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Polarização, isso não é bom

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A polarização política vem se tornando cada vez mais extremada, o diálogo cada vez mais difícil e a raiva contra aquele que pensa diferente cada vez mais frequente. E uma das coisas mais negativas para que consigamos alcançar este patamar de humanidade é a polarização.

Polarizar, isto é, pensar que de um lado, o seu, está o bem e o próximo, outro lado, está o mal. Esta postura se dá em grande parte na política, estamos vendo isso. Contudo vem surgindo uma cultura de polarização entre o bem e o mal que está invadindo outros segmentos da sociedade, basta ver que 500 ações de intolerância religiosa ocorreram só no 1º semestre deste ano.

— Leia também: Afinal, que mundo é este?

No caso das eleições deste ano, por conta das mensagens nas mídias digitais é que isto tem se acentuado e desta forma o ódio que elas despertam através de Fake News acaba, às vezes, em morte e agressões físicas exacerbadas pelo ódio entre os “de lá e os de cá”.

Instilar no povo a animosidade contra seus adversários sempre foi uma estratégia dos líderes políticos, mas esta prática se expandiu. Os novos meios de comunicação criaram a possibilidade de alcançar mais pessoas e potencializar cada vez mais seu ressentimento e sua raiva.

Os ‘influenciadores digitais’ logo aprenderam que os discursos de ódio, que canalizam o ressentimento e a raiva represados nas consciências, se difundiam facilmente e davam celebridade a quem os enunciava.

Daí, o desencanto com as condições socioeconômicas, comprometidas por uma sucessão de crises econômicas, e dos valores, gerando novas formas de pensar e de frustração. São discursos de largo alcance incapazes de dar respostas aos problemas da população, fomentam terreno férteis para desavenças das mais variadas matizes.

A agravante é que a polarização se tornou num hábito expandido da política, atingindo as diferentes áreas da sociedade como disse acima e acaba invadindo os corações humanos e lá depositando o ódio pelo diferente de si mesmo.

Aquilo que pacifica nosso coração é viver num âmbito de amor, terno e acolhedor, que se desenvolve não apenas em termos emocionais, mas se torna critério racional para olhar o mundo e discernir sobre o certo e o errado. Inversamente, quando nos abandonamos à raiva e ao ressentimento, nos afastamos desse âmbito de amor.

Já escrevi nesta coluna que falta uma nova legislação no mundo contemporâneo, afinal as lições do Cristo devem sempre ser usadas como prática, o que seria a forma da acertada de eliminar diferenças e aumentar a tolerância entre as pessoas.

Para os cristãos, a justa alternativa não é deixar de indignar-se, mas sempre ter em mente as lições dadas nos evangelhos que nos ensinam o que é fundamental saber perdoar, exercitar a ternura, em vez de acirrar a animosidade porque esta não leva a nada além de afastar os seres humanos uns dos outros.

Pode parecer ingênua uma postura como esta, mas é a partir dela que o cristianismo há vinte séculos ajuda a fazer um mundo melhor.

Viver é aceitar a convivência dos contrários, saber ver no outro as suas próprias necessidades, valores e defeitos. Somos imperfeitos e somente na convivência, respeitando as diferenças individuais, poderemos fazer uma sociedade mais humana, justa e pacífica.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante

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