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Imprensa e memória

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Desde que comecei a militar na imprensa, escrita, falada e televisada, sempre me veio à cabeça que a imprensa tem memória curta. E isto se deve ao desconhecimento do próprio povo, não só do Brasil, mas do mundo inteiro a respeito do próprio mundo onde vivem.

»» Leia também: Um texto diferente

Notícias retumbantes que ganham espaço na mídia, criando indignação nas pessoas, são logo substituídas por outras mais “quentes” que surgem conforme o interesse do leitor ou dos editores.

Vejam nesta semana. Os temas têm sido: a saidinha dos presos nas datas significativas do calendário anual, o caso de Daniel Alves e do Robinho, os quais chegam a ocupar a maior parte dos espaços jornalísticos e um imenso tempo nas TVs.

Quer dizer que, de repente, a guerra da Ucrânia e o caso da Faixa de Gaza deixaram de existir dentro da magnitude que tinham, pouco se importando com a gravidade que ambos os conflitos têm feito contra os seres humanos de cada um dos países.

A imprensa “se esquece”, simplesmente assim. Roquete Pinto, responsável por trazer o rádio para o Brasil, disse em um célebre discurso que o rádio existia oferecendo às pessoas não tanto o que elas queriam, mas o que elas precisavam saber.

Na verdade, a concepção de mundo das pessoas depende das informações que são veiculadas pelas mídias, afinal elas são a grande fonte de difusão dos fatos que estão acontecendo.

O antigo Repórter Esso, um jornal que ficou décadas no ar tinha um slogan interessante “Testemunha ocular da história”. E é verdade, a história está na divulgação das informações.

Contudo, hoje esse testemunho tem interesses, tem ideologia, tem preferências e aquilo que não serve mais vai para o esquecimento. É pena, afinal frente ao gigantismo do mundo, a pequenez humana só pode alcançar grandeza se tiver em mãos os atos que o próprio mundo apresenta em cada dia.

Talvez por isso, os dias de todos os veículos de comunicação estejam cada vez menores, o que torna o saber também menor e incapacita o ser humano em se instrumentalizar em saber das coisas em seu próprio país, ficando cada vez mais preso ao um esquema de dominação que esmaga as pessoas e as mantêm caolhas sobre o conhecimento da verdade que nos cerca.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão.

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