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O apagão: reflexões

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O apagão da internet ocorrido na semana passada nos traz muito o que pensar.

A globalização do mundo moderno é capaz de fazer com que fatos que ocorrem apenas em um país, possam ter ligação com o mundo todo e, conforme a extensão do fato, as consequências acabam sendo benéficas ou maléficas a todos, ou pelo menos à grande parte dos países do globo.

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Na saúde, lembremos a Covid-19. Nasceu na China, mas gradativamente foi se espalhando, para se tornar uma doença universal com consequências sérias, ceifando vidas e mais vidas. Sem contar com as sequelas que ainda não acabaram.

Na economia, o impedimento da guerra fez com que os navios com grãos saíssem da Ucrânia, o que complicou em muito a vida de muitos países.

No passado, quando o mundo árabe resolveu aumentar o barril de petróleo, o mundo inteiro teve um racionamento gigantesco e a economia mundial sofreu, o turismo ficou quase que paralisado, enfim o caos se instalou nos quatro cantos do planeta.

Marshall McLuhan, um educador canadense, mundialmente famoso, disse certa vez que o mundo seria uma aldeia global quando todos pudessem se comunicar com todos. Pois bem, nos últimos anos é isso que vimos ocorrer.

A internet possibilitou às pessoas falarem com o mundo tudo em qualquer lugar onde se esteja, com isso, a cultura de um país pôde ser vivida em várias partes do globo. O ocidente se orientalizou, o oriente se ocidentalizou.

A moda, a gastronomia, são de todos. O futebol, coisa tipicamente brasileira, acabou sendo objeto de interesse em times da Europa, por exemplo. As TVs oferecem campeonatos da Itália, Espanha, Inglaterra e o torcedor, antes somente voltado ao Brasil, se tornou telespectador assíduo. E apaixonado. Camisas de times estrangeiros são vistas pelas ruas na juventude de hoje e muitos sabem a escalação de times e a vida de jogadores internacionais.

Na tecnologia, nem se fala. Uma evolução acaba sendo passada para quem quiser pagar os royalties. A medicina avança na pesquisa internacional que acaba sendo nacionalizada por qualquer país, ou empresa, que deseja adquirir novos conhecimentos. E o comércio de serviços permeia por todos os continentes.

De fato, a aldeia global cada vez mais se solidifica.

Tudo isso é bom. É a globalização chegando a níveis impensáveis. A globalização é um fenômeno de integração econômica, social e cultural a nível mundial. É caracterizada pelo aumento dos fluxos de capitais, mercadorias, pessoas e informações, devido ao avanço tecnológico na comunicação e nos transportes.

Para os críticos, globalização pode ter vários problemas. Aumenta a desigualdade social, especialmente em países emergentes e menos desenvolvidos, possibilita o impacto ambiental, pode gerar desnacionalização, ajuda o declínio de línguas minoritárias.

Para os adeptos à globalização, entretanto, possibilita o aumento das trocas comerciais, acesso a novos mercados, facilidade de comunicação, viagens ou intercâmbios culturais, oportunidades de emprego.

Isto tudo sem contar que a globalização também pode facilitar os investimentos, aumentar a disponibilidade de meios para gerir empresas e governos, e permitir maiores e mais amplos tipos de financiamentos de dívidas fiscais e sobretudo a difusão da ciência.

Levando em conta o custo/benefício, no fundo, a globalização é boa quando feita com rigor ético.

Menos quando algo como o apagão da semana passada se instaura, porque uma empresa internacional, a CrowdStrike apontou um bug no software usado para testar seus produtos de segurança como o culpado pelo apagão cibernético da última sexta-feira (19), e travou 8,5 milhões de máquinas com Windows.

O problema fez voos serem cancelados, tirou emissoras de TV do ar e deixou aplicativos de bancos indisponíveis, entre outros problemas generalizados. O mundo ficou refém da tecnologia e a tecnologia tem dono. Governos possuem satélites em volta da Terra que podem inviabilizar um país.

Dos aproximadamente 10 mil satélites em órbita, Elon Musk possui 4,7 mil. Em abril deste ano, o governo do Brasil tinha 16 satélites e mais alguns de empresas privadas. O que pode o Brasil fazer em um conflito mundial?

Como tudo, o exagero é nocivo se não houver um mínimo de ética.

Portanto, o apagão serviu para mostrar a nós, brasileiros, como somos frágeis frente ao mundo. Esta dependência é crônica. Antigamente dependíamos dos produtos ingleses até para costurar nossas roupas; depois, foram os combustíveis, atualmente maquinário, sofisticado, tecnologia de ponta, armamento e evolução na medicina.

Enfim, somos reféns de países e de empresários como Elon Musk. Nossa luta é longa de modo a que possamos superar esta dependência.

Pelo que podemos ver, o povo brasileiro, com suor, vem lutando a cada dia para que o país melhore. Apenas a classe política tem que entender isso e parar de olhar para o próprio umbigo e conseguir ver mais à frente.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrantes cristão.

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