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Guarujá em Foco

Em estado de calamidade pública, Guarujá segue buscas por sobreviventes

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Há muita terra sobre escombros e as buscas por sobreviventes, e mortos, continuam (JTorres)

Da Redação

As chuvas da última terça-feira (3) que causaram mortes e muita destruição na região da Baixada Santistas ainda ameaçam a população de áreas de risco nos morros e ruas vulneráveis à enchentes. As previsões climáticas destacam que as chuvas serão mais leves no fim de semana, porém, com o solo ainda encharcado, as cidades da região seguem em estado de atenção para novos deslizamentos.
Em Guarujá, onde foi decretado Estado de Calamidade Pública pelo prefeito Válter Suman, foram contabilizadas 23 mortes até esta quinta-feira (5). No entanto, há muita terra ainda sobre escombros de moradias e as buscas por sobreviventes, e mortos, continuam. Até o fechamento desta edição, 36 pessoas ainda estavam desaparecidas na cidade.
A atuação das equipes está concentrada nos escombros da Barreira do João Guarda, onde foram encontrados 16 mortos, e no Morro da Bela Vista, popularmente chamado de morro do Macaco Molhado, onde 5 pessoas também perderam a vida.
Também foi registrada uma morte devido a escombros que rolaram do morro e atingiram um barraco às margens da Rodovia Ariovaldo Almeida de Viana (Guarujá-Bertioga).
405 milímetros de chuva
Guarujá conta com 15 morros e, de acordo com autoridades da Defesa Civil Municipal, apenas duas áreas registraram deslizamentos de terra com gravidade. O órgão registrou o acumulado de chuvas que atingiu a cidade nas 24 horas entre as noites de segunda e terça-feira: 282 milímetros de água de chuva, número superior ao esperado para todo o mês de março.
Em 72 horas (de segunda a quarta-feira), Guarujá atingiu 405 mm, o que, segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo, é um volume extremamente alto, considerando-se as medidas históricas no Estado.
Desabrigados
De acordo com informações da Prefeitura de Guarujá, cerca de 225 pessoas estão acolhidas na Escola Municipal Dirce Valério, no Jardim Tejereba, onde estão recebendo atendimento médico e psicológico, além dos cuidados básicos de alimentação, higiene e acomodações para descanso.
Na terça-feira pela manhã, logo após os incidentes, a prefeitura chegou a contabilizar cerca de 400 abrigados temporários e 200 desabrigados, pessoas sem ter moradia ou onde ficar temporariamente.
O Coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil, Coronel PM Walter Nyakas Junior, e equipe permanecem na região, em reuniões com o Gabinete de Crise, avaliando as necessidades e a atuação no salvamento.

Casas foram inundadas em muitos bairros da cidade. População contabiliza perdas materiais

Enchentes causam transtornos pela cidade
O volume de água na cidade devido às chuvas desta terça-feira foi tão alto que a sensação dos moradores é de que a cidade ficou quase toda submersa. Em todos os bairros foram relatados pontos de alagamentos e centenas de famílias perderam moveis e automóveis nas enchentes.
A madrugada de terça-feira foi o período mais crítico das chuvas. Além de ocasionar os deslizamentos de terra nos morros, ruas onde não havia histórico de alagamentos encheram e pegaram dezenas de famílias de surpresa.
O trânsito na cidade também ficou bastante prejudicado. Com alagamentos pontuais nas principais avenidas, a circulação de ônibus foi interrompida em bairros mais afetados e diversas linhas tiveram o trajeto alterado.
Enquanto isso, moradores de bairros como Santo Antonio, Santa Rosa e Morrinhos, onde as enchentes são mais comuns, passaram a noite tirando água de dentro de casa e tentando salvar móveis e colchões da enchente. Muitos não tiveram sucesso e acumulam perdas materiais.
Em Vicente de Carvalho, dezenas de casas foram invadidas pelas águas e na manhã de quarta-feira, o que mais se viu foram as famílias fazendo a limpeza e colocando móveis nas ruas para serem recolhidos pelas equipes de remoção de entulhos.
Abastecimento de água
O abastecimento de água também esteve prejudicado por causa das chuvas intensas e nesta quarta-feira, a Sabesp informou que a capacidade dos reservatórios localizados na Baixada Santista foi recuperada em 90%. “Todas as estações de tratamento estão operando e as ocorrências registradas por conta das fortes chuvas já foram regularizadas”, afirma a nota.
Calamidade Pública
No Diário Oficial do Estado de quarta-feira (4), o Governador João Doria homologou sumariamente os decretos municipais de situação de anormalidade do Guarujá (estado de calamidade pública), Santos e São Vicente (situação de emergência). Na quinta-feira, foi a vez da Defesa Civil Nacional determinar Estado de Calamidade Pública no Guarujá, devido às fortes chuvas que causaram mortes e destruição em várias localidades da cidade. A portaria, com a medida, está publicada no Diário Oficial da União de quinta-feira (5).

Doações e retiradas estão concentradas na escola Dirce Valério, na Enseada, e no Fundo Social de Guarujá (PMG)

Doações
Conforme o Fundo Social de Solidariedade (FSS), atualmente as prioridades são itens de higiene pessoal, fraldas e alimentos não perecíveis. Apesar do destacado, quem quiser ajudar as vítimas pode doar também: água potável, roupas de cama, materiais de higiene e ração animal, ressaltando que roupas não são mais necessárias.
Foram disponibilizadas pelo Governo do Estado 19,5 toneladas de materiais de ajuda humanitária aos municípios afetados.
Os pontos de arrecadação e entrega oficiais de doações são o Fundo Social de Solidariedade (FSS) de Guarujá (Rua Cavalheiro Nami Jafet, 549 – Centro) e Escola Municipal Dirce Valério (Av. Dom Pedro I, 340 – Jardim Tejereba). Para facilitar a organização e garantir que a destinação seja feita para quem realmente está precisando, centralizamos as doações e retiradas apenas nesses dois locais.

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