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Guarujá em Foco

Lojistas pedem volta das vagas a 45° na Av. Santos Dumont

Publicado

em

Crédito: Ana Clara Dias

Segundo estimativa da CDL, 60% das vagas de estacionamento foram perdidas com a extinção das vagas a 45 graus; falta de local seguro para estacionar afasta clientes e traz transtornos para lojistas

Karina Mingarelli
Da Reportagem

Uma mudança na disposição das vagas de estacionamento em frente aos comércios da Avenida Santos Dumont, em Vicente de Carvalho, vem trazendo prejuízo aos lojistas e clientes. Os comerciantes denunciam que após a conclusão das recentes obras de recapeamento nos dois sentidos da via, as vagas de estacionamento a 45° foram extintas, sem que houvesse qualquer comunicação prévia por parte das autoridades locais.

A medida vem trazendo diversos transtornos aos lojistas, que ressaltam dificuldades para receber mercadorias, bem como a falta de transparência nas medidas. “A GCM passou aqui na última semana antes do horário de abertura do comércio para informar que não podia mais estacionar a 45°. Muitas lojas ainda estavam fechadas e por isso, nem todos tiveram acesso à informação”, destacou a gerente Denísia, da Galeria Chic.

— Leia também: Parceria entre GCM e CDL resulta em reforço do patrulhamento de bicicletas

O proprietário da Real Componentes lembrou que a medida foi adotada no governo Farid Madi para aumentar a oferta de vagas para o comércio. De lá para cá, a prefeitura regulou os estacionamentos à 45°, inclusive com marcação de vagas de acessibilidade (idosos e deficientes) e de motocicletas. “Mas agora fazem isso da noite para o dia sem qualquer informação prévia”.

Lojistas chamaram a reportagem para denunciar os problemas causados pela mudança das vagas /Crédito: Ana Clara Dias

Além da redução das vagas, a nova sinalização levanta dúvidas e não indica local para carga e descarga, o que prejudica a rotina das lojas. “No local onde cabiam três, às vezes até quatro carros, hoje temos um e meio, mas não sabemos como vai ser no futuro”, explicou a lojista Denise, da Casa da Economia. A dúvida dela e dos demais comerciantes é pela faixa amarela em frente à loja. “Essa faixa indica que não haverá mais estacionamento?”, questiona.

Pela lei de trânsito, a faixa amarela contínua ao meio fio indica a proibição de estacionamento. Mas, em toda a avenida, não há placas informativas para os motoristas, pegos de surpresa com a mudança, especialmente porque é possível observar trechos na via onde a prática ainda ocorre.

“Falta transparência do que pode ou não pode, mas as viaturas da polícia Militar e da Guarda Municipal já estão aplicando multas”, afirmam os comerciantes.

A nossa reportagem percorreu toda a avenida e constatou que, de fato, há uma linha amarela em quase toda a extensão da via e chegou a abordar um motorista que estava estacionando à 45°. Ao ser informado de que poderia ser multado ele soltou um bem humorado “Opa! virei estatística da reportagem?”, e logo acertou o carro paralelo ao meio fio.

Reportagem flagrou motorista estacionando a 45°. “Virei estatística?”. Crédito: Ana Clara Dias

Desprestígio e perda de clientes
No entanto, os comerciantes não veem humor na situação, já que estão perdendo clientes devido à mudança. “Para a gente está sendo muito ruim isso. Os clientes chegam, dão uma, duas voltas, no quarteirão sem achar vaga e vão embora. Ninguém estaciona nas ruas laterais por causa da insegurança”, apontou outro comerciante reunido para denunciar à reportagem, a situação que, para eles, é um desprestígio aos comerciantes da Santos Dumont.

“Além da dificuldade para descarregar mercadorias e para receber os clientes, ainda há a questão da segurança. Já aconteceu de assaltarem o caminhão de entrega de mercadorias. Há preocupação com o estoque porque a fábrica não vai mais entregar depois de sofrerem assalto na rua ao lado”, contou a gerente da Galeria.

“Semana passada nosso fornecedor teve que estacionar lá na Praça 14 Bis e veio trazer a mercadoria até a loja de carrinho. Depois disso, a empresa me ligou dizendo que não fará mais entrega por questões de segurança”, relatou Josenilde, da loja Ventilar.

Um dos comerciantes conta que solicitou informações junto ao departamento de Trânsito Municipal e recebeu de resposta que a situação seria um mal entendido e logo as vagas iriam retornar. Mas não é o que vem ocorrendo.

CDL vai conversar com Trânsito

Orlando João de Souza Junior, diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas de Vicente de Carvalho (CDL), também foi convidado para a reunião e confirmou que a mudança nas vagas vem gerando diversos transtornos para comerciantes em toda a extensão da avenida.

“A mudança retirou cerca de 60% das vagas em frente aos comércios e além dos relatos de multas, há as ocorrências de assaltos aos caminhões de fornecedores e veículos que estacionam nas ruas laterais”, disse à reportagem.

Proibição do estacionamento afeta trabalho dos lojistas./Crédito: Ana Clara Dias

“Questionamos o trânsito sobre a mudança e uma reunião foi agendada para hoje (quarta-feira), e remarcada para esta quinta-feira (4) à tarde, para tratar dessa mudança sem comunicação prévia”, disse Orlando Jr, que deverá levar para o encontro um abaixo assinado dos comerciantes da região solicitando o retorno das vagas a 45 graus.

Prefeitura mantém mudança

A reportagem questionou a Prefeitura de Guarujá sobre a alteração e a questão da segurança. Em nota por meio da Superintendência de Trânsito e Transporte Público, informa que “com a conclusão dos trabalhos na avenida, os espaços de estacionamento foram preservados e mantidos. Porém, agora, atendem a regulamentação com as vagas na horizontal, com a guia de calçada, atendendo as prerrogativas do Código de Trânsito Brasileiro”.

A nota destaca que “as vagas em 45° que haviam no local não estavam regulamentadas” e que proporcionava risco aos condutores e pedestres pois “estreitava umas das faixas da via e dificultava a visão dos veículos, principalmente dos ônibus. Hoje há uma fluidez maior do trânsito e visibilidade adequada, evitando acidentes”.

Contrariando as informações dos comerciantes e do próprio CDL, a nota “ressalta ainda que, houve um período de adequação e orientação e, só após a conclusão da sinalização é que a fiscalização de trânsito efetivamente retornou.”

Sobre a segurança nas ruas adjacentes, a prefeitura informou apenas que realiza operações pontuais de reforços de segurança, como as Operações de Páscoa e Dia das Mães.

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