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Lula e o improviso
O assunto da semana foi o improviso do Presidente Lula, no qual ele deixou escapar (ou fez deliberadamente) uma comparação de Israel com os nazistas da 2ª Grande Guerra.
A temática do holocausto é extremamente sensível. Não só para Israel, mas para todo o mundo civilizado. Afinal o extermínio de perto de 6 milhões de judeus, e da maneira mais cruel que se pode imaginar – gás, incineração, fuzilamento, doenças, fome, etc, de adultos e crianças – deixou estarrecida a população mundial e ainda deixa.
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O caso é diferente do que acontece hoje na Faixa de Gaza, a começar pelo volume de mortos. Ademais o Hamas é um grupo armado que pleiteia também a destruição de Israel. Bem diferente dos judeus, civis, que pacificamente viviam suas vidas e eram expolidos de seus bens, família, as crianças separadas dos pais, enfim, uma máquina de extermínio jamais vista na história moderna.
Contudo, o mesmo mundo atual também está estarrecido com o que Israel vem fazendo com os Palestinos. O exército e a força militar de Israel são imensos e não conseguindo descobrir onde se escondem os membros do Hamas, atiram a esmo em escolas, hospitais em bairros residenciais, enfim, atiram em civis que não são combatentes, o que se enquadra igualmente em crime de guerra.
De outra parte, comenta-se que a indústria americana de armamentos, cresceu no início das guerras da Rússia e Palestina cerca de 40%. O que mostra o imenso interesse econômico em conflitos desta natureza. Não é sem sentido, portanto, que os EUA não tem tido uma ação efetiva no cessar fogo, ficando apenas em meias palavras ou pequenas reprimendas a Israel , seu maior consumidor bélico no momento.
Mas, voltando a Lula. Dizer que ele não é um bom orador é desconhecer o quanto as palavras convencem. A despeito de seus erros gramaticais, Lula conduz a massa, a ponto de seus adversários admitirem que ele, no uso da palavra, enfrenta qualquer situação crítica.
Entretanto, há temas que demandam, mais do que oratória, exigem uma dose mais profunda de cultura, e isto falta ao presidente Lula. Bastaria ele ter usado de outra imagem diferente da comparação de Israel com os nazistas. Uma simples alusão aos mortos, sendo em uma dose menor do que ocorreram com outras guerras, ou ficando apenas no sofrimento dos civis, que nada têm a ver com os conflitos, daria a ele uma notoriedade imensa no cenário mundial.
Lula não tem sido criticado pelo que disse, mas pela forma como disse. Aliás, quem discorda com o exagero de Israel contra os Palestinos? Das atrocidades de criança sendo mortas, comendo grama – como eu disse na semana passada – e bebendo água barrenta. Ou mais, impedindo uma maior ajuda humanitária e principalmente médica aos palestinos doentes.
A importância de Lula teria sido extremamente fundamental se fosse feita de forma mais inteligente. Não me compete julgar, apenas lamentar que conflitos armados são a mais insana forma de solucionar problemas.
Fazer a guerra para obter a paz é coisa de doido, não de pessoas normais.
Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão.
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