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Moradores do Guaiúba pedem o fim da lama na porta de casa

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Bairro está enquadrado como microrregião e atualmente sob responsabilidade de gestão e conservação da Sociedade Amigos do Guaiúba (Sag), entidade que se posiciona contra o asfalto regular/ Foto: Tatiana Macedo)

Enquanto SAG e Prefeitura discutem projetos, moradores pedem solução. Mais de 400 residentes do Jardim Guaiúba se uniram em um grupo chamado ‘Pavimentação Já’ para reivindicar o fim de ruas enlameadas, cheias de buracos e com problemas de drenagem

Da Reportagem
Tatiana Macedo

O bairro do Guaiúba, que abriga a praia tranquila e familiar de mesmo nome, é conhecido na cidade pelas belas residências em quadras bem planejadas, e por conservar suas ruas de terra apesar do IPTU dos mais expressivos da cidade. Na última semana, estivemos no Jardim Guaiúba para atender à solicitação de moradores que reivindicam à Prefeitura de Guarujá pavimentação nas ruas e outras melhorias no bairro.

O bairro está enquadrado como microrregião e atualmente sob responsabilidade de gestão e conservação da Sociedade Amigos do Guaiúba (Sag), entidade que se posiciona contra o asfalto regular e tenta aprovar um projeto ecologicamente sustentável, e de difícil aprovação pelo poder público.

Instada sobre o problema pela reportagem, a Administração Municipal diz que intervenções no Guaiúba seguem em processo de planejamento, sem detalhar como o processo se dará.

De concreto, as muitas queixas dos moradores. Muita lama em dias de chuva e excesso de poeira em dias quentes, bem como falta de zeladoria regular no bairro, com excesso de mato e falta de fiscalização aos passeios públicos, ocasionando acúmulo de água e escassez de acessibilidade.

A mobilidade precarizada no bairro é a principal reclamação de mais de 400 residentes do bairro, que se uniram em um grupo chamado ‘Pavimentação Já’, coordenado pelo fisioterapeuta João Paulo Rodrigues Filho, morador na Rua Avedis Simonian, há 26 anos.

O coordenador destaca que a realidade do bairro mudou e que apesar de ainda abrigar casas com uso para veraneio, hoje em dia, o Guaiuba é um bairro de residentes em sua maioria.

“Parece ser lamentável que a gente tenha que fazer reivindicação de algo que é tão nítido. Nós não queremos pagar os impostos que nós pagamos e estarmos vivendo nessa lama, na buraqueira que nós vivemos”, pontua João Paulo. “A gente não queria estar fazendo essa reivindicação, mas estamos sendo obrigados por estarmos em uma situação indigna”.

Segundo João Paulo, o grupo esteve reunido com a Municipalidade em fevereiro deste ano para entregar um abaixo-assinado com as reivindicações. “Formamos um grupo e fomos à Prefeitura do dia 7 de fevereiro, quando fomos ouvidos e foi produzido um processo para estudo da pavimentação do bairro”, explica. Passados mais de quatro meses, o grupo não teve qualquer retorno sobre o assunto.

Moradores apoiam movimento independente

Quem reside em Guarujá sempre ouviu falar que os próprios moradores do Guaiúba se colocavam contra a pavimentação, mas, segundo o fisioterapeuta isso não é verdade. “Nos colocaram nessa situação de que nós não queremos a pavimentação. E não há a menor justificativa para isso. Fora a via principal, nós temos uma única rua asfaltada no bairro (rua Ariovaldo Reis), que quando chove, depois de meia hora está seca, enquanto o bairro inteiro permanece na lama por dias ou semanas, dependendo da estação do ano”, afirma.

Segundo ele, é justamente essa lama que obstrui a rede de escoamento pluvial, causando alagamentos. “A obstrução por lama compreende cerca de 70% do diâmetro de um tubo de escoamento de água. Então não adianta limpar a galeria numa rua de lama, que a próxima chuva vai entupir de novo”, reflete.

Durante nossa passagem pelo bairro diversos moradores quiseram contar sobre as suas dificuldades com a falta de pavimentação. Maria Zilá Andrade, moradora há 27 anos, conta que passa seus dias limpando o quintal para que a terra não entre dentro de casa.

“Minha rotina é levantar de manhã para lavar quintal de segunda a segunda. A gente não tem condições de viver com lama, e essa poeira toda”, lamenta. “Eu gasto uma fortuna de água por mês, pois moro na minha casa, não alugo. E já até recebi reclamação por estar gastando água demais”.

“Falta também fiscalização melhor no bairro. A gente não pode fazer uma caminhada porque as calçadas estão cheias de mato, lixeiras atravessadas, árvores plantadas de modo desordenado e a rua está cheia de lama”, afirma Maria Zilá.

Outra moradora, Joelma Basílio, também falou sobre a quantidade de lama na porta de casa. “Eu sei que existe prioridade em bairros mais pobres, mas a gente também tem que ter a nossa vez, pois o nosso IPTU é muito alto. Causa revolta com a Prefeitura. Eu tenho que tapar os buracos que ficam na rua para passar com o carro”, reclama.

Selma Moraes, residente na Rua Aran Sarkissian, conta que ela e os vizinhos compram pedras brita para serem colocadas nas ruas. “A gente gasta dinheiro do próprio bolso para aliviar dos buracos. Quando chove, o meio da rua vira uma corredeira, pois a água não corre pelos bueiros entupidos e calçada alaga. Não tem como sair a pé”, lamenta. “Espero que a atitude da prefeitura seja produtiva em relação a nós que pagamos nossos impostos em dia.”

SAG é terminantemente contra impermeabilização do bairro

“O posicionamento contra o asfalto tem embasamento técnico”, afirma o diretor.

Ainda no bairro, a reportagem tentou contato com a SAG pessoalmente, sem êxito. Por telefone, o diretor jurídico da entidade, Wilson Gouveia, explicou que o posicionamento da entidade é terminantemente contra o asfalto, “embora não tenha questões sobre a pavimentação”.

“Análises técnicas realizadas pela SAG afirmam que um material alternativo seria o ideal, no caso de uma pavimentação”, afirmou. “A impermeabilização do bairro pode interferir no biossistema local, causando alagamentos. E não podemos colocar qualquer tipo de bloquete ou paralelepípedos, pois os animais silvestres teriam dificuldade de se deslocar de um morro para o outro”, afirmou.

O bairro Jardim Guaiuba fica localizado entre o Morro do Pinto, onde fica localizado o Forte dos Andradas, e o Morro do Monduba.

Segundo Wilson, bloquetes ecológicos, com permeabilidade de substratos especiais seriam a única alternativa para evitar futuros problemas. “O posicionamento contra o asfalto tem embasamento técnico”, afirma o diretor.

Fica evidente que a opinião da entidade não representa a vontade da maioria dos moradores ouvidos pela reportagem, que cobram alguma forma de pavimentação urgente, para uma melhor qualidade de vida no bairro.

O antigo morador Antônio Pieroni lamenta: “Eu moro no Guaiúba desde 1962, e sempre enfrentamos esse problema com a pavimentação. Já era para estar asfaltado em momentos anteriores, em gestões de outros prefeitos, mas não quiseram. Agora a gente tem que conseguir pelo menos parte, para que a gente possa viver melhor. É um bairro muito bonito, que todo mundo elogia, mas o que estraga é essa situação horrível”, diz com alguma expectativa.

Prefeitura – Em nota, a Prefeitura de Guarujá disse que as melhorias nas ruas já constam no banco de dados e que, atualmente, as intervenções encontram-se em processo de planejamento e projeto.

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