Que tempo é esse?

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Que tempo é esse?

O ser humano é uma totalidade unificada, um “todo espiritual” e um “todo corpóreo”, tanto que não existe fenômeno corpóreo que não tenha um reflexo no espírito, nem experiência espiritual que não se reflita no corpo. O corpo participa, de maneira imprescindível, na atuação do eu espiritual e vice-versa.

Os corpos são mutáveis, trocados, nascem e morrem. Mas o espírito é imortal. Qual é o contrário de morrer? Enganam-se os que pensam que é viver. Não é, porque o espírito não morre.

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O contrário de morrer é nascer. E como o espírito é imortal, seu principal atributo para o corpo é fazê-lo existir. E com tudo aquilo que o existir proporciona, evolução, sabedoria, felicidade, aprimoramento, enfim o que conhecemos quando estamos vivos.

Na busca da diversidade das experiências a serem vividas, os espíritos reencarnam para uma sucessão de vivências mais abrangente possíveis. Assim, reencarnam em raças diferentes, lugares diferentes e em tempos diferentes.

Mas o espírito terá sempre a mesma ancestralidade, isto é, projeção da mente criativa de Deus. O espírito humano é um viajante que vestirá roupagem das raças, meios e tempos históricos em cada instante de sua encarnação.

Uma vez brasileiro, outra alemão, outra asiático, negro, índio, branco… Da mesma forma, o meio muda e nos reencarnamos num país, ou outro; um hemisfério ou outro. Mas o momento histórico nunca é igual, porque o tempo, é feito da sucessão de momentos que passam.

Este é quem nos ajuda a evoluir e preenche os vazios entre nossas encarnações. O tempo nos ajuda a ampliar a sabedoria através da vivência de cada vida no fio temporal da existência.

Podemos ter a mesma ancestralidade e o mesmo meio, mas a dinâmica da evolução da alma se dá no tempo em que ela está vivendo, no momento histórico, mais precisamente no agora.

Então, perguntamos: que momento é esse que estamos vivendo?

Em outras palavras, qual é a nossa contemporaneidade? O que ela exige de nós? No que podemos contribuir para ela? Quais os sonhos possíveis hoje? Quais as impossibilidades? Quais os valores que são buscados no tempo presente? O que é ser uma pessoa – corpo e alma – de agora? Podemos fugir do que não gostamos? Nem sempre. Podemos nos esquivar do que não presta? Quase sempre.

Qual a nossa força espiritual para este mundo que nos rodeia, nos determina, nos aprisiona, nos faz ser o que ele deseja? Podemos vencer o sentimento de manada? Isto é, você pode ser diferente da multidão entorpecida?

As ironias humanas são inúmeras. O ser humano, usando da sua liberdade, fez as leis que lhe tolhem a liberdade. O ser humano, para viver, buscou o outro como amigo, e hoje vê no outro um competidor, e até um inimigo. Buscou o convívio e hoje está cada vez mais vivendo sozinho.
O ser humano é um espírito imortal, mas, se pudesse, imortalizaria o corpo. Afinal, a vida é tão boa!

Tudo isso está no agora que vivemos. O tempo de hoje é único. Como podemos viver bem nele? Muitas vezes nos sentirmos desorientados, sem saber o caminho, os passos, as companhias da caminhada. Uma filosofia, uma doutrina, a ciência, enfim, algo que possa garantir nossas ações e nos dar segurança.

Lamentamos e ficamos às voltas com reminiscências “antes era tudo diferente”. Era sim. Então, fomos pegos de surpresa? Mais ou menos. O que nos impuseram para que isso fosse assim? Sem resposta. A pergunta correta é “o que nós deixamos de fazer? E somente uma resposta é correta: “não nos preparamos para nosso tempo”.

A vida nos leva num turbilhão de emoções, e nós, acreditando que seremos sempre capazes ter à mão esta alegria de viver que o tempo moderno nos oferece, vamos de roldão e sobressalto achando que tudo, vai bem. Mas não.

Há instantes que paramos e não nos encontramos mais, porque nos falta algo muito maior, mais importante do que a vida que apenas nos dá prazer momentâneo. Há um vazio existencial que nenhum dinheiro, nenhuma balada, carro, aventura, amores vãos, sexo desmedido podem nos proporcionar. E aí, então, então, então, o quê?

A vida que se vive não é somente a materialidade que temos, mas a espiritualidade que carregamos. Sem espiritualidade não estamos preparados para viver a vida.
(Continua na próxima coluna)

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante cristão

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