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ESG: receita para um mundo melhor
Boas práticas ambientais, sociais e de governança estão chegando ao conhecimento e cotidiano dos brasileiros
Quando fomos a campo para elaborar a matéria página 3 desta edição, sobre a coleta seletiva e logística reversa de materiais recicláveis em Guarujá, tive a noção do quanto o cenário vai além da conservação ambiental, com a descoberta de que mais de 8 mil pessoas realizam esse serviço para sustentar suas famílias, com a renda do trabalho revertido em dignidade econômica.
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Além de reduzirmos a destinação inadequada dos materiais, que poderiam ser encaminhados para lixões ou aterros controlados e sanitários, por exemplo, o seu implemento traz mais um benefício: o cumprimento de metas ESG para empresas e governos comprometidos.
Logo me veio à mente esse novo conceito do mercado financeiro mundial, a ESG, do inglês “environmental, social and governance”, que quer dizer práticas ambientais, sociais e de governança das organizações. Foi interessante analisar como as metas de reciclagem podem impactar no reconhecimento de uma sociedade e como ela pode se beneficiar disto na condução de seus negócios.
Mas afinal, o que é essa tal de ESG?
O ESG veio como um movimento do mercado financeiro, traduzindo o que é o movimento sustentável. Mas, porque essa sigla? A ideia é que todos os negócios, projetos e inciativas que tem fins lucrativos não sejam mais direcionadas somente pelo viés do lucro. Com essa mentalidade do ESG outras variáveis são consideradas para a avaliação do desempenho de um projeto de gestão ou de um negócio.
Para explicar melhor o conceito ESG, eu conversei com Bruno Tacon, engenheiro ambiental especializado em sustentabilidade pela FGV e presidente do Instituto Nova Maré, em Guarujá.
“A ideia é que a gente coloque uma gestão ambiental, uma gestão social e uma governança ética, dentro do cenário do direcionamento estratégico”, pontua Bruno.
“Questões ambientais, como de onde vem a matéria prima ou como reduzir o impacto ambiental do meu negócio, a economia circular, enfim, todas essas tratativas de como eu posso ter harmonia com a natureza”, explica.
Para a parte social, Bruno explica que parte do questionamento de como é a relação da atuação da gestão com a sociedade. “A variável social envolve questões como a preservação de cultura, de inclusão, de acessibilidade, direitos humanos”.
Já para o pilar da governança, Bruno explica que envolve questões de transparência e ética. “Por exemplo, como a gente presta contas de como foi usado o dinheiro recebido para determinado fim e como manter políticas internas anticorrupção e práticas que vão trazer a conformidade atendendo à legislação”, explica. E finaliza: “Mas também tem princípios éticos envolvidos nisso. A ideia é se consiga fazer uma governança onde os próprios funcionários tenham orgulho de trabalhar. Essa é a chave do ESG”.
Guarujá pode ser protagonista em ESG no Brasil
Na semana passada, Bruno Tacon esteve junto ao Conselho Municipal de Turismo (Comtur), com objetivo de apresentar um projeto de desenvolvimento do Turismo Sustentável, com o objetivo de colocar a cidade de Guarujá como protagonista no movimento ESG no Brasil.
O engenheiro ambiental está à frente do projeto Mundo Sustentável, que em parceria com a Unaerp Guarujá, leva visitação à Ilha dos Arvoredos, um paraíso ecológico totalmente sustentável localizado em frente à Praia do Pernambuco. (Inclusive, você pode conhecer em matéria realizada nessa coluna sobre o local: https://bit.ly/3RRRdiQ).
“Considerando que a Ilha dos Arvoredos é o berço da sustentabilidade, que nós temos um ecossistema sensível, uma cultura caiçara em harmonia com a natureza, que já tem muitos ingredientes para ser algo valorizado e vendável, e ainda pela possibilidade de mostramos o exemplo de sucesso de governança no Projeto Mundo Sustentável, esse projeto que apresentei no Comtur tem como ideia o desenvolvimento de todo o trade turístico voltado para o turismo sustentável”, afirma.
Bruno conta que o projeto conta com a capacitação de guias especializados nesse segmento sustentável, formação de monitores ambientais para a condição dos roteiros turísticos sustentáveis, promotores turísticos e, até mesmo, a formação de turistas mais sustentáveis.
“Nossa intenção é que Guarujá assuma esse mercado que movimenta cerca de trinta trilhões de dólares por ano, e em crescimento. Queremos aproveitar esse movimento natural que já está acontecendo no mercado para trazê-lo a Guarujá”, explica.
Bruno explica que seria criado um núcleo de inteligência e tecnologia. “Seriam compilados dados científicos e operacionais do trade turístico de Guarujá, que podem nos munir na criação de roteiros, com a criação de um catálogo, com modelos de empatia ou sensação de pertencimento, para valorização da cultura da Baixada Santista”, explica. E finaliza: “A Ilha dos Arvoredos entra os dois modelos”.
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