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Lipedema: por que a doença é tão confundida com obesidade?
Apesar de acometer uma em cada 10 mulheres, o lipedema ainda é pouco falado no Brasil. O acúmulo de gordura e inchaço nas pernas é a principal manifestação do lipedema.
A doença crônica tem origem hormonal e afeta os vasos sanguíneos, podendo provocar dor. A condição atinge principalmente as mulheres, sendo mais comum em fases como a puberdade, gravidez e menopausa.
O lipedema é caracterizado por um padrão desproporcional de distribuição de gordura, que cria uma aparência de “pêra” ou “colchão” nas áreas afetadas.
Ao contrário da obesidade comum, a doença não é resultado do excesso de calorias ingeridas ou da falta de exercício, mas sim de uma condição genética que afeta o sistema linfático e a microvasculatura.
As mulheres em idade de reprodução, desde a puberdade até a fase de mudanças hormonais com o início do climatério, são as mais atingidas.
Além da gordura excessiva, os sintomas também incluem desconforto, fragilidade capilar, equimoses e edemas nas regiões afetadas.
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Os sintomas do lipedema incluem acúmulo de gordura nas pernas e/ou braços que não diminuem com a perda de peso, além de dor ou sensibilidade ao toque nas áreas afetadas, hematomas e inchaço.
Atividades físicas como exercícios aeróbicos, caminhada e natação podem ser ferramentas para o controle do lipedema.
Diagnóstico: O diagnóstico da doença é clínico, realizado a partir de avaliação pelo médico. Até que seja possível observar clinicamente a condição, não existem exames que marquem a presença do lipedema.
Exames como ultrassom, tomografia, cintilografia linfática e bioimpedância servem para diagnóstico de casos em que há suspeita de associação de problemas.
A doença não tem cura, mas o tratamento pode ser feito com o objetivo de aliviar os sintomas, ampliar a qualidade de vida e reduzir os riscos de complicações. Uma das recomendações é o uso de meias de compressão.
Por ser uma doença crônica, o acompanhamento médico deve ser regular, com a participação de equipe multidisciplinar, incluindo cirurgiões vasculares, dermatologistas, fisioterapeutas e nutricionistas.
O cirurgião vascular Fabio Rossi, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) reforça que o lipedema é uma doença comum que atinge uma a cada dez mulheres e, dependendo da gravidade, pode causar um impacto significativo na qualidade de vida.
“O primeiro passo no tratamento para o lipedema é a busca por um especialista angiologista ou cirurgião vascular, que deve fazer a avaliação dos diagnósticos diferenciais, quando há sintomas de dor e inchaço das pernas. E além da conscientização e orientação adequada sobre a doença, a realização de exames complementares, como Doppler Vascular, linfocintilografia, dosagem de gordura corporal e, em alguns casos, ressonância magnética, também é indicada”, explica Rossi.
Segundo o médico, inicialmente podem ser indicadas as terapias que envolvem meias de compressão, avaliação e orientação nutricional, com exercícios físicos e fisioterapia. A lipoaspiração também pode ser prescrita em casos específicos, para reduzir o tamanho dos depósitos de gordura.
Lipedema X Linfedema
O lipedema atinge praticamente só as mulheres, E é caracterizado pelo depósito excessivo e anormal de gordura de maneira simétrica nas pernas, coxas, quadris e às vezes nos braços. Ele apresenta dor ao toque ou pressão nas áreas afetadas. Em muitos casos, o lipedema acaba sendo diagnosticado como obesidade ou sendo confundido com celulites.
Já o linfedema é resultante do acumulo de líquido linfático no tecido adiposo, causando inchaços assimétricos principalmente nas pernas e nos braços. O edema apresentado devido ao linfedema apresenta características próprias, fazendo com que ocorra diferenciação entre os outros tipos de edemas.
É de grande importância que sejam realizadas consultas regulares com um médico angiologista para que seja possível identificar alguma dessas patologias que muitas vezes acabam sendo ignoradas. Um tratamento iniciado com antecedência evita que surjam outros sintomas ainda mais desconfortáveis.
Conheça os números do lipedema
• 11% das mulheres têm lipedema e não sabe
• 04 são os estágios do lipedema
• 05 são os tipos de lipedema de acordo com a área afetada
• 87% das pacientes afirmam que a doença afeta a qualidade de vida
• 90% das pacientes relatam dor diária
• 2022 foi o ano que a doença foi incluída no CID-11 (CID é a classificação internacional de doenças)
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