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Entre Sons e Tons – Tatiana Macedo

Entre Sons e Tons: Cassinos trariam de volta o glamour da Pérola do Atlântico?

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Guarujá é uma Cidade cheia de boas histórias. Vou aproveitar este espaço para trazer, entre outros temas, algumas destas histórias, que fizeram do nosso balneário a ‘Pérola do Atlântico’.

Recentemente, tive o prazer de conhecer uma relíquia histórica da Cidade: baralhos do Cassino Grand Hotel La Plage, que ficava localizado em frente ao shopping, na Praia de Pitangueiras. Incentivada pelas recentes declarações do Ministro de Turismo, Gilson Machado, sobre a possibilidade de retorno de cassinos, vamos conversar sobre esse assunto?

Você sabia que os baralhos no cassino de Guarujá eram feitos, exclusivamente, para os jogadores que ali frequentavam? O tenente reformado do Exército Brasileiro, Paulo José de Andrade, morador do bairro Guaiuba, ganhou dois baralhos dos tempos do cassino do Grand Hotel La Plage, de um desses antigos jogadores.

O tenente é o guardião de dois conjuntos desses baralhos, que estão intactos, e datam de cerca de 74 anos atrás, data em que os cassinos foram fechados no Brasil, em 1946, pelo então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra.

Embora as cartas de baralho tenham sido criadas pelos árabes, em meados de 1500, e levem em suas cartas letras de palavras em inglês, como K, o Rei (King), o J, como Valete (Jack) e o Q, representando a Dama (Queen), no baralho do ‘Cassino Guarujá’, além de contarem com o emblema do cassino nas costas das cartas (veja nas fotos), eles foram totalmente produzidos no Brasil, em versão da Língua Portuguesa.

Aqui em Guarujá o Rei era representado pela letra ‘R’, e o As, pelo número 1. Baralhos exclusivos para os jogadores que frequentavam o Litoral Paulista, especificamente a glamorosa Ilha de Santo Amaro, que recebia milionários de todos os cantos do País, além de turistas do exterior.

 

 

GRAND HOTEL LA PLAGE EM GUARUJÁ

O primeiro cassino de Guarujá data de 1893, e era feito todo em madeira de Lei. O local pegou fogo quatro anos depois, por motivos não registrados em lugar nenhum, mas foi reerguido em 1910, em alvenaria, em uma construção não tanto glamorosa. Em 1911, um grupo de empresários estrangeiros comprou a área do cassino e o reconstruiu.

Desta vez, as novas instalações seguiam o padrão de construções europeias, com hotel e cassino, e trouxeram uma arquitetura super sofisticada para época, conforme mostram as raras fotos que registram as instalações da época.

Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais eram os três estados considerados capitais dos cassinos brasileiros, numa época em que os shows musicais, ao vivo, nos grandes salões do Copacabana Palace, Quitandinha, Atlântico, Urca, Parque Balneário Hotel, Grande Hotel de Araxá, e nosso Grand Hotel La Plage, eram referência, tanto para artistas nacionais, quanto para estrelas de primeira grandeza dos palcos mundiais.

O ‘Cassino Guarujá’, ficava dentro do Grand Hotel La Plage, e foi desativado em 1946, conforme conta a história do Brasil. Em 30 de abril de 1946, três meses depois de assumir a Presidência da República, o general Eurico Gaspar Dutra pegou o país de surpresa e, com um decreto-lei, ordenou o fim dos jogos de azar.

CASSINOS FECHADOS: A RELIGIÃO SE SOBREPÔS AOS JOGOS DE AZAR

Os cassinos no Brasil foram fechados pelo decreto-lei 9215, de 30 de abril de 1946, do presidente Eurico Gaspar Dutra. Contam os registros da história, que o presidente Dutra foi influenciado por sua esposa, dona Carmela (conhecida como dona Santinha), uma mulher extremamente religiosa e contrária ao jogo, e pelo ministro da Justiça, Carlos Luz, que desejava ser governador de Minas Gerais.


Dutra, na época, levantou a bandeira contra os cassinos em nome da “tradicional família mineira”, fechou todos os cassinos brasileiros, e mesmo assim, perdeu a eleição. A proibição gerou manchetes em jornais em todo o País. E a polêmica dura até hoje.

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EM QUE PÉ ESTÁ A LIBERAÇÃO HOJE?


A proposta voltou a ser avaliada em reunião ministerial em abril do ano passado, quando o ainda Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, salientou que a retomada da economia do país poderia ser impulsionada com a criação de cassinos em resorts.

Recentemente, o atual ministro do Turismo Gilson Machado se referiu à possibilidade da volta dos cassinos ao Brasil, e afirmou que isso caberá aos parlamentares, com a aprovação de um dos projetos que tramitam no Congresso Nacional. Em entrevista recente à Jovem Pan, o Ministro comentou sobre sua  missão especial em Las Vegas no ano passado, muito produtiva na sua avaliação.

“Fomos recebidos pelo governo americano. Era uma missão composta por nós, na época eu era presidente da Embratur, e representantes da Câmara dos Deputados e do Senado. Tivemos acesso ao controle dos resorts integrados. Resort integrado é um equipamento turístico que tem centro de convenções, hotelaria, lojas”, descreveu.

Ao falar de resorts, deu como exemplo o The Venetian, do grupo Las Vegas Sands. “Eles têm um centro de convenções que roda por semana 180 mil pessoas. No hotelzinho dele não cabe porque só tem onze mil quartos. Mas, ele lota todos os hotéis no entorno. Fora isso, há mais de 200 lojas, restaurantes, dois teatros que fazem shows ao mesmo tempo”, afirmou Machado.

“Na hora que o Brasil legalizar os cassinos virão US$ 30 bilhões para serem investidos automaticamente”, disse o ministro.

Ainda na sua avaliação, os resorts integrados não irão se espalhar pelo Brasil. “Hoje os donos dos cassinos escolheriam a região de São Paulo e no Rio de Janeiro, porque estão perto de aeroportos”, explica ainda.

Seriam bons e novos ventos para a história de glamour em Guarujá?

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