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Mulheres entram com petição contra advogado e policial de Guarujá
Mulheres que acusam um policial civil de cometer assédio, abuso sexual e até um estupro dentro de uma delegacia em Guarujá, entraram com petição contra ele e seu advogado. A medida foi realizada após o advogado do policial ligar para duas delas afirmando que queria fazer um acordo pois o cliente entrou com ação judicial para ganhar indenização, alegando que todas a teriam o acusado injustamente.
Uma das vítimas do policial teria recebido uma ligação do advogado do suspeito, dizendo, conforme relatado no documento, que entrou com ação de indenização por danos morais e as aconselhando a fazerem um acordo, para que as coisas não piorassem e o assunto fosse encerrado.
Para a Corregedoria da Polícia Civil de Santos, a atitude da defesa não foi correta e pode ser identificada como comportamento de coação no curso do processo, causando por conduta, situação de imposição de medo e insegurança. Para as vítimas, a ação foi uma tentativa de amedrontá-las e fazê-las desistir do processo.
A advogada Thayná Gava explica que a atitude pode ser considerada antiética. “Certamente é uma atitude antiética por parte do advogado. Se as vítimas têm advogados constituídos, qualquer tentativa de acordo deve ser tratada diretamente com os patronos. Porém, para caracterizar como ameaça, seriam necessários mais elementos para provar essa alegação”, diz.
As vítimas, procuraram as autoridades civis, relatando o ocorrido. O advogado de uma delas, em seguida, entrou com a petição, afirmando agora aguardar que a Corregedoria e a Justiça tomem um posicionamento sobre o assunto.
O CASO
Após o relato de uma jovem de 23 anos acusando o policial civil de estupro dentro da Delegacia Sede de Guarujá, mais três mulheres contaram ao G1 que sofreram assédio, de variadas formas, por parte do mesmo suspeito. O crime ocorria, segundo elas, durante o registro do boletim de ocorrência, dentro de uma sala do Distrito.
Todas as vítimas descreveram as mesmas características do policial: alto, moreno e um pouco forte. A forma como ele as abordou, segundo relatam, também foi parecida.
Uma professora de 41 anos relatou que ao levar uma amiga vítima de agressão para registrar boletim de ocorrência, após registro do depoimento, o policial pediu que a professora entrasse na sala, anotou os dados pessoais dela e, posteriormente, enviou fotos do pênis em seu celular, afirmando que estava excitado.
Conforme relatou, o agente ainda teria pego o celular de outra amiga dela por meio do registro de um boletim de ocorrência para cometer o mesmo crime. Já uma consultora de negócios, de 31 anos, relatou que no fim de 2018 estava com o marido na delegacia para registrar um boletim de ocorrência após cair em um golpe pela internet.
O policial teria pedido o celular dela para imprimir as conversas com os golpistas e ela entregou, acreditando ser procedimento. Depois, teria pedido para o marido da vítima sair da sala, pois colheria o depoimento do casal separadamente. Nesse momento, disse coisas obscenas à mulher e perguntou se ela trairia o companheiro.
A situação foi parecida com uma funcionária pública, de 37 anos, ao denunciar uma conta cobrada indevidamente pelo seu aplicativo do banco. O policial pediu para acessar o aplicativo e olhou as redes sociais da moça.
Enquanto registrava a ocorrência, segundo relata, o policial começou a perguntar se ela era casada e tinha filhos, além de dizer que ela era muito bonita e gostosa. Passando a mão por dentro da calça, no órgão genital dele, e afirmando não conseguir se concentrar.
Após as denúncias, o policial continuou na unidade, mas realizando serviços que não tinha contato com o público. Em outubro, a Polícia Civil em Guarujá, determinou o pleno afastamento do investigado. De acordo com a Corregedoria, ele continua afastado.
O pedido de prisão preventiva do policial civil foi negado pela Justiça em novembro de 2019. A decisão foi tomada pelo juízo da 2ª Vara Criminal de Guarujá, cujo titular é o juiz estadual André Rossi. Segundo a Corregedoria da Polícia Civil de Santos (SP), as autoridades concluíram que não haviam provas suficientes contra o policial e que ele não oferece risco a sociedade. (Fonte: G1)
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