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Praia Branca: História do Brasil, belezas naturais e surfe mundial
Mar bravo e limpo. Areia branca e macia. Em seu redor a Mata Atlântica, muito bem conservada. A vila caiçara Prainha Branca, tombada pelo Condephat em 1992, e localizada dentro da Área de Proteção Ambiental (APA), da Serra do Guararu, no rabo do dragão, em referência ao mapa da Cidade de Guarujá, é um reduto de história e beleza natural incrível.
Para visitar você tem duas opções (as mesmas dos moradores locais): através de barco pelo Mar, ou pela trilha, que fica na divisa de Guarujá com Bertioga. Essas são as únicas portas de entrada abertas para esse pequeno paraíso.
Nesta semana, convidada pelas equipes das secretarias municipais de Turismo (Setur) e de Meio Ambiente (Semam), acompanhei a visitação ao local, através da visita agendada dentro da programação da I Semana de Ecoturismo e Turismo Sustentável de Guarujá.
Na ocasião, o biólogo e professor Humberto Melo, da Seman, levou 12 jovens monitores, que trabalham nos Postos de Informações Turísticas (PITs) de Guarujá, para conhecerem e compreenderem a importância da história do território para o Brasil, e passar as informações aos turistas e munícipes, incentivando o roteiro ‘Caminhos da Mata’, alternativo às principais praias da Ilha de Santo Amaro.
— Leia também: Ecoturismo virou tendência de passeios na pandemia
Para ampliar o fornecimento de informações aos monitores municipais, a equipe da Semam contou com a ajuda da turismóloga caiçara, moradora da Praia Branca, Claudelice Oliveira Almeida. Hoje, ela é coordenadora de um grupo de monitores particulares, especializados na área da Serra do Guararu.
Na semana passada, a gente falou aqui sobre o resultado da pesquisa que comprovou a tendência para o turismo ecológico após a Pandemia do Novo Coronavírus, quando muitas pessoas buscam passeios mais isolados e ao ar livre para a diversão, com amigos ou em família.
Nesta semana, trago um pouco – muito pouco – dessa experiência, aqui em solo santamarense, na busca de também te incentivar a conhecer nossa riqueza natural, se encantar ou se estarrecer com a nossa história. Mas, lá, in loco, a experiência é única.
José de Anchieta tinha um dormitório na Vila da Praia Branca
A Ermida do Guaibê foi uma das primeiras igrejas no Brasil. Segundo a monitora Claudelice, há um estudo que visa comprovar se esta foi a primeira igreja do Brasil. Ela conta que Padre Anchieta usava o local para catequizar os índios. A pia, onde eram realizados os batismos, ainda está intacta entre as ruínas.
A coordenadora conta que sua mãe, na década de 50, ainda teve a oportunidade de frequentar missas nesta igreja. “Não faz tanto tempo que o lugar virou ruína. Meus pais e moradores da comunidade Prainha realizaram missas e batismos nesta igreja.
A construção da Igreja Ermida do Guaibê é de pedra com sambaquis e óleo de baleia com conchas. Os arcos da igreja se mantêm intactos proporcionando uma visão da antiga estrutura do local, ideal para estudiosos, arquitetos ou curiosos sobre a história do Brasil.
Uma escadaria de pedras dá acesso às ruínas, que mesmo tomada por plantas e limos, ainda mantém a energia do lugar.
Anchieta tinha um quarto na Ermida, onde passava seus dias a escrever seus poemas. “Anchieta foi o único cristão que estudou o Tupi Guarani, aqui ele se entrosava com os indígenas”, relatou a coordenadora.
Território de Guarujá foi marco econômico do Brasil colonial
Foi aqui, na Ilha de Santo Amaro, que Portugal autorizou a primeira indústria extrativista do Brasil, no fim do período colonial. Difícil pensar em um tempo em que óleo de baleia era destinado à iluminação pública da Baixada Santista e de São Paulo, à calefação de embarcações e à fabricação de betume para a construção civil.
Conferências mundiais sobre o clima discutem há anos, sobre a substituição dos combustíveis fósseis por energias livres de carbono. Mas, fazendo aqui o papel de advogada do diabo, é fato que o surgimento do petróleo, no século 19, que libera carbono na atmosfera e aumenta o aquecimento global, foi a melhor notícia que ambientalistas poderiam ouvir em séculos.
Possibilitou que a humanidade deixasse de depender de animais para obter energia.
Na época em que a Armação das Baleias tinha o maior potencial econômico, em meados de 1820, as baleias trilhavam o caminho da extinção. Cerca de 50 mil eram caçadas por ano. A Armação das Baleias serviu durante 77 anos para área industrial.
No livro ‘Como Chegamos Até Aqui’, o escritor Steven Johnson diz que “uma das mais extraordinárias criaturas do oceano foi poupada porque os seres humanos descobriram depósitos de plantas fósseis abaixo da superfície da terra”.
É lógico, não dá para negar, que o petróleo também tem consequências negativas para a natureza. Mas, como quase tudo na história, sua descoberta não foi inteiramente boa. Nem inteiramente ruim.
Surfista Deivid Silva leva nome da Praia Branca ao surfe mundial
Quem chega na Prainha Branca para fazer uma expedição das belezas naturais e históricas, já passou pela trilha de nível médio, com uma caminhada com cerca de 30 minutos da estrada Guarujá-Bertioga até o vilarejo.
Hoje com 400 moradores, a rotina do bairro não é nada fácil para quem precisa se deslocar para o centro da cidade.
Não há supermercados, bancos ou correio. Dependem da trilha ou barco para o acesso ao centro de Guarujá ou à cidade de Bertioga, que pela localização, muitos moradores preferem para seus afazeres cotidianos.
E, com todo esse isolamento, um de seus moradores rompeu a barreira caiçara para ganhar o mundo: Deivid Silva, hoje parte da nata do surfe brasileiro no mundo, o Brasilian Storm.
O jovem Deivid já garantiu a sua participação no WSL Challenger Series 2021, e entre os oito que garantiram suas permanências pelo ranking das sete etapas do Mundial, ao lado do agora tricampeão mundial Gabriel Medina e o novo vice-campeão mundial Filipe Toledo, de Italo Ferreira, entre outros.
Quem visita a Praia Branca pode visitar o espaço que Deivid criou para a exposição de seus troféus, que fica em um dos quartos da casa de seus pais, caiçaras nativos da Praia Branca.
SERVIÇOS
Caminhos da Mata (Semam) – Você pode agendar o seu passeio, gratuitamente, pelo roteiro ‘Rabo do Dragão’, desenvolvido pela Prefeitura de Guarujá. O agendamento deve ser feito com agendamento prévio de 30 dias para o passeio, para grupos de 14 a 18 pessoas.
Os passeios seguem os protocolos contra a COVID-19, com número de pessoas limitado, distanciando e uso de máscaras.
Contato:
semamguaruja@hotmail.com
caminhosdamata@hotmail.com
Logi Turismo (empresa particular)
www.logiturismo.com.br
Informações: (13) 9-9751-7401/ (13) 9-8210-1417
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