Estância do Leitor
Dia do Samba: Samba é madeira que enverga, mas não quebra
Samba é madeira que enverga, mas não quebra
Carine Bernardino
Salve o povo do samba! Todas as reverências a esse povo aguerrido, que resiste forte, mantendo suas tradições em nome do maior patrimônio cultural imaterial deste país, o Samba.
Dia 02 de dezembro, é comemorado o Dia Nacional do Samba. Neste contexto de comemorações estão incluídas todas as vertentes, ritmos, danças, musicalidade e tudo que engloba a cultura do samba.
Oficialmente, o Dia das Escolas de Samba é no dia 11 de abril. Contudo, as comemorações e homenagens deste dia recaem sobre o protagonismo e tradição das escolas.
Dia de exaltar a história das agremiações, dos baluartes, velha-guarda, dos sambistas, passistas, cantores, compositores, ritmistas e todos os anônimos que ajudaram na construção da história do samba.
A tradição começa com a vigília do samba, no dia 01 de dezembro, os sambistas reunidos celebram e aguardam a alvorada na manhã do dia 2, quando se inicia a festa em homenagem ao samba.
E como está o samba em Guarujá? Guarujá tem participação importante na história do samba da Baixada Santista.
Antes de tudo, vamos esclarecer que a existência da cultura do samba não está condicionada ao desfile de escolas de samba oficial, promovido pela “boa” vontade de autoridade pública. Somos infinitamente maiores que isso, não seremos reduzidos a um evento institucionalizado.
Em nossa Cidade, desde 2015, não há concursos de desfile carnavalesco, as escolas atuam em seus redutos e o samba centralizado nas comunidades. O desfile no Carnaval, claro que faz falta, é na avenida a concretude de todo o nosso trabalho e paixão pelo samba.
Porém, é relevante explicar que a ausência desses desfiles não acaba com a nossa cultura. O samba e as escolas de samba são manifestações movidas por amor ao seu pavilhão, um amor que é legado e que garante sua perpetuação.
Além de manter nossas tradições, para quem não conhece de perto, somos provedores de cultura na dança, canto, percussão, confecção, artistas, abrangemos mão de obra, movimentamos a economia e exercemos nosso papel social dentro da nossa comunidade.
Temos ciência que a visão sobre o samba não evoluiu, ainda somos alvo do preconceito cultural que assombra esse país. Não podemos esquecer que somos a cultura que nasceu no morro, na favela, do pobre, do negro e dos batuques dos terreiros, uma síntese de preconceito e perseguição.
E mesmo que, por conta de tudo isso, sejamos sempre sacrificados entre as políticas públicas de cultura, o samba de Guarujá não vai morrer. Mesmo que a falta de incentivo cultural e a interrupção da realização de desfiles carnavalescos sejam maneiras burocráticas e frustradas de tentarem nos enfraquecer, resistiremos sempre.
A história do samba é exatamente isso, resistir e seguir lutando. O samba é “Madeira que enverga, mas não quebra”, como diz meu pai, Lorde Caride, um dos maiores baluartes do samba guarujaense.
E é em nome dele e de todos os grandes nomes do samba de Guarujá, que saúdo esse povo valente. Respeitem o povo do samba!
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