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novembro

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Depois a gente vê

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No Brasil temos um hábito, praticamente um mantra: “Depois a gente vê!”

Basta surgir um problema qualquer, uma dúvida, uma tarefa árdua que não sabemos como solucionar, vencer, ultrapassar, que se diz o famoso “Depois a gente vê” – uma forma simplista e errada de “solucionar problemas”.

Muito embora, exista na filosofia oriental, uma frase lapidar – “agir não fazendo nada” – porque acreditam os de lá que as coisas podem se solucionar sozinhas, pois as forças cósmicas universais contribuem para a perfeição do mundo.

Leia também: Em busca de Deus

Entretanto, este não fazer nada não se aplica às coisas prementes que os povos orientais precisam encarar de pronto, no dia a dia, como a fome e a doença, por exemplo.

Contudo aqui não é assim. Vejam os mais de 40 bilhões de reais destinados a fazer os tais “pacotes de bondade” que os senhores deputados e senadores estão aprovando em Brasília. Para que tanto dinheiro a ser gasto agora?

Por que lá em janeiro passado, mais ou menos, quando tudo indicava que a fome – 30 milhões de brasileiros – a falta de emprego, as doenças mostravam que as soluções para o bem do povo deveriam ser iniciadas, nada foi feito?

Mas, sabe como é, “depois a gente vê”.

E aquilo que poderia ser gasto em prestações e já ter atendido grande parte da população, ficou para o agora, quando a miséria é muita e temos que pagar tudo à vista, pois deixar verbas destinadas ou carimbadas no orçamento da nação é como pagar a conta de uma só vez, quando se podia se pagar em parcelas mensais.

Dinheiro empenhado não pode ser mexido a não ser para aquele fim específico, no caso, a quebra do teto de gastos, e a possível decretação de estado emergência no país, burlando constituição para se gastar mais agora.

E para que fim? Para beneficiar os candidatos de 2.022. E isto fica claro, porque as “bondades” se encerram em dezembro – depois da eleição, quando afinal a meta deste descalabro foi alcançada – reeleger os atuais – e o ano de 2023 será de penúria, porque a “grana” já foi usada antecipadamente.

O dólar já vem subindo, e isto significa mais gastos para importar o que é básico para o povo, a inflação pode aumentar e o PIB cair, enfim é um desarranjo brutal na economia.

Não é à toa que esta PEC foi chamada de kamikaze. Para quem não sabe, os kamikazes eram pilotos japoneses suicidas que, no final da 2ª grande guerra, enchiam suas aeronaves de explosivos e se atiravam nos navios inimigos para afundá-los, à custa de suas próprias vidas.

É o que poderemos ver com a vida socioeconômica do país em 2023, quando se constatar que o dinheiro para os mais pobres, necessário lá no futuro, foi gasto suicidamente para beneficiar uns poucos na eleição do presente.
Mas, sabe como é, “depois a gente vê”.

Sérgio Motti Trombelli é
professor universitário e palestrante

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