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O Brasil e a COP26
Após duas semanas, a COP 26 terminou em Glagow, no último dia 12.
Na carta final, temos o resumo do certame com as propostas analisadas e compromissos que os quase 200 países participantes assumiram.
Embora alguns especialistas afirmem que a COP ficou aquém da sua real possibilidade, já que todos esperavam um texto final com compromissos mais efetivos, mas houve alguns avanços.
Além dos trechos incluídos sobre os combustíveis fósseis, a COP26 finalizou o livro de regras do Acordo de Paris e os pontos que estavam em aberto, como o artigo 6º, que se refere ao mercado de carbono.
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Países se comprometeram com U$S 100 bilhões por ano até 2025 para financiar medidas para evitar o aumento da temperatura, mas, segundo ativistas e especialistas, o valor não está de fato na mesa.
O Brasil perdeu importância, no rol de países preocupados com a preservação do clima. No fundo, nosso país vive uma crise de credibilidade. O desmatamento da Amazônia é de conhecimento do mundo todo e no último dia da COP, aqui no Brasil, a mídia divulgava mais uma ação de desmatamento na floresta.
As matérias foram replicadas pelas agências internacionais, o que desmentiu tudo que o Ministro de Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse em seu discurso na COP.
E não só. No espaço reservado ao stand do Brasil, havia muitas inverdades sobre a atuação do governo federal em prol da melhoria climática, principalmente no diz respeito à preservação da Amazônia.
O que suscitou uma fala sobre o material apresentado pelo Brasil ao público em geral feita pela diretora Executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali: “Essa fantasia verde construída para a COP não para em pé – e faz minar a confiança no país em um momento onde o mundo todo precisa de soluções coletivas que se baseiam em confiança mútua”.
Agora é preciso aguardar as medidas do governo federal para saber se receberemos os investimentos que outros países vão receber com mais facilidade, uma vez que está difícil acreditar no Brasil, e que sua palavra dada na França não foi cumprida.
Fora do governo, a presença de jovens brasileiros teve boa representação no grupo da juventude, capitaneado pela ativista sueca Greta Thunberg que agiu nas ruas de Glasgow durante COP.
Ademais, o projeto dos jovens do mundo inteiro é continuar com manifestações em seus países, por isso, devemos nos preparar para ações de rua, as quais, em entrevista à imprensa, os jovens brasileiros prometeram cumprir.
O ponto alto da participação do Brasil na COP foi o discurso da brasileira Txai Suruí na abertura da COP, a única palestrante não governamental, que mencionou o assassinato daqueles que protegem a floresta, o que também repercutiu além da expectativa e desagradou o governo brasileiro.
Na sua fala recebemos uma informação que duvido tivéssemos sabido até aquele momento. Ela falou que sua tribo está ali, naquele lugar do país, há 6.000 anos! Estudos de arqueologia mostram isso.
Na verdade, não há como refutar a afirmação de que os índios foram os primeiros donos das nossas terras e toda e qualquer ação que implique na exterminação destes povos, ou qualquer ação que objetive a tomadas das terras que a eles pertencem será um roubo, e mais, dificultar a vida deles, impedindo-os de sobreviver corretamente, seria realmente um genocídio.
Sérgio Motti Trombelli é professor universitário
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