Guarujá em Foco
Reciclagem em Guarujá: avanços, desafios e o futuro da sustentabilidade
Cidade investe na coleta seletiva de vidro, mas especialistas apontam necessidade de ampliar iniciativas
Marina Cavalcante
Da Reportagem
A coleta seletiva é um desafio em muitas cidades brasileiras. Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2023 (Munic), realizada pelo IBGE, 60,5% dos municípios do Brasil possuem algum serviço de coleta seletiva. Apesar desse avanço, a implementação ainda enfrenta desigualdades regionais e carências estruturais, sobretudo no Norte e Nordeste.
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A Política Nacional de Resíduos Sólidos também prevê a responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e cidadãos na gestão dos resíduos e exige que os municípios implementem sistemas de coleta seletiva, promovendo a educação ambiental para a conscientização da população sobre a importância de separar corretamente o lixo.
Em Guarujá, o programa de coleta seletiva de vidro representa um passo significativo, mas também evidencia a necessidade de melhorias. Desde 2023, a cidade instalou 73 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), com foco no vidro, especialmente em áreas de grande circulação como as praias.
Deste montante, 26 são exclusivos para a coleta seletiva de vidro, que é realizada pela empresa Massfix uma vez por mês ou quando os equipamentos estão cheios, somando uma média mensal de sete toneladas de resíduos que são transformados em recipientes novos para revenda à indústria.
O serviço integra o projeto ‘Vidro Vira Vidro’, uma parceria do Município também com a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) e a Verallia. Já os demais PEVs, que recebem materiais como plástico, metal e papelão, são atendidos por três cooperativas, sendo duas contratadas pela municipalidade.
A média de coleta é 45 toneladas mensais e os vidros são devidamente separados e revendidos às empresas responsáveis pela logística reversa.
No entanto, os PEVs enfrentam desafios logísticos e estruturais. Bruno Tacon, engenheiro e especialista em sustentabilidade, aponta que essas ações precisam fazer parte de um plano mais amplo.
“Sem um plano de gerenciamento de resíduos sólidos e mais cooperativas envolvidas, os PEVs podem se tornar um problema em vez de solução. É necessário integrar educação ambiental e ampliar a rede de apoio,” alerta Tacon.
Como funciona o ciclo do vidro?
O vidro é um dos materiais mais sustentáveis, pois pode ser reciclado infinitamente. O ciclo passa por etapas que incluem coleta, limpeza, trituração, reciclagem e redistribuição como novas embalagens.
Apesar disso, itens como lâmpadas, espelhos e cristais não são aceitos nos PEVs, o que reforça a opinião de outros ambientalistas ouvidos pela reportagem, que destacaram a importância da educação ambiental contínua para evitar descartes inadequados.
Avanços e exemplos nacionais
Além das ações locais, o Brasil busca inspiração em eventos como a Virada Sustentável, que mobiliza a sociedade em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Iniciativas como essas destacam que soluções eficazes dependem da colaboração entre governo, empresas e cidadãos.
Os especialistas ouvidos para esta reportagem, agentes ambientais que atuam na prefeitura e em entidades de proteção da cidade, destacam pontos a melhorar em Guarujá. São eles:
-Adoção de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para integrar as iniciativas existentes.
-Ampliação da rede de cooperativas e apoio ao trabalho dos catadores.
-Educação ambiental constante para incentivar a separação correta do lixo.
Com ações mais abrangentes, Guarujá pode se consolidar como um modelo de reciclagem e sustentabilidade, promovendo uma economia circular que beneficia tanto o meio ambiente quanto a sociedade.
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