Guarujá em Foco
Guarujá: Os cemitérios que a população vê
Embora tenha sido percebido que recentemente, por conta do Dia das Mães, os ambientes passaram por uma limpeza geral, com capinação de grama e pintura, é notório que os espaços internos estão com sérios problemas estruturais e de drenagem.
Tatiana Macedo
Da Reportagem
Por motivos de reclamações por parte da população, a nossa reportagem visitou os cemitérios municipais nesta semana em busca de informações sobre as condições dos equipamentos.
Embora tenha sido percebido que recentemente, por conta do Dia das Mães, os ambientes passaram por uma limpeza geral, com capinação de grama e pintura, é notório que os espaços internos estão com sérios problemas estruturais e de drenagem.
Vale destacar que as áreas dos velórios foram revitalizadas recentemente pela administração, com ar condicionado e ventiladores.
No entanto, quando se olha para dentro dos três cemitérios da cidade: da Saudade (Vila Júlia), da Consolação (Vicente de Carvalho) e o da Paz (Morrinhos), as vias de acesso aos túmulos e gavetas mostram-se completamente deterioradas.
Nossa reportagem constatou no local os problemas denunciados, como: acessos internos com buracos, desnível em valetas, crateras, e em dias de chuva muitas poças de água e lama, que não permitem que as pessoas possam transitar com segurança no cortejo fúnebre.
Uma zeladora de campas, que prefere não se identificar, cuida das sepulturas de mais de 20 famílias em um dos cemitérios e conta que o abandono é observado já faz tempo em algumas áreas do local. “Em dias especiais [datas comemorativas] a gente observa uma melhora. As meninas limpam”, comenta com reserva.
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Apesar de apontar alguns problemas, ela destaca que as equipes dos cemitérios ficaram muito reduzidas e fazem o que podem. Segundo ela, um outro problema grave é o roubo de bronze. “Sempre acontece. A gente limpa uma vez e quando voltamos vemos que aconteceu o roubo”, explica.
Segundo a zeladora, a família é comunicada para que busque informações na administração. “Até hoje não soubemos de alguma resposta para os roubos”, pontua. Nas secretarias, os funcionários indicam às famílias que evitem peças de latão ou bronze e coloquem placas de acrílico para evitar os roubos, como medida de segurança.
DRENAGEM
A drenagem nas ruas é um problema recorrente nos três cemitérios da Cidade. As poças em dias de chuva trazem inúmeros transtornos nos cortejos e algumas persistem dias após as chuvas, criando nuvens de mosquitos.
No Morrinhos, o problema causa indignação nos familiares, sobretudo pela falta de opção melhor. “Não tenho outra alternativa, por isso minha tia está sendo enterrada aqui. Sei que o sepultamento será feito na água, e que os funcionários estão tentando secar a água antes da gente levar ela para lá”, disse um familiar durante o velório.
A falha contumaz do projeto de escoamento de água do local é de conhecimento dos munícipes desde que foi construído, mas ainda não foi corrigido. A reportagem apurou que em maio de 2018, a atual administração municipal divulgou que a empresa ASN Ambiental Serviços Urbanos assumiria a manutenção dos cemitérios.
Após uma licitação que durou um ano e quatro meses, ela assumiu os trabalhos e disponibilizou funcionários para conservação e manutenção, como coveiros, serventes de limpeza, operadores de roçadeira e vigias noturnos para as três unidades. A empresa também seria responsável pela construção de novas gavetas para sepultamento e ossuários, além de restauração da iluminação.
EQUIPE REDUZIDA
Durante as recentes visitas foi contatado que, atualmente, os três cemitérios seguem trabalhando com equipes reduzidas. As equipes com pouquíssimas pessoas são responsáveis por toda a limpeza e manutenção dos locais, exumações e sepultamentos. E no caso do Morrinhos, também realizam o escoamento de água das gavetas, contou um dos funcionários.
Segundo ele, houve corte de pessoal por parte da empresa. “Nós estamos trabalhando sem parar, para o bem estar da população, que é obrigada a visitar os cemitérios. Construímos novos ossuários, e estamos operando com o que é arrecadadoatravés do Fundo dos Cemitérios”, comentou.
FUNDO MUNICIPAL
O Fundo Municipal dos Cemitérios Públicos (Fucem) foi criado em 2017, pelo prefeito afastado Válter Suman, através da implantação da lei municipal nº 4433/2017. A Lei foi criada para arrecadar fundos para a “total transformação a curto, médio e longo prazo destes locais que nunca poderiam ter sido tão desprezados”, divulgou a Prefeitura na época.
Ainda sobre o Cemitério do Morrinhos, a reportagem também apurou que estava prevista a construção de três mil novas gavetas no local, mas a obra foi embargada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) por falta de sistema de esgoto no local.
RESPOSTA DA PREFEITURA
Em nota à redação, a Prefeitura de Guarujá informa que os três cemitérios da cidade atendem à demanda de sepultamentos e que “desde 2017 é permanente a construção de ossuários/ossários nos três cemitérios municipais, suprindo todos os pedidos” e “mesmo no auge do período pandêmico, o Município não deixou de efetuar sepultamentos dentro do prazo correto”.
Já em relação ao quadro de funcionários, a prefeitura afirma que “o déficit é pequeno e será completado com a licitação que está em fase final, lembrando que o número de sepultadores é o ideal, inclusive sendo o mesmo que trabalhou durante toda a pandemia da covid-19.”
Sobre os problemas de drenagem, a Prefeitura informa que estão sendo executados estudos de solo apontados pela Cetesb, e que Guarujá não terá mais construções de campas (solo) em nenhum dos cemitérios, sendo permitidas somente construções de gavetas.
Isso até que estudos sobre o impacto dos problemas de drenagem no solo dos cemitérios e adjacências, sejam concluídos e haja uma liberação técnica do órgão.
Para evitar águas paradas, a secretaria informa que foi iniciado em março deste ano, o recapeamento nos três cemitérios municipais. No Cemitério de Vicente de Carvalho, já foram recapeadas cinco quadras; no Vila Júlia foi iniciado o alinhamento de campas infantis, e no Morrinhos estão sendo feitos trabalhos em alvenaria para facilitar o caminhar dos funcionários e dos que ali frequentam.
Para finalizar, a administração pública ressalta “que todo o trabalho que deveria ter sido iniciado em 2020 foi prejudicado por conta da pandemia da covid-19, mas agora já está voltando tudo à normalidade dois anos depois”.
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