O mundo vai ter dono?

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O mundo vai ter dono?

Então, 20 de janeiro chegou e a posse tão aguardada de Trump aconteceu.

Se disserem que foi como imaginado, estão errados, foi além. Um misto de presidente e enviado de Deus se apresentou ao povo do mundo inteiro. Mais de uma vez, ele falou que, se Deus não permitiu que ele fosse morto pela bala que atingiu a sua orelha “é porque eu preciso cumprir uma missão”.

É sobre essa missão que ele monta toda a visão de futuro para os EUA, e para o mundo.

E isto inclui muita coisa. Desde ameaças de tomar o canal do Panamá à força, até mudar o nome geográfico de locais do globo, ou até comprar ilhas para manter o poder americano. Isto sem contar as ameaças de taxar em 100% produtos americanos a países que não fizerem o que ele deseja.

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O que Trump deseja é estabelecer uma nova ordem mundial, feita à imagem e semelhança do povo americano, e mais triste ainda, feita para atender às vontades do povo americano. É de fato uma ruptura na ordem universal que estamos tendo hoje.

Só que não é consensual como todas as demais que tivemos ao longo da história, mas sim, uma ordem que desrespeita os demais países em nome de uma supremacia estadunidense.

E ele espera conseguir, afinal ele assume a presidência americana mais forte do que nunca, preparado para implementar a transformação proposta por movimentos ultraconservadores e grupos de extrema direita.

Para se ter uma ideia, ele recrutou, até o momento, onze bilionários para compor seu próximo governo. A renda conjunta dos indicados é de pelo menos 452,8 bilhões de dólares, pouco mais que R$ 2,7 trilhões.

O seu governo vale mais que o PIB de 154 países. A fortuna dos indicados por Donald Trump é maior do que a produção anual individual de nações como Dinamarca, Chile, Portugal, Peru, Grécia, África do Sul, Colômbia, Iraque e Venezuela. Neste grupo, a fortuna de Elon Musk representa 94,4% do total.

Esta riqueza exacerbada de membros de governo preocupa. Os bilionários vão gerir a vida de milhões de habitantes dos EUA, e terão controle sobre a educação, comércio, pequenos negócios, entre outras atividades econômicas.

Mas não só. A ideologia americana de viver, valorizar e entender o mundo dos americanos, deverão ser modelo internacional e nesse sentido é que a ameaça de Trump caminha para a conquista de um sonho antigo do Tio Sam: ser a potência universal dominadora, como as civilizações antiguidade.

Fica claro no discurso de Trump que ele defende a paz, mas sob seus próprios termos, recorrendo, se necessário, ao poderio militar e econômico dos EUA. Seu lema é: “paz pela força”. O poder militar que os Estados Unidos possuem, pois o orçamento do governo americano nesta área é um dos maiores, se não o maior do mundo, agora com os novos bilionários, some-se ao bélico o poder econômico interno. O que significa dizer que não falta nada.

Para Marco Rubio, chanceler do governo empossado, o presidente Trump prometeu colocar o interesse americano no centro de sua administração, e não a preservação da ordem mundial.

O que significa dizer: a ordem mundial deve seguir o exemplo dos EUA. E aí, sem dúvida, o mundo poderá ter dono.

Não será fácil, afinal, para o mundo ter dono é necessário que os demais países concordem em se submeterem. Será que haverá pacificamente esta submissão?

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão.

Em tempo: peço desculpas aos leitores, porque eu havia prometido continuar o tema da semana passada, mas a posse de Donald Trump precisava ser comentada aqui. Semana que vem voltaremos ao tema “Que tempo é esse?”

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