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Só Para Pensar – Sergio Trombelli

Ela se foi, que pena!

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Esta coluna está de luto. Faleceu Maria Baraçal, e com ela se vai uma parte da história do jornalismo desta cidade.

No tempo em que o empoderamento feminino sequer era uma frase, Maria já estava empoderada e, com a morte de seu pai – o velho e querido Baraçal – ela assumiu os destinos da Estância de Guarujá, e aquele periódico semanal, que era feito em cima da grande amizade do velho pai, tomou um rumo diferente.

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Do artesanato jornalístico ao profissionalismo, foi o caminho levado a cabo por Maria. E não foi fácil.

Contudo, ela conseguiu chegar aonde desejava e, na sua mão, o Estância passou a ser parte integrante da família guarujaense – principalmente se o assunto era a política.

Toda semana, esperávamos a saída do jornal para saber das “novidades” do mundo político que havia na cidade. E se estava no semanário da Maria era verdade.

Com imenso vigor, trabalho e uma paixão pela vida, ela conquistou o sucesso possível para um periódico semanal numa cidade que possuía uma imprensa eclipsada pela Tribuna de Santos, como, aliás, é até hoje em todas as cidades da Baixada.

Entretanto, apesar da força do jornal santista, naquilo que era política desta cidade, os fatos reais estavam no Estância, um jornal imbatível.

Ainda é cedo para se aquilatar a importância de Maria Baraçal no jornalismo de Guarujá. É preciso pesquisar mais, afinal, vale um estudo mais profundo nos arquivos impressos do Estância para se ver o quanto ele foi importante, como foi sua influência na vida sócio-política da cidade.

Tomara que apareça alguém para fazer este trabalho.

Mais que isso, nas suas páginas, cronistas regionais deixaram suas linhas sobre o esporte, sobre a política, sobre os fatos cotidianos, enfim, sobre a vida de Guarujá e até mesmo da Baixada Santista.

Manuel Bandeira, esse grande poeta do modernismo brasileiro, um dia criou um poema singelo com o título “Irene no céu”. Claro que não era uma Irene qualquer, era uma Irene símbolo para toda mulher que merecesse aquelas palavras.

Assim, parodiando este grande poeta, com pouquíssimas alterações, vale trocar o nome de Irene, porque o merecimento é o mesmo, afinal, Maria encarna com mérito o universalismo feminino daquela obra literária.

Então, com respeito e carinho, aqui vai.

Maria no Céu
Maria mulher
Maria boa
Maria sempre de bom humor.
Imagino Maria entrando no céu:
– Licença, meu santo!
E São Pedro bonachão:
– Entra, Maria. Você não precisa pedir licença.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão.

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