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novembro

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Os eternos descontentes

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Crédito: Reprodução/internet

Existem pessoas que realmente nunca estão contentes com aquilo que possuem, ou conquistam.

As crianças geralmente são assim. Justamente porque elas não têm a maturidade suficiente para entender a vida. É comum uma criança ganhar no Natal um brinquedo que pediu, mas, ao sair na rua e encontrar outras crianças com brinquedos diferentes que atraiam a sua atenção, deixam de lado aquilo que ganharam e passam a desejar o que não possuem.

Mas, elas são crianças e seria lógico se imaginar que conforme fossem avançando na idade mais madura fossem corrigindo as suas indecisões. Pode-se afirmar que, com o tempo, a maioria das pessoas acabam entendendo que aquilo que possuem também tem valor.

— Leia também: Coluna – Notícias curtas pelo Brasil

Entretanto, isto não se aplica aos políticos, lamentavelmente. Parece que aqueles que entram na vida pública nunca estão satisfeitos com o que alcançaram, ou pelo menos a maioria deles. Nem bem conquistam um mandato, já se imaginam ocupando um outro espaço político, sempre mais elevado, mais importante, com mais visibilidade e mais facilidades.

Estamos vendo isto ocorrer aqui no estado de São Paulo. Um candidato a deputado federal que obtém uma vitória nas urnas, foi eleito para ser deputado e nada mais. Aliás, sua eleição se dá por conta de suas promessas, de suas lutas, das bandeiras que defende, ideias estas que encontram eco nos eleitores e, consequentemente, a resposta vêm nas urnas com os votos recebidos.

Contudo, muitos dos eleitos, ansiosos, e infantis como aquelas crianças as quais me referi no início desta matéria, praticamente se esquecem a que vieram. Isto é, se esquecem dos compromissos assumidos e que todos eles precisam ser entregues à população. Em suma, pesando apenas em si mesmos, o anseio de seus eleitores deixam de ser contemplados pelos políticos que eles elegeram.

Boulos, Ricardo Sales, Eduardo Bolsonaro, Tábata Amaral nem bem se elegeram e já estão falando em campanha para a prefeitura de São Paulo. Ser deputado, para todos eles, não é mais o que importa, tal qual aquela criança que obteve o presente de Natal e vê no presente de seu amigo algo melhor. Esses políticos são os infelizes com o que possuem, e cuja ambição se encontra na vida futura, no cargo melhor, e este se torna o seu objetivo de vida.

Devemos chamá-los de “os descontentes”. Muitos permanecem assim eternamente. Prefeitos que deixam a prefeitura para tentar o governo de seu estado; governadores que abandonam o mandato para disputarem a presidência, deputados que querem ser prefeitos de grandes capitais, enfim, querem ser o que não são e se esquecem de ser aquilo que realmente são.

Os eleitores deveriam ficar de olho nestes descontentes, porque se eleitos para um fim, abandonam seus eleitores e em qualquer mandato que conquistarem, estarão sempre à espreita na expectativa de buscar algo maior, e aí como ficam seus eleitores? Ora, eles que lasquem!

E mais, está ocorrendo agora. Gleisi Hoffman, presidente do PT, partido que ganhou o comando do Brasil com um discurso de centro esquerda, não está contente com seu “presentinho de Natal” e quer levar o PT, o Brasil e os brasileiros para um governo de esquerda. Não é esta a nossa índole. Quem sempre é um descontente com o que tem, nunca toma jeito mesmo.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante

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