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Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência – Guarujá ainda oferece poucas vagas no mercado de trabalho
Segundo dados do IBGE de 2019, cerca de 8,4% das pessoas com mais de 2 anos de idade tinham ao menos uma deficiência e estavam presentes em 19,8% dos domicílios no Brasil; Entre os deficientes apenas 34,3% dos trabalhadores ocupavam postos formais de trabalho
Tatiana Macedo
Da Reportagem
Em virtude da passagem do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (PCD), na última quarta-feira (21), voltado para reforçar os direitos desse público e a necessidade de políticas que promovam a inclusão, a nossa reportagem preparou para esta edição matéria especial sobre a oferta de cargos no mercado de trabalho para PCD’s.
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Segundo dados divulgados na última quarta (21), pelo IBGE, baseados na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, cerca de 8,4% das pessoas com mais de 2 anos de idade tinham ao menos uma deficiência e estavam presentes em 19,8% dos domicílios no Brasil. Entre os deficientes apenas 34,3% dos trabalhadores ocupavam postos formais de trabalho.
Diante desse cenário, nossa reportagem contatou empresas dos setores públicos e privados de Guarujá, em busca de informações sobre o quadro de vagas para esse público, de acordo com a legislação vigente, com a finalidade de dar visibilidade à causa na cidade.
Setor Público – Entrar no quadro de qualquer instituição de serviço público é a grande esperança de muitas pessoas, especialmente PCDs, pela forma técnica como a seleção é realizada. Mas a realidade dos números mostra que é preciso avançar nesse quesito.
A Prefeitura de Guarujá conta atualmente com 82 pessoas com deficiência no quadro de servidores em um universo de 6.834 funcionários. Já na Câmara de Vereadores, segundo o setor de Recursos Humanos da instituição, há apenas dois funcionários.
“Um deles foi contratado através de Cota para PCD’s, no último concurso público cumprindo requisitos da Lei Federal”, informou um funcionário do setor de Recursos Humanos.
Setor Privado – A reportagem falou também com empresas do setor privado, localizadas em Guarujá. Uma delas foi a Santos Brasil, prestadora de serviços de logística do porto ao e-commerce presente no Tecon Santos. Segundo a empresa, a valorização do indivíduo e o respeito à diversidade estão entre os valores da Companhia.
“A empresa realizou neste ano um censo interno em parceria com uma consultaria externa, totalmente confidencial e anônimo, que mostra o retrato da companhia e possibilita entender e planejar os próximos passos para os temas de diversidade, equidade e inclusão. Foram traçadas 74 ações de diversidade e inclusão para serem realizadas ao longo de três anos”, informou em nota.
A Santos informa que há pessoas com deficiência em todas as unidades, com vagas exclusivas para esse público. Porém, na nota enviada não informa a quantidade de funcionários contratados.
Por outro lado, a nota também afirma que “recentemente, foi fechada uma parceria com o programa Meu Emprego Inclusivo, para aumentar ainda mais a atração e a promoção de vagas para todas as pessoas com deficiência”.
Outra empresa consultada foi a Dow, uma das principais empresas do segmento químico e líder global. Segundo Adriana Amélio, líder de Talentos para a Dow na América Latina, a empresa “tem mais funcionários PCDs do que o percentual determinado pela lei de cotas e seguimos desenvolvendo iniciativas para atrair cada vez mais talentos PCDs para o nosso time”.
A empresa também não informa números sobre funcionários contratados. “Para impulsionar essa representatividade, fazemos uso de contratação intencional ou ações afirmativas para pessoas com deficiência em posições fabris ou administrativas e incluímos também em nosso processo seletivo de estágio, o Jump to the Future, vagas exclusivas para PcDs”, explica.
A empresa também possui um banco de dados ativo para vagas de PCD’s. “Candidatos que são pessoas com deficiência devem se sentir encorajados a aplicar para qualquer vaga na Dow, inclusive temos um banco de dados PCD ativo que recomendamos fortemente que qualquer
candidato PcD se inscreva. Este banco de dados é uma de nossas fontes para atrair talentos para a Dow”, afirma Adriana.
Outra empresa procurada pelo jornal foi a City Transporte Intermodal, concessionária de transporte público em Guarujá. Em nota, a assessoria de imprensa da empresa informa que “atualmente, 4,6% do quadro de funcionários da City é formado por pessoas com deficiência, número maior que o preconizado em lei.
