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novembro

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Lá foi o primeiro tempo, agora vem o segundo

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A eleição para presidente vai mesmo ter o segundo turno. A perspectiva de que tudo pudesse acabar no primeiro não se confirmou. Aliás, muito do que as pesquisas diziam caiu por terra. Para ser sincero, agora seria interessante a feitura de uma pesquisa que indicasse ser necessário pesquisar os erros da própria pesquisa no Brasil.

Lula de fato venceu, e este foi o maior acerto delas. De resto, muito do que as pesquisas afirmavam não se comprovou, e olha, são pesquisas de empresas de renome que estão aqui pelo país trabalhando para dar ao brasileiro um retrato fiel do nosso país e apresentar uma projeção para o futuro seja o que estiver sendo pesquisado. Creio que depois de tantos equívocos acho que estamos mal de institutos de pesquisa em nosso país.

— Leia também: E o grande dia está aí, na boca do forno

Por outro lado, seria bom e necessário que muitos jornalistas de empresas de televisão voltassem aos bancos universitários para reaprender suas verdadeiras funções e deixassem de ser “os tais entendidos” em análise política e campanhas, porque ficou feio para muitos ficarem papagaiando a certeza antecipada do que não aconteceu. Mas deixemos isso de lado.

Muito se fala de progressismo e conservadorismo. O que é isso?

O Google afirma que “no espectro político, a esquerda se caracteriza pela defesa de uma maior igualdade social. Normalmente, envolve uma preocupação com os cidadãos que são considerados em desvantagem em relação aos outros e uma suposição de que há desigualdades injustificadas que devem ser reduzidas ou abolidas”.

Agora, “no espectro político, a direita descreve uma visão ou posição específica que normalmente aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal ou desejável. Esta postura política geralmente justifica esta posição com base no direito natural e na tradição”.

O Brasil viajou politicamente entre a direita e a esquerda ao longo dos últimos anos, para concluir a favor da máxima de Tomás de Aquino que “frente aos extremos, a virtude está no meio”, uma máxima que o brasileiro, com sua sabedoria, traduziu como “nem 8, nem 80”.

Daí surgiram partidos tidos como de centro-esquerda, ou de centro-direita, ou isto ou aquilo ou muito pelo contrário para dissimular a distinção dos progressistas e dos conservadoristas, mas a luta entre o oito e o oitenta sempre existiu e continua existindo.

Aliás, desde algum tempo, uma volta ao conservadorismo de direita paira no mundo político em geral, aqui, na Europa, nos EUA, na Ásia, enfim em toda parte. A esquerda não comprovou sua eficácia e muito pouco mudou na vida cotidiana das pessoas. O que foi uma pena.

À exceção da disputa pela presidência, que Lula venceu no primeiro turno, a direita saiu-se vitoriosa nas eleições em sua grande maioria. Deputados Federais e Senadores alinhados ao pensamento do presidente Bolsonaro, que é de direita, dominam hoje o Legislativo nacional, o que significa dizer que será bem possível uma mudança real na sociedade brasileira.

Reformas serão mais fáceis de serem implantadas ao gosto dos senhores deputados e senadores, inclusive com a permanência do terrível orçamento secreto que terá uma sobrevida de mais quatro anos, principalmente se Bolsonaro vencer o segundo turno.

Da mesma forma que a decantada pauta dos costumes irá se sobrepor à liberdade de ser aquilo que se quiser ser, além de uma reforma trabalhista que poderá beneficiar o empresariado e não os trabalhadores.

Até as reformas fiscal e administrativa poderão ocorrer dentro de um viés mais conservador, afinal o ministro Guedes é daqueles que acha que empregada doméstica não tem condições de viajar de avião.

Talvez tenhamos um novo Brasil, culturalmente sedimentado num pensamento de direita, bem ao gosto dos países de direita que existem no mundo e isto inclui desde a Turquia, passando pela Rússia e pelos países europeus mais radicais, chegando até Donald Trump e mais recentemente à Itália.

Bolsonaro – por mérito pessoal – demonstrou que, de fato, é o maior cabo eleitoral do país, simplesmente porque ‘estar com ele’ foi ‘estar com a vitória’ – haja vista Pazuello – embora o presidente tivesse tido mais de 5 milhões de votos a menos, o que não é pouco, coisa que neste segundo turno fará diferença para as suas pretensões de comandar mais amplamente a vida política do país.

Por fim, a luta pela presidência está aberta. Se Bolsonaro vencer, ele terá todo o poder político do Brasil em suas mãos. Se Lula vencer, haverá um contraponto entre o Legislativo e o Executivo, criando freios e/ou liberdades nas reformas que se seguirão.

Por isso, o brasileiro precisa ver com profundo cuidado o que deseja. Será bom dar todo o poder a uma só pessoa para o que ela quiser fazer de fato seja feito? Ou será bom criar um espaço de contenda e limitações para impor um pensamento mais social nas reformas? Enfim, são questão que estarão na pauta da disputa do segundo turno.

O que se deseja é que seguindo um caminho ou outro, nosso povo possa ser bem contemplado e com isso as misérias e dificuldades que existem para nossa gente cheguem ao seu final. O Brasil merece isso, seja nas mãos de quem quer que for o vencedor, progressistas ou conservadores.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante

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