mundial cria novas formas de conviver e habitar. São prédios imensos com autossuficiência, de maneira que os moradores não precisem de mais nada a não ser está lá. O mesmo se dá com condomínios fechados que completam às necessidades de moradores, quer de compras, atendimento médico, escolas, e com isso, nos enclausuramos cada vez mais. A vida social se restringiu à família, ou ao pequenino grupo.

Publi Sindiserv GuarujáA educação à distância, cada dia mais dispensa a convivência escolar, e há queda na qualidade de formação dos estudantes. De outra parte, algo de bom, os “home office” ampliam a produtividade dos funcionários. Vamos trabalhar em casa e exercitar o que Domenico De Masi disse sobre o ócio criativo, o que seria sensacional.

Tirando os negociantes que vendem Deus e Jesus nos altares aos desesperados, neste contexto global, a espiritualidade cresce, a sensação de importância frente ao gigantismo das mudanças precisa de um ordenador e a crença num ente superior, capaz de disciplinar e explicar tudo isso, ideias e condutas que se movem velozmente, para que possamos entender a vida completamente, afinal, o amanhã é incerto, e um ser superior se torna ainda mais necessário.

Algo bom no front da tecnologia e da alucinação desta vida por demais inovadora para nossa cabeça acomodada em séculos de “certezas” que não valem mais, a não ser uma: Deus está lá, aqui, comigo e com todos.

Na verdade, tudo isso existe porque as formas de governo esgotaram suas possibilidades. Esquerda, direita, centro, democracia, totalitarismo são tentativas que produziram resultados temporários e não estão em consonância com os anseios do ser humano atual.

Antigos e modernos filósofos falavam e falam de uma forma de governo que estivesse a cargo dos melhores, a Meritocracia. Isto é, quem tivesse mérito deveria ser o condutor da massa humana. Mas este governante ainda não apareceu.

Quando Aldous Huxley escreveu a obra “Admirável Mundo Novo”, não poderia imaginar que esse mesmo mundo caminhasse para ser tão novo assim e de forma tão rápida, e é um novo que nós ainda não conseguimos assimilar o quanto, e talvez nunca saibamos, porque a inventiva humana é ilimitada.

Se não houver o bom senso, fruto da educação, da repartição das riquezas, da democratização de oportunidades, estas sim as grandes reformas, e ações que o mundo todo precisaria fazer, de forma a acabar com as desigualdades, o ser humano continuará sendo escravo do próprio ser humano, e terá na sua espécie o predador da raça humana assim como estamos hoje.

Neste contexto, o Brasil caminha ao sabor do vento, e quem segue aleatoriamente o vento não sabe aonde quer ir. Precisamos de um timoneiro firme, uma bússola abençoada, capaz de oferecer um norte seguro ao nosso povo, ao carente povo brasileiro, que merece de todos os nossos governantes um olhar mais humano e justo.

Só tempo dirá como será o que virá.

Sérgio Motti Trombelli é professor universitário,
Pós Graduado em Comunicação e palestrante

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