A empresa informa ainda que “a City preza pela valorização, apoio e incentivo da PCD no mercado de trabalho e faz desta modalidade de contratação uma política institucional, formando e qualificando estes colaboradores para atuarem nos mais diferentes setores da nossa empresa”.
Banco de Currículos PCD’s facilita primeiro emprego
Recém contratado, Guilherme Antônio Pereira Barbosa, 20 anos, possui deficiência auditiva. O jovem acaba de integrar o quadro de funcionários da Exologística Transportadora S/A, empresa do setor de agenciamento marítimo em Guarujá.
“Estou me sentindo muito bem vindo aqui na empresa. Fui bem recebido pelo pessoal”, afirma Guilherme. O jovem conseguiu a vaga de trabalho através do banco de currículos da Prefeitura Municipal de Guarujá.
“Entreguei meu currículo e fui chamado pra entrevista”, explica. Guilherme conta que não é o único contratado na empresa como portador de deficiência. “Tenho outra colega que também tem problema auditivo e já fazia parte do quadro de funcionários”, conta.
O banco municipal de Currículo para PCD’s funciona com a comunicação às empresas por meio de campanhas nas redes sociais e visitas aos estabelecimentos. A Secretaria de Comunicação e Relações Sociais (Seres) também recebe os representantes.
Quem estiver interessado em entregar o currículo ou disponibilizar uma vaga pode agendar uma visita através do e-mail: adm.seres.pmg@gmail.com ou por meio do telefone: (13) 3308-7432.
É preciso capacitar para ampliar acesso
Silvia Santos Rego, moradora de Guarujá, conta que seu filho João Vitor dos Santos Rego, 16 anos, que possui deficiência auditiva severa ainda não conseguiu entrar para o mercado de trabalho. Segundo a mãe, em dezembro o jovem completa 17 anos e está terminando o ensino fundamental.
“A gente já tentou em empresas da Cidade, mas não conseguimos nada. A maioria das empresas só contrata a partir dos 18 anos. Como ele não tem experiência nenhuma, e ainda com a deficiência, vai ficando cada vez mais difícil a sua inclusão no mercado de trabalho”, acredita.
A reportagem entrou em contato com o Centro de Formação Profissional – Camp Guarujá para saber como funcionam as vagas para pessoas com deficiência da unidade. Segundo a gerente administrativa, hoje a unidade conta com apenas um aprendiz com autismo leve.
“Nós já tivemos um aprendiz com baixa visão e hoje temos um portador de autismo leve. O Campg tem um projeto de inclusão de jovens com deficiências a longo prazo, com o término das obras da nossa Unidade II, que foi planejada com total acessibilidade. No momento, na casa onde estamos, não temos como adequar todos os tipos de deficiências, pois não temos espaço, por exemplo, para receber cadeirantes”, explica.
“A Unidade II ainda não foi entregue por falta de recursos, pois dependemos de doações. Outra questão que nos impossibilita é que não temos, por exemplo, material apropriado como livros em braile e professores capacitados para atendermos jovens com deficiências”, explica.
Segundo a funcionária, a entidade está habilitada para atender empresas no quesito das cotas de aprendizagem, mas ainda não para cotas de PCD’s. “Mas, esse é projeto futuro do Camp Guarujá. Só dependemos da entrega do nosso novo espaço habilitado”, afirma.
Você sabia?
Emprego inclusivo – A luta pela acessibilidade, emprego, educação e respeito às diferenças são diárias para as pessoas com deficiência. Há 31 anos, em 1991, através da Lei 8.213 esse público obteve o direito sobre os mecanismos de previdência social e a instituição de cotas para inserção de PCD’s no mercado de trabalho.
% de Vagas – A norma determina que empresas que possuem de 100 a 200 colaboradores devem destinar 2% das vagas de emprego a PCDs. Organizações que empregam de 201 a 500 pessoas devem conter 3% de seu quadro com funcionários portadores de PCD. Empresas que contenham de 501 e 1.000 colaboradores, 4% de seus funcionários com alguma deficiência física. E por fim, empresas com mais de 1.000 colaboradores devem destinar 5% de suas vagas a PCDs.
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