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Gêmeos prematuros morrem em Guarujá por causa da infecção urinária
Um casal de Guarujá tenta superar o luto após perder os filhos gêmeos sete dias após o nascimento. Prematuros, os irmãos Mayttê e Arthur morreram por causa da infecção urinária materna, que, segundo a mãe, teve o tratamento interrompido por recomendação médica. “Não consigo assimilar. Ainda não caiu a ficha. Você sai da UTI, mas ela não sai de você”, desabafa mãe, Maylla Cristine Viana Menezes, de 24 anos. A Prefeitura de Guarujá contesta a informação e diz que o tratamento não foi interrompido.
O analista e pai dos gêmeos, Anderson Oliveira Santos, de 34 anos, explica que sua esposa fazia o acompanhamento do pré-natal na Unidade de Saúde Familiar (Usafa) da Vila Áurea, em Guarujá. Desde o início da gestação, Maylla tomava remédios para controlar a hipertensão e infecção urinária, sintomas que classificavam sua gravidez como de risco.
Devido à complexidade do caso, a gestante foi encaminhada ao Instituto da Mulher – Casa Rosa, responsável por atender casos de risco. No local, o tratamento para as doenças foi suspenso, segundo a mãe. “Quando passamos no médico da Casa Rosa, no dia 13 de dezembro, ele disse para a minha esposa para não tomar nenhum antibiótico porque não tinha necessidade”, relata Anderson.
Seis dias após a consulta, a mulher deu à luz aos gêmeos Arthur e Mayttê na 28ª semana de gestação, próximo aos sete meses. O parto foi realizado no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, no dia 19 de dezembro.
Maylla conta que os filhos ficaram internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) durante sete dias. “Eles foram direto para a incubadora depois do parto. Demos muito amor e carinho ao longo dessa semana porque ajuda na recuperação, mas os perdemos”, diz.
Os pais relatam que a equipe médica contou que Mayttê morreu após sofrer uma parada cardíaca. Já Arthur morreu após sua irmã gêmea, devido a sepse e infecção urinária da mãe.
LUTO
Com dez meses de casado, Anderson e Maylla já planejavam ter filhos e foram surpreendidos quando descobriram que esperavam gêmeos. Há menos de um mês da morte dos filhos, os pais lembram da expectativa para a chegada dos bebês.
Berços, decoração, enxoval com o nome das crianças e até roupas com a estampa do Santos Futebol Clube foram comprados para Arthur e Mayttê. “Era nossa primeira gravidez, o quartinho deles já estava montado e contávamos os meses. Ainda estamos muito abalados. Perdemos eles por negligência médica”, finaliza o pai.
NOTA
Em nota, a Secretaria de Saúde de Guarujá afirma lamentar profundamente o ocorrido, se solidariza com a família e informa que, de acordo com prontuário da mãe, que fez o pré-natal no Instituto da Mulher, a paciente apresentava quadro de infecção urinária de repetição.
A Prefeitura nega que houve a interrupção do tratamento via antibióticos para combater a infecção urinária durante o pré-natal, sendo, inclusive, ministrado mais de um tipo de medicamento, com o intuito de controlar a infecção.
Dois dos fatores que favorecem o quadro da prematuridade extrema do parto são a própria gestação gemelar em si e a infecção urinária materna, a qual os médicos da rede municipal tentaram combater, veementemente, de diversas formas, na paciente em questão.
A Secretaria de Saúde de Guarujá acrescenta que, conforme resultado de exame de ultrassonografia de vias urinárias solicitado à paciente durante o pré-natal, foi diagnosticada a presença de calculo renal bilateral na mãe, o que passou a ser tratado, mas contribui para a evolução do quadro de infecção urinária de repetição.
O Hospital Santo Amaro informa que a gestante deu entrada após o rompimento da bolsa, contribuindo para a perda do líquido amniótico. O quadro contribuiu para o sofrimento fetal, levando o obstetra a optar pela cesariana. Um bebê nasceu com 1,100 Kg e o outro com 950g. (Fonte: G1)
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