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Guarujá em Foco

Família de soldado morto por PMs em Guarujá contesta versão policial

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Soldado de 20 anos foi morto durante operação policial na comunidade Vila Baiana. Familiar nega versão da PM de que jovem estaria armado com fuzil e que reagiu à abordagem

A irmã do soldado Marcos Muryllo Costa morto durante uma operação policial na Vila Baiana nesta semana, vem dando declarações na mídia local onde rechaça a versão da Polícia Militar de que a morte do irmão foi consequencia de uma reação armada dele. Segundo ela, testemunhas afirmam que ele teria sido executado.

— Leia também: Justiça descarta tortura em caso de homem amarrado por cordas

“Tem muita testemunha que mora lá. As testemunhas disseram que meu irmão gritava, ‘sou militar, sou militar’. E falavam pra ele, ‘você vai morrer’”, disse Mayra à reportagem nesta terça-feira (13). “Viraram ele de costas e alvejaram ele. É uma dor imensa, imensa, você perder alguém dessa forma, porque sabe o tanto que ele sofreu”, completou a jovem com a voz embargada.

Vídeo motivou operação

A morte do soldado Marcos Muryllo Costa ocorreu no domingo (11), durante uma operação da Polícia Militar na comunidade da Vila Baiana, em Guarujá, para capturar alguns indivíduos que aparecem em um vídeo (acima) fortemente armados e zombando das forças policiais na cidade. O vídeo viralizou nas redes sociais e trouxe grande repercussão sobre a segurança pública em Guarujá.

Segundo informações oficiais, a operação apreendeu outros dois homens, de 38 e 40 anos, presos em flagrante por tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo. O comando da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo declarou que os registros da ocorrência destacam que Marcos entrou em luta corporal com um dos policiais, apontando um fuzil em sua direção e, por isso, foi fatalmente alvejado por dois agentes. Além disso, uma identificação funcional do Exército Brasileiro em nome de Marcos Muryllo fora encontrada em seu poder.

Segundo informações dadas pelo Exército Brasileiro, as circunstâncias da morte do soldado estão sendo apuradas e confirmou que o jovem era soldado da Bateria de Comando do Comando de Defesa Antiaérea em Guarujá (SP).

“A gente quer prova, a gente quer que prove que esse fuzil era dele. Meu irmão nunca foi envolvido com nada, nunca. Eles colocaram do lado do meu irmão um fuzil”, afirma Mayra. “Meu irmão era um homem negro que cresceu em comunidade. E não é porque é preto e de comunidade que é bandido. Eu acho que se meu irmão fosse branco e estivesse em Pitangueiras [bairro de alto padrão em Guarujá], nem olhar para ele eles olhavam”, declarou a irmã à reportagem.

Questionada sobre o conflito entre a versão da família de Marcos e a da Polícia Militar, A SSP disse que a equipe de policiais envolvidos na operação terá a conduta investigada em um inquérito policial militar, mas não respondeu porque, se o soldado portava um fuzil, ele não foi contido de forma não letal desde o início da abordagem policial. O órgão também não respondeu se está de acordo com os protocolos de abordagem da PM permitir que um suspeito portando um fuzil em uma bandoleira entre em luta corporal com um dos agentes e saque a arma.

Segundo familiares, Marcos foi sepultado na manhã de hoje no cemitério da Saudade em Guarujá em meio a um sentimento de dor misturado com revolta.

“Um menino cheio de sonhos, que ia se formar cabo em 15 dias, que era o sonho da vida dele. Ele pensava sempre no próximo antes dele. Era feliz”, disse Mayra que completou: “Além de ele ter sido alvejado, ele foi chutado no rosto. Estava muito machucado, muito machucado. A gente quer justiça. Encontrar os culpados e eles pagarem na Justiça o que eles fizeram”.

Reprodução/redessociais

Ainda de acordo com a irmã, Marcos sempre sonhou em fazer parte do Exército Brasileiro. O desejo, segundo Mayra, reforçou o objetivo do irmão em nunca se envolver com a criminalidade.

“Meu irmão nunca se envolveu com nada disso porque o sonho dele sempre foi ser militar”, afirmou Mayra. “Ele sabia que o envolvimento com qualquer coisa errada não daria certo [a realização do desejo de entrar para o Exército”. Ela afirmou, por fim, que deseja levar ‘levar o caso adiante’. “Vamos contratar advogado e vamos [expor o caso] na mídia. Que isso sirva de lição para que não aconteça com outros jovens negros”.

Editado com informações do Portal G1 e Costa Norte
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