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Desenvolvimento, Justiça Social e Espiritualidade
O discurso de Lula em Bruxelas foi contundente e absolutamente acertado. Os países mais ricos, ao longo da história, foram os que mais se beneficiaram dos países mais pobres. Neste sentido, é o que a Europa vem fazendo desde o descobrimento do Brasil e não só com o nosso país, mas todas as nações da América Latina – sem contar a Central e a África.
Quem não leu “As veias abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, deve fazê-lo urgentemente, porque embora tenha sido escrita em 1971, continua mais atual do que nunca. O escritor uruguaio expõe a nu o processo que poderia ser considerado, com a devida relativização, o primórdio da sanha megaextrativista na América Latina.
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Sérgio Faraco, o tradutor da obra, assim comenta “América Latina tem sido vítima, desde que aqui aportaram os europeus no final do século XV. No começo, espanhóis e portugueses. Depois vieram ingleses, holandeses, franceses, modernamente os norte-americanos, e o ancestral cenário permanece: a mesma submissão, a mesma miséria, a mesma espoliação.
“As veias abertas da América Latina” vendeu milhões de exemplares em todo o mundo. Com seu texto lírico e amargo a um só tempo, Galeano sabe ser suave e duro, e invariavelmente transmite, com sua consagrada maestria, uma mensagem que transborda humanismo, solidariedade e amor pela liberdade e pelos desvalidos”.
Enfim, países hoje ricos expoliram a riqueza da América Latina ao longo do tempo e ainda continuam fazendo. Seria justo que esta exploração tivesse um final e a dívida deles para conosco começasse a ser paga.
Contudo, longe de ser um tema político, é uma questão de espiritualidade. O que foi dito acima, por Faraco, “humanismo, solidariedade e amor pela liberdade e pelos desvalidos”, faz parte de Leis Universais que não servem apenas para seres humanos, mas também para nações.
Kardec, nos deixou claro que os mais fortes devem ajudar os mais fracos e não escravizá-los.
A convivência humana, quando elevada ao patamar de países, se obriga à mesma justiça social, só que internacionalizada, porque o que é de direito de um não pode ser tomado por outro.
Nações são “indivíduos” que também são regidas pela lei de ação e reação. Este é o espírito das leis de Deus. O desenvolvimento, por seu turno, não pode ser sempre unilateral. Se nós, seres humanos, enquanto pessoas, não podemos nos apropriar daquilo que não nos pertence, por que países entre si podem?
Falta espiritualidade nas relações internacionais. É a questão vista mais de perto hoje pela expressão “nós e eles”, quando nós, os que mais podem, fazem calar pela força os que menos possuem.
E esta força dominadora é injusta. Não se trata de combate ou guerras, mas é uma força que se máscara de forma manipuladora, permitindo a pobreza, a fome, o baixo desenvolvimento, o auxílio humanitário, aos países mais fracos.
Quando compreenderão que nações têm seu espírito também? Um espírito que se expressa no direito à vida de seu povo. Quem se arvora como dono de um país é sempre um governo dominante de outro país e isto fere as Leis Morais que Deus estabeleceu como obrigatórias, não para seres individuais apenas, mas para nações também.
Tenho restrições sobre o conceito de pecado, mas neste caso o pecado se presta para caracterizar o que estes países fizeram com o Brasil e depois de se apropriarem do pau-brasil, das riquezas de Minas Gerais, da cana de açúcar e de nossas riquezas minerais, agora, querem que cuidemos, às nossas custas, da Amazônia a fim de que todos tenham ar mais limpo no planeta.
Eles destruíram suas reservas de madeira e recursos naturais e hoje cobiçam as dos países pobres mais uma vez.
Há tempos, em outra matéria, falei que falta mais espiritualidade nas pessoas deste mundo pós-modernista. Falta mais humanidade, falta mais crença e fé. Mas o pecado, tal como nos seres humanos individualmente, atinge nações de forma coletiva, e irão pagar um carma muito intenso ao longo dos séculos.
Países que dominaram o mundo no passado, escravizando e espoliando os outros, como o Egito, a Itália, a Grécia, hoje vivem tempos difíceis. A União Europeia no seu todo vive momentos de crise, guerras.
Da mesma forma, os EUA, nação criada bem depois dos países europeus, começa a sofrer seu carma histórico e com o tempo cairá igualmente aos demais que já caíram e estão caindo agora.
A história não é feita aos solavancos. Deus não age assim, ao contrário, age lentamente, mas de forma progressiva, tanto para ajudar os que necessitam, como para fazer ver aqueles que erraram, e geralmente o faz pela dor.
Vocês podem não acreditar, mas é a mão divina que os poucos mexe aqui e ali a fim de cobrar as dívidas e dar aos que têm direito. O mundo se movimenta sempre através da alternância de poderes e de dominação entre as nações.
Por isso, o que alertou nosso presidente sobre a guerra atual entre a Ucrânia e a Rússia, uma contenda que já gastou trilhões de dólares enviados pelos países ricos, é a prova cabal de que com muito menos seria feita a justiça social.
De que aqueles que mais têm precisam devolver o que tomaram no ontem tudo aquilo que mais precisa os que foram espoliados no passado e merecem receber de volta no presente. Seria a verdadeira ação de repartição do desenvolvimento nesta Terra, mostrando que todos neste planeta formamos uma só família de irmãos em Cristo e que o princípio que nos une é a espiritualidade divina.
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