Connect with us

novembro

Colunas

Finalmente, o Relatório

Published

on

Bem, a CPI chegou ao seu final. Meses e meses de interrogatórios, documentos, acusações e defesas, conforme o caso dos oposicionistas e dos governistas. As TVs mudaram suas programações, na verdade foi um espetáculo que mereceu a atenção de todos os brasileiros.

O que ela nos deixou foram fatos e ações estarrecedoras. Desde a defesa indefensável de um tratamento medicamentoso sem eficácia científica, até o atraso da compra de vacinas, passando pelos pacientes morrendo sufocados em Manaus; lobbies às escondidas na compra de imunizantes.

 — Leia também: Sociedade e Progresso II

Tem mais: mandatários em cargos oficiais que não mandavam, até civis sem cargo nenhum que tinham poder de mando. Deputados acusados de criação de leis que favoreciam compra de vacinas sem comprovação de eficácia e outros que juraram terem delatado ilicitudes ao presidente, mas não houve nenhuma ação.

Os atores se alternaram, tanto na defesa das ações governamentais, quanto na oposição mostrando os desmandos que ocorreram. Fatos ficaram em aberto, como as suspeitas de desvios de recursos do Consórcio do Nordeste – que deveriam ter sido apuradas, até Fake News de senadores que fizeram apologia de medicamentos sem eficácia, passando pelos discursos produzidos pelo palácio e lidos pelo líder do governo, além das intermináveis perguntas repetitivas do relator.

CPI chegou ao seu final após meses de interrogatórios, documentos, acusações e defesas

Ressalve-se a condução da presidência que soube separar o joio do trigo e levar tudo a contento até o final.

Um ponto a ser relatado para que fique de exemplo: a participação da bancada feminina, sempre inteligente, presente, e com foco preciso nas incoerências que vez ou outra pairavam nos interrogatórios.

É preciso mais mulheres no meio político e isto ficou provado, nesta que passou a ser chamada a CPI das CPIs, um merecido superlativo que a gramática denomina de superlativo bíblico. Quem sabe Deus não estivesse por lá e ao final fizesse a sua infalível avaliação.

Juntos se misturam depoentes que foram desde o “vou exercer o direito de ficar em silêncio” até os super falantes donos de grandes empresas, passando pela ofensa homofóbica de um depoente contra um senador da república, num momento lamentável que mostrou a personalidade deste cavalheiro, um escudeiro de luxo do governo que presta desserviços à nação.

Em meio a isto tudo, surgiram surpresas, as quais ora envolviam dinheiro e desmandos da máquina pública do ministério da Saúde, ora descortinavam os horrores de um Plano de Saúde, cujo trato de pacientes foi algo que devemos considerar inominável, haja vista que suas ações lembraram o “modus operandi” da Idade Média.

A última sessão foi o ponto alto com o testemunho dos parentes das vítimas da Covid. E aqui se viu a dor que realmente foi imposta ao povo brasileiro, a qual teria sido evitada caso não fosse o comitê paralelo, criando dificuldades para aquisição de vacinas e incentivando a imunização de rebanho, uma conduta também medieval que não encontra eco na medicina moderna.

Ao todo foram indiciados 80 alvos, indo desde o presidente da república, deputados federais, prefeitos, funcionários públicos, lobistas e empresas, um fato antes nunca visto numa CPI.
Findo os trâmites, agora é ver o que acontecerá.

Até onde a CPI terá força para punir os responsáveis? Até onde ela terá significado suficiente para mudar a forma de agir do Ministério da Saúde? Enfim, até quanto ela poderá contribuir para que tenhamos um país melhor, mais humano, só tempo dirá.

Os senadores do chamado G7, grupo de oposição ao governo na CPI, se comprometeu a criar um observatório permanente para acompanhar o andamento processual que se seguirá daqui para frente. Na opinião deles, existem outras formas de proceder se a Procuradoria Geral da República não der o andamento devido nos casos, assim como, os que não tem fórum privilegiados, nas esferas judiciais de menor instância.

Enquanto isso, estaremos sempre esperando por algo melhor na saúde, mas não só, na economia, na educação, no meio ambiente, nos transportes, na alimentação, no clima, enfim, em todas as necessidades de um povo que é alegre, pacífico sobretudo, e infelizmente crédulo demais.

Depois da CPI, as eleições de 22 dirão se ainda vai persistir esta credulidade ou finalmente, se abrirão os olhos de quem elege os políticos deste país, o povo. A conferir.

Sérgio Motti Trombeli é professor universitário
Pós Graduado em Comunicação e Palestrante

VERSÃO IMPRESSA
Advertisement
Advertisement
Advertisement
Advertisement
Advertisement
Advertisement
Advertisement

NOSSOS COLUNISTAS

Advertisement
Advertisement
Advertisement