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Guarujá em Foco

Presidente do Conselho do Direito da Mulher destaca desafios nas políticas públicas

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Dia 8 de Março – Dia Internacional da Mulher
O nome comum a tantas mulheres, que adjetiva outras tantas, é nome próprio na Igreja e, também, substantivo feminino plural. Afinal, quantas Marias você conhece?

Por Marina Cavalcante

ENTREVISTA

Geane Maria da Silva – Presidente do Conselho Municipal do Direito da Mulher

Educadora, mãe de três filhos, sindicalista e ainda motorista de aplicativo, Geane Maria da Silva, de 45 anos inicia seu segundo mandato na presidência do Conselho Municipal do Direito das Mulheres (CMDM).

Entre uma corrida e outra, a conselheira enumera os benefícios de cada atividade exercida e salienta o caminho percorrido na esfera sindical, quando teve a oportunidade de estar com outras mulheres, servidoras, em busca dos seus direitos na educação.
Foi nesta ocasião, no ano de 2017, que ingressou no órgão como conselheira suplente. “Oportunidade que ampliou minha visão para outras pautas”, salienta.

»» Leia também: Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres toma posse em Guarujá

No presente, a principal demanda do CMDM é a aprovação e implantação do Plano Municipal de Políticas Públicas para Mulheres. O objetivo é perseguido por 44 mulheres.

Dessas, 22 conselheiras titulares entre representantes do poder público e sociedade civil, além de 22 suplentes, cuja liderança ressalta a importância da construção coletiva.

Acúmulo de função

“Somos criadas sob a máxima de que temos habilidades suficientes para dar conta de todas as tarefas que acumulamos. Mas tenho refletido a este respeito, essencialmente diante do fato de que quando não conseguimos dar conta. Nos frustramos, o que acarreta uma sobrecarga emocional que abala nossa saúde mental”, reflete.

E acrescenta: “Penso que haja uma cobrança social para esta situação. E no mundo corporativo esta situação tem nome: trata-se de acúmulo de função. Nós acumulamos funções com tal naturalidade que não percebemos o quanto nos afeta”.

“Com maturidade e apoio de outras mulheres, desenvolvi inteligência emocional para lidar com estas frustrações e, também, para limitar cada atuação de forma a garantir minha saúde mental e assim, ajudar outras mulheres neste processo”, conclui Geane.

Violência

A presidente do CMDM enfatiza ainda que o papel do CMDM, qual seja pela participação plena da mulher na sociedade, na cultura, na educação, no trabalho, há uma discussão recorrente que gira em torno da violência contra a mulher. “Parece uma pauta única, o combate à violência contra as mulheres”, pontua.

Ela cita o período de pandemia do coronavírus, vivido há quatro anos, como um marco que descortinou a violência doméstica exposta no noticiário e o feminicídio que lidera as trends nas mídias sociais.
“Parece redundante falar de violência doméstica e feminicídio, mas é triste: com tantos assuntos a serem discutidos, a mulher ainda tem que lutar por sua sobrevivência em casa e nas ruas”, enfatiza.

Representatividade

“O dever de cuidar é inerente a mulher e quando a gente fala de ampliação de direitos é necessário garantir o exercício dos direitos básicos, para depois pensar em ampliar os direitos”, aponta.
Geane cita o Art 5º, da Constituição Federal que versa sobre o direito de ir e vir, em tempos de paz. E questiona “Será que temos mesmo estes direitos garantidos?”

Também explica que para garantia da representatividade no conselho foram realizadas algumas alterações no regimento, de forma a garantir a participação de toda a população de mulheres.
A medida despertou o interesse de diversos segmentos que ainda não se sentiram representados. Há compromisso desta gestão para realizar a alteração e ampliação do regimento de forma a contemplar estas demandas.

Mundo sindical

A despeito do mundo sindical ser essencialmente composto por homens, a sindicalista diz sentir-se privilegiada em relação a representatividade sindical.

“Pertenço a um sindicato que foi construído por uma mulher, a Maria Inês de Moura Cesar e, por muito tempo, foi presidido por uma mulher, a Marcia Rute Daniel Augusto”, ressalta.
“Hoje a entidade sindical (Sindserv Guarujá) tem o professor Zoel à frente e, na diretoria executiva, há outras mulheres com espaço de fala. O que não reflete a realidade da maioria dos sindicatos e federações. Precisamos pensar na construção de políticas com paridade de representação”.

“Na verdade, já passou da hora, não só da política sindical como na política partidária, as cadeiras deveriam ser paritárias. Seria mais justo”, conclui.

Política partidária

“Não dá para sermos candidatas laranja, para que o partido cumpra cota e não invista nestas candidatas. Precisamos trazer essas mulheres para formação política. Os partidos precisam investir, tornando viáveis as candidaturas femininas. Não admitimos ser massa de manobra dentro dos partidos”, afirma.

A conselheira diz que é necessário que haja investimento em campanhas educativas para a população, pelo voto de qualidade. E contesta a máxima de que mulher deve votar em mulher, ressalvando que nem todas as candidatas mulheres representam suas eleitoras, tais como senadoras e deputadas eleitas, que não defendem pautas femininas.

Segundo a educadora, todas as políticas públicas de saúde e assistência social partiram da luta de mulheres. “Embora muitas das leis que versam sobre estes temas e benefícios não tenham sido sancionadas por mulheres”.

“Por que temos estes posicionamentos para melhoria de uma população e não estamos ocupando os lugares de poder para sancionar estas leis? Precisamos refletir sobre isso e este 8 de março, se configura uma excelente oportunidade para esta reflexão”, conclui.

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