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“Fuck you, Brazil”
Sérgio Motti Trombelli
Uma palavra dita não pode ser recuperada. Todo orador, político, professor, amante, amigo, pai ou filho sabe disso. Por isso, cuidado ao abrir a boca. Essa regra, mais do que conhecida, deveria ser seguida especialmente pelos políticos, desavisados ou mal-intencionados, inclusive na esfera presidencial.
No universo político, existe um ditado que diz: “Nunca se deve fechar a porta de trás”, ou seja, deixar aberta a possibilidade de recuos é fundamental, especialmente nos relacionamentos internacionais. Por isso, erros que não podem ser reparados devem ser evitados. A política, portanto, deve ser administrada por quem tem preparo, não por amadores despreparados.
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Quando a incompetência entra em cena buscando holofotes, os resultados são imprevisíveis, e as consequências podem ser desastrosas. Foi o que aconteceu mais uma vez com Janja.
Durante sua participação no evento, enquanto discursava, ouviu o som de um navio ao fundo. Imaginando que aquilo poderia ser uma tentativa de prejudicá-la, foi tomada por sua habitual prepotência e proferiu: “Fuck you, Elon Musk”.
Grotesco, ridículo, inadequado — e isso é só o começo de uma lista interminável de adjetivos. Uma atitude absolutamente lamentável, cujas consequências ainda estamos por avaliar.
Fico me perguntando: o que a levou a acreditar que tinha capacidade para enfrentar o homem mais rico do mundo, aliado político de Donald Trump — duas das figuras mais influentes do planeta? No entanto, em busca de alguns segundos de fama, ela foi em frente. E agora, talvez ou certamente, “fuckamos todos nós”. Resta aguardar.
Não conheço a fundo as atribuições de uma primeira-dama, mas certamente isso não faz parte. Desde o início, Janja tem mostrado que não compreende o papel que deveria desempenhar. A primeira-dama deveria, antes de tudo, ser uma dama — perdoem o trocadilho.
No episódio apelidado de “janjapalooza”, suas declarações só agradaram um pequeno grupo de admiradores em um evento que custou milhões de reais. Um investimento desproporcional para tão pouco retorno.
O Brasil tem muitas pessoas necessitadas. Uma primeira-dama pode, e deve, auxiliar quem mais precisa. Outras primeiras-damas, estaduais e municipais, realizam ações solidárias que o poder público nem sempre consegue executar. Há uma lista imensa de possibilidades, mas não existe espaço para um “fuck” nesse contexto.
A imagem do Brasil no exterior já não é das melhores. Recentemente, a agência Fitch rebaixou a classificação de risco do país, tornando a economia menos confiável. Escândalos como esse só pioram nossa moral.
A imprensa relata que Janja já foi excluída de reuniões bilaterais. O sonho de se comparar a Michelle Bolsonaro parece cada vez mais distante.
Agora é esperar para ver como Elon Musk reagirá. Já temos Alexandre de Moraes como desafeto dele, além das multas aplicadas pelo governo brasileiro. Nosso país parece se especializar em desagradar pessoas e governos.
O Ministro Gilmar Mendes sugeriu que Janja se “divorcie” do Brasil — não no âmbito conjugal, mas nas ações de governo. Em outras palavras, que deixe de opinar em assuntos republicanos. Como dizem no interior de São Paulo: “Quem não sabe, deixa”. E Janja não sabe.
Será que Lula tem força para patrocinar esse divórcio tão necessário?
Sérgio Motti Trombelli é professor universitário e palestrante cristão.
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