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Os mesmos retalhos, a mesma colcha

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Embora a intenção fosse outra, como diz a canção de Morais Moreira, “Lá vem o Brasil descendo a ladeira” se presta para este momento político que vivemos. Descendo, descendo, descendo.

»» Leia também: Quem são os culpados?

E não é de hoje. Parece que as coisas não mudam nunca. O ontem é igual ao amanhã, e hoje? Nada de novo. Olhamos e a colcha de retalhos das ações do governo nunca acabam, isto é, vivemos produzindo os mesmos retalhos num repeteco de atitudes que não nos conduzem ao melhor amanhã que todos esperamos.

Assim, para provar, vamos a alguns retalhos de ontem e que se repetirão amanhã:
• Juízes aumentam valores de diárias e chegam a turbinar salários em mais de R$ 10 mil
O Brasil gastou 159,7 bilhões com o sistema de justiça, sendo que 82,2% foram, gastos com magistrados e servidores incluindo o Ministério público. A cifra chega a 1,6 %do PIB nacional, um recorde entre 53 países analisados e mais que os gastos da média internacional.
• STF pagou R$ 39 mil a seguranças em viagem de Toffoli à final da Champions League. Diárias foram pagas a funcionário por ida à Inglaterra; tribunal diz que viagens não atrapalham trabalho. E daí, não gastam, indevidamente.
• Pantanal registra mais de 90% de aumento nos focos de queimadas em 2024
Número de incêndios na região é o segundo maior dos últimos 15 anos, atrás apenas de 2020, mostram dados do Inpe. Para quem ia acabar com isso, não só nas promessas de campanha, mas em entrevistas internacionais, nosso governo está precisando de boas justificativas.
• ‘PEC das Praias’ pode beneficiar senadores que têm imóveis em área de marinha
Nove dos 81 senadores têm propriedade nessas condições, mas maioria nega desconforto em votar a proposta.
•Idoso tem aposentadoria suspensa no MA e descobre que ‘está morto’
Verifica-se efetiva falha do INSS ao suspender o benefício por suspeita de óbito quando já realizada a prova de vida.
• Major da FAB reage a assalto e é baleado em bairro nobre de São Paulo
Até quando a violência via imperar sem uma repressão eficaz.
• Vereador aliado de Nunes faz uso político em creches de kit escovação doado por empresa
Líder do MDB na Câmara não responde a questionamentos; Colgate diz vetar propósito pessoal e afirma que acionará entidade. Uma prática antiga de políticos que usam o poder para benefício próprio.
• Indígena demitida grávida invade palco de Luciano Huck e apela por olhar da Globo –
Foi possível ver em seu crachá que ela se chama Bekoy Tupinambá. Indignada desabafou: “Mas não é a minha história, é a história de 1% que são os indígenas hoje. Nós somos os donos dessa terra, mas nós não queremos invadir nem tomar terra de ninguém”.

E daria para enchermos mais e mais páginas com batatadas como estas. Mas temos que parar por aqui. É como disse, jamais conseguiremos fazer uma colcha que possa abrigar nosso povo contra a falta de emprego, a má saúde, a má educação, a corrupção, enfim a todas as coisas que a mídia traz diariamente.

E já que iniciei com um verso de música popular, vou terminar com um ditado, antigo e que talvez pouca gente conheça, mas exprime exatamente o atual, estado de coisas deste “patropi”.

O ditado é “Tudo como dantes, no quartel-general em Abrantes”. Um ditado popular que se traduz “tudo permanece sempre na mesma, sem alteração.”

É o Brasil, ainda sem colcha, mas com muitos retalhos.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão

